As bases do que conhecemos hoje como Sistema Financeiro Nacional (SFN) foram lançadas no início do século XVII, com a chegada da corte portuguesa e a criação do primeiro banco no Brasil. Com o passar dos anos, outros bancos públicos e privados foram surgindo.
O primeiro grande salto de progresso nos sistemas financeiros no mundo, e no Brasil inclusive, aconteceu após a Segunda Guerra com a criação de importantes instituições como Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Especificamente no cenário brasileiro, o Plano Real, com a estabilização da moeda e os avanços em produtos e serviços financeiros, como o PIX, mais recentemente, deram um novo impulso na maneira como as pessoas e empresas se relacionam com os meios financeiros.
Um sinal positivo dessa evolução é o número de pessoas físicas com algum relacionamento formal com o sistema financeiro no Brasil. Esse contingente deve ultrapassar, ainda em março de 2022, a marca de 183 milhões de pessoas. Romper essa barreira é mais um passo para ampliar a democratização do acesso a serviços bancários pela população e linhas de crédito.
A ampla disponibilidade de serviços financeiros básicos é um pilar de extrema importância para o desenvolvimento de uma sociedade moderna e empreendedora. Em países como os Estados Unidos e outras economias de grande porte, o acesso a canais de crédito, principalmente as opções voltadas aos pequenos negócios, têm contribuído para a geração de emprego e renda, reduzindo vulnerabilidades.
Infelizmente, a maioria dos não bancarizados vive em países em desenvolvimento e mais da metade são mulheres, segundo dados do Banco Mundial. Mas, apesar dos desafios enfrentados no ambiente econômico brasileiro na última década, transformações em tecnologia, produtos e modelos de negócios levaram o país a expandir o atendimento a porções significativas da população com inclusão financeira.
Segundo dados do Banco Central, em fevereiro de 2012 havia 122,4 milhões de pessoas com pelo menos uma conta bancária. Uma década depois, em fevereiro de 2022, esse contingente alcançou a marca de 182,9 milhões de CPFs na base ativa das instituições financeiras.
Um desafio ainda relevante na inclusão financeira no Brasil segue sendo a falta de hábito de poupar. Isso se dá pela escassez de recursos, de uma fonte de renda, como emprego confiável e constante, um ambiente macroeconômico mais estável, ou pela ausência de formação financeira básica.
Essa deficiência poderia ser atacada com programas voltados para ensino de educação financeira nas escolas, auxiliando na construção de hábitos saudáveis na gestão das finanças, aliada ao consumo consciente.
Traduzir o economês se faz necessário, com novas abordagens que facilitem a compreensão e a importância do tema para a vida. Diversas iniciativas realizadas com alunos de escolas públicas nos Estados Unidos e na União Europeia apontam que a educação financeira precisa ser simples e adaptada às necessidades e situações reais das pessoas. Isso torna o aprendizado prazeroso e entrega valor a todos os que estão prontos para aprender.
Nesse processo de cidadania financeira, à medida que é fornecida à população capacidade de aproveitar a renda passada, via poupança e investimentos, expectativas de receitas futuras, por meio de acesso facilitado ao crédito para investimento em geração de renda, ou até para lidar com perdas, via opções de seguros, as famílias podem estar mais preparadas para enfrentar possíveis impactos durante crises financeiras, pandemias, conflitos e qualquer outro imprevisto.