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Claudio Felisoni de Angelo

Liderar é vender esperança

O papel da liderança é essencial. Entretanto, ela precisa se estabelecer e ser respeitada, para que a excelência possa emergir

Maestro

Experimento com músicos e maestro mostrou o papel do líder na condução da equipe | Foto: Getty Images

Há alguns anos li uma matéria na muito interessante na fantástica The Economist. Foi na seção que traz assuntos científicos e reportava um experimento.

Não tenho os dados precisos. Vamos dizer que para um grupo razoavelmente significativo de maestros, foi realizado o seguinte experimento: condução de uma orquestra na execução de uma parte de uma obra de Mozart. Cinco jurados avaliaram a apresentação. Entretanto, em sistema de blind review, ou seja, a orquestra e o maestro ficaram separados dos avaliadores por uma cortina. Além disso, colocou-se um chip na batuta do maestro e também em cada um dos instrumentos. O objetivo do chip foi o de monitorar a conexão entre os instrumentos e entre eles e a batuta do maestro.

Duas perguntas foram formuladas. Primeira: os músicos seguiam o maestro? Segunda: qual a classificação dos maestros? Tal classificação obtida, evidentemente, a partir das notas dos jurados. Os chips foram conectados a um computador de modo a monitorar os movimentos dos músicos e da batuta do computador.

O que se observou? De modo geral, os maestros não conseguiram que os músicos os seguissem. Eles, os músicos, seguiram uns aos outros a maior parte do tempo. Porém, o resultado mais interessante, as notas mais altas, foi obtido pelos maestros que conseguiram fazer com que os músicos os seguissem. Ou seja, a batuta de alguns suscitou a conexão que aos outros faltaram. Dito de outro modo, pode-se dizer que o líder da orquestra aportou um importante diferencial na execução da obra musical.

O papel da liderança é, portanto, essencial. Entretanto, ela precisa se estabelecer. Por que será que alguns poucos maestros a conseguiram e os demais não? Um líder precisa despertar o potencial dos indivíduos. Os músicos precisam acreditar no condutor. Precisam respeitá-lo. No momento da execução não há como fingir. Ou estão com o maestro ou não estão com ele. Se estiverem com ele, como mostrou o experimento relatado pela revista, emerge a excelência. Nas palavras de Napoleão: um líder é um vendedor de esperança. Mas, para que a esperança se estabeleça, é necessário que os músicos acreditem de fato nos movimentos da batuta do maestro.

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Claudio Felisoni de Angelo é professor e coordenador de Projetos da FIA Business School, ligada à Fundação Instituto de Administração da USP. Preside o conselho Laboratório de Finanças e Programa de Administração de Varejo da FIA. É professor titular do Departamento de Administração de Empresas da FEA/USP e presidente do IBEVAR - Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo.

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