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Agência Estado

Guia para tempos de incerteza

Anos eleitorais requerem profissionalismo e sangue-frio para enfrentar volatilidades, e prudência é a chave para enfrentar a incerteza

Favela e prédios de luxo em SP

Nenhum país sobrevive, em regime democrático, com tamanhas desigualdades | Foto: Getty Images

Concluí a minha coluna passada dizendo que estamos em um ano parecido com o de 1942, quando não se sabia quem ia ganhar a guerra, mas se tinha certeza de que aqueles seriam tempos complicados. Prosseguindo do ponto em que parei, faço aqui uma reflexão sobre como podemos atravessar este ano cheio de incertezas, que provocam muita volatilidade.

A volatilidade, termo usado no mercado financeiro, refere-se às oscilações agudas ocorridas nos índices de câmbio, nos juros e na bolsa, entre outros itens. Por ser “assunto de rico”, muitos não se interessam pelo tema e por isso não se dão conta de como a volatilidade prejudica o país. Em especial, os mais pobres. A volatilidade destrói ativos e paralisa investimentos. Que fazer?

Em tempos de incerteza, prudência é a palavra-chave. Não se deve correr riscos desnecessários e movimentos financeiros devem ser bem avaliados. Questões que já parecem duvidosas em tempos estáveis podem ficar ainda mais duvidosas em um ambiente de volatilidade. Por outro lado, tempos de volatilidade são também tempos de grandes oportunidades. Muitos, porém, não têm “estômago” para assistir às oscilações e se impressionam com o que dizem as manchetes dos jornais.

A segunda recomendação: lembrar que nem tudo que balança cai. Ou seja, o Brasil vai viver tempos de volatilidade, mas alguns de seus fundamentos permanecem espetaculares e o país continua a oferecer oportunidades muito boas de investimento. Passadas as eleições, a nebulosidade vai se dissipar. O cenário não será o ideal, mas estará longe de ser trágico, seja quem for eleito presidente em outubro deste ano.

Olhar os fundamentos do Brasil de forma racional é crucial. Se compararmos, por exemplo, com 2002, os fundamentos do país hoje são incrivelmente melhores. Contamos com reservas robustas, temos gerado superávit no comércio exterior, implantamos um amplo programa de concessões e privatizações, nossas safras agrícolas crescem consistentemente, estamos promovendo uma significativa oferta de serviços financeiros e fortalecendo o cooperativismo, entre outros avanços.

A terceira recomendação é a de refletir sobre agendas e temas propostos para a eleição. O ex-governador Carlos Lacerda dizia que é preciso ter cuidado com os políticos que só trazem boas notícias. Eu acrescento que devemos ter cuidado com os políticos que não reconhecem qualidades nos outros. O Brasil, mesmo longe de ser um país ideal, está construindo uma nação e uma economia que podem continuar avançando positivamente. Todos os últimos presidentes eleitos, com seus defeitos e suas virtudes, de alguma maneira agregaram aspectos positivos a essa construção.

A quarta e óbvia recomendação é para quem investe. Anos eleitorais requerem profissionalismo e sangue-frio. Momento em que os profissionais são sobretudo essenciais para o investidor.

Por fim, cabe ao eleitor cobrar que os aperfeiçoamentos prossigam e não perder de vista que, mais importante do que a disputa pelo poder, é o fato de o país ter problemas graves que precisam ser resolvidos. Sobretudo no que tange à desigualdade. Esta é, sem dúvida, a causa da maior incerteza com relação ao nosso futuro. Nenhum país sobrevive, em um regime democrático, com tamanhas desigualdades.


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