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Eduardo Yuki

O rumo dos juros nos EUA e no Brasil

Federal Reserve deve cortar os juros apenas no segundo semestre; no Brasil, o Comitê de Política Monetária pode retomar cortes apenas em 2025

A economia mundial apresenta sinais de arrefecimento, conforme esperado pelo fim dos estímulos fiscais e aumento da taxa de juros nos últimos anos.

Nos EUA, o consumo das famílias a preços constantes cresceu apenas 0,4% ao longo desse ano, o que representa uma expansão média de apenas 0,1% ao mês. Esse desempenho reflete o modesto aumento da renda disponível para consumo em 0,3% acumulado nos últimos quatro meses e a retração do saldo de crédito bancário.

Assim, as encomendas desaceleraram e a demanda por novos trabalhadores apresentou pequena queda, especialmente com a redução das vagas em aberto.

O ajuste gradual do mercado de trabalho tem colaborado para o menor ritmo de crescimento dos salários e, consequentemente, para a redução das pressões inflacionárias.

O deflator do consumo, excluindo alimentação e energia, voltou a arrefecer em abril e acumulou alta de 2,8% nos últimos doze meses, ante 4,8% há um ano.

Assim, mantemos a expectativa de que o FED iniciará o ciclo de redução da taxa de juros no segundo semestre. Em contraste com a evolução da inflação recente, as expectativas de inflação do consenso dos economistas divulgadas pelo Relatório Focus subiram nas últimas semanas, refletindo incertezas externas e internas.

Essas expectativas são um importante insumo para as projeções de inflação da autoridade monetária. Na última reunião do Copom, a projeção de inflação do Banco Central do Brasil (BCB) para 2025 subiu para 3,3%, considerando a hipótese de que a taxa Selic encerraria 2024 em 9,63% a.a..

Após esse comitê, ocorreu mais um movimento altista das expectativas dos economistas, o que pode ter elevado mais um pouco a projeção de inflação da autoridade monetária, com reflexo na trajetória de juros de sua preferência, o que restringe o espaço para cortes da Selic nas próximas reuniões do Copom.

Assim, não obstante a Selic estar em terreno restritivo, alteramos nossa expectativa para apenas mais uma redução da taxa Selic nesse ano, na ausência de mudanças nas expectativas do Focus ou sinalização do BCB, deixando-a em 10,25% no final de 2024.

O BCB poderá voltar a cortar a Selic após um período de pausa, possivelmente na esteira do eventual relaxamento da política monetária americana e na ausência de efeitos mais profundos ou persistentes do desastre no Rio Grande do Sul sobre a inflação, mas isso talvez só aconteça no ano que vem.

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Eduardo Yuki é Superintendente Executivo de Economia do Banco Safra. Atua há mais de vinte anos no mercado financeiro. Possui mestrado em Teoria Econômica pela Faculdade de Economia e Administração (FEA), da USP.

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