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Eduardo Yuki

Juros só voltam a cair no Brasil em 2025

Patamar ainda restritivo dos juros e o endereçamento dessas incertezas possibilitarão a retomada gradual do ciclo de corte de juros no próximo ano

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O PIB real deverá crescer cerca de 2,5% nesse ano, beneficiado pela expansão do consumo das famílias | Foto: Getty Images

No Brasil, o elevado superávit comercial, em torno de US$ 95 bilhões no acumulado nos últimos doze meses, reflete o aumento da nossa capacidade de produção, especialmente de commodities agrícolas e energéticas.

Já levando em conta a anunciada reclassificação de criptoativos no balanço de pagamentos, a conta corrente apresentou déficit de 1,1% do PIB nos últimos doze meses, patamar historicamente confortável.

O PIB real deverá crescer cerca de 2,5% nesse ano, beneficiado pela expansão do consumo das famílias, que ocorre com os ganhos de poder de compra gerados pela desinflação, a ampliação gradual do crédito e a resiliência do mercado de trabalho.

O investimento também deverá expandir em torno de 3,0%, conforme a recuperação da confiança dos empresáriosnos últimos meses.

Os custos de produção continuam comportados, suportando o processo desinflacionário. A média dos núcleos da inflação, com ajuste sazonal e anualizada, ficou apenas em 3,2% nos últimos três meses, patamar compatível com o centro da meta.

Aumentamos a expectativa para a inflação de alimentos e, consequentemente, revisamos nossa projeção de IPCA deste ano para 3,8%. O resultado fiscal primário acumulou déficit de R$ 280 bilhões nos últimos doze meses, patamar elevado.

No entanto, é preciso qualificar que esse número inclui despesas pontuais que devem desaparecer na métrica 12 meses no final desse ano, especialmente o pagamento em dezembro do ano passado de precatórios extraordinários e a compensação aos estados e municípios pela alteração no ICMS em 2022.

Assim, excluindo essas despesas pontuais e inserindo nossa expectativa de arrecadação adicional com as medidas anunciadas no ano passado, além de um contingenciamento de despesas, estimamos déficit primário de R$ 88 bi (0,8% do PIB) nesse ano.

As incertezas externas e domésticas têm gerado uma desvalorização da nossa taxa de câmbio e elevado as expectativas de inflação do consenso dos economistas.

Nesse ambiente, o Banco Central do Brasil decidiu interromper o ciclo de queda da taxa Selic, mantendo-a em 10,50%a.a.. O patamar ainda restritivo da taxa de juros e o endereçamento dessas incertezas possibilitarão a retomada gradual do ciclo de corte de juros no próximo ano.

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Eduardo Yuki é Superintendente Executivo de Economia do Banco Safra. Atua há mais de vinte anos no mercado financeiro. Possui mestrado em Teoria Econômica pela Faculdade de Economia e Administração (FEA), da USP.

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