No Brasil, o elevado superávit comercial, em torno de US$ 95 bilhões no acumulado nos últimos doze meses, reflete o aumento da nossa capacidade de produção, especialmente de commodities agrícolas e energéticas.
Já levando em conta a anunciada reclassificação de criptoativos no balanço de pagamentos, a conta corrente apresentou déficit de 1,1% do PIB nos últimos doze meses, patamar historicamente confortável.
O PIB real deverá crescer cerca de 2,5% nesse ano, beneficiado pela expansão do consumo das famílias, que ocorre com os ganhos de poder de compra gerados pela desinflação, a ampliação gradual do crédito e a resiliência do mercado de trabalho.
O investimento também deverá expandir em torno de 3,0%, conforme a recuperação da confiança dos empresáriosnos últimos meses.
Os custos de produção continuam comportados, suportando o processo desinflacionário. A média dos núcleos da inflação, com ajuste sazonal e anualizada, ficou apenas em 3,2% nos últimos três meses, patamar compatível com o centro da meta.
Aumentamos a expectativa para a inflação de alimentos e, consequentemente, revisamos nossa projeção de IPCA deste ano para 3,8%. O resultado fiscal primário acumulou déficit de R$ 280 bilhões nos últimos doze meses, patamar elevado.
No entanto, é preciso qualificar que esse número inclui despesas pontuais que devem desaparecer na métrica 12 meses no final desse ano, especialmente o pagamento em dezembro do ano passado de precatórios extraordinários e a compensação aos estados e municípios pela alteração no ICMS em 2022.
Assim, excluindo essas despesas pontuais e inserindo nossa expectativa de arrecadação adicional com as medidas anunciadas no ano passado, além de um contingenciamento de despesas, estimamos déficit primário de R$ 88 bi (0,8% do PIB) nesse ano.
As incertezas externas e domésticas têm gerado uma desvalorização da nossa taxa de câmbio e elevado as expectativas de inflação do consenso dos economistas.
Nesse ambiente, o Banco Central do Brasil decidiu interromper o ciclo de queda da taxa Selic, mantendo-a em 10,50%a.a.. O patamar ainda restritivo da taxa de juros e o endereçamento dessas incertezas possibilitarão a retomada gradual do ciclo de corte de juros no próximo ano.