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Lina Nakata

A evasão das pessoas: as expectativas dos jovens com o trabalho

As empresas têm perdido as oportunidades de manter seus melhores talentos, e substituir pessoas sai sempre mais caro, em todos os sentidos

Emprego jovens

Ao olharem somente para as suas próprias expectativas, empresas deixam escapar possibilidades e necessidades específicas dos grupos mais jovens | Foto: Getty Images

Diversos levantamentos têm apontado que as pessoas têm deixado o seu trabalho, mesmo sem ter algo em vista para dar continuidade na carreira. Por que isso acontece, principalmente entre os mais jovens? Seria uma falta de responsabilidade ou de interesse? Pior que isso, as empresas não têm sido atraentes o suficiente para manter seus próprios colaboradores.

Nos últimos meses, está sendo observado um movimento de saída de colaboradores, que muitas vezes não têm um plano B, mas preferem valorizar sua saúde mental e buscar maior equilíbrio nas suas vidas, com maior correspondência às suas crenças. As pessoas têm sido também bastante assediadas no mercado de trabalho, mostrando que não precisam depender totalmente da sua atual empregadora.

Vamos falar mais disso. De acordo com os dados da pesquisa FEEx – FIA Employee Experience, na edição de 2022, que contou com mais de 188 mil respondentes – todos colaboradores de mais de 400 empresas participantes – das 27 unidades federativas: nos últimos seis meses, 39% das pessoas receberam convite para participar de pelo menos um processo seletivo em outra organização e não aceitaram. Inclusive, 6% se candidataram a uma vaga de emprego em outra empresa, mas não foram chamados, nesse mesmo período. Para o pessoal que tem em torno dos 20 anos de idade, esse percentual é 25% maior.

O que os funcionários mais jovens buscam: na pesquisa FEEx, quando perguntados sobre o que os atrai, eles alegam majoritariamente que são as oportunidades de aprendizado (35% de todo esse grupo), sendo um número 2,9 vezes maior do que para os funcionários 50+. Na mesma intensidade, os mais jovens também querem ter perspectivas de crescimento de carreira no futuro. Em terceiro lugar, entendem que há uma necessidade de trabalhar, indicando um vínculo menos fortalecido com a empesa, e também se importam com a reputação da marca da empresa.

Quando questionados sobre o motivo de permanecerem na empresa em que se encontram, o pessoal mais jovem, na faixa dos 20 anos de idade, entende que essencialmente (47% do total cada) por crescimento e oportunidades de desenvolvimento. São valores quase o triplo dos grupos mais velhos nas empresas. Isso pode mostrar que as empresas talvez não visualizem as necessidades específicas dos grupos mais jovens, pois se olharem somente para as suas próprias expectativas, estão deixando escapar essas possibilidades.

Ao atenderem insuficientemente o que os mais jovens buscam, vamos encontrando maior evasão desse pessoal do mercado de trabalho, que acabam se iludindo dos seus objetivos. A pesquisa FEEx também aponta que a chance de alguém com 20 anos sair da empresa (intenção de saída declarada) em menos de um ano é 5,5 vezes maior do que alguém com mais de 50 anos de idade.

Fica o alerta para que os gestores, de uma forma geral, possam se aproximar de suas equipes, compreendendo suas expectativas e sonhos, conversando sobre seu desenvolvimento pessoal e profissional, a fim de encontrar soluções em conjunto. As empresas têm perdido as oportunidades de manter seus melhores talentos, e substituir pessoas sai sempre mais caro, em todos os sentidos.

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Professora e pesquisadora da FIA Business School, co-presidente da Professional Women Network (PWN-SP), diretora de marketing da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração e diretora de carreiras da Sempre FEA. Leciona também na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Insper, ESEG e Uneed.

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