Há alguns anos li uma matéria na muito interessante na fantástica The Economist. Foi na seção que traz assuntos científicos e reportava um experimento.
Não tenho os dados precisos. Vamos dizer que para um grupo razoavelmente significativo de maestros, foi realizado o seguinte experimento: condução de uma orquestra na execução de uma parte de uma obra de Mozart. Cinco jurados avaliaram a apresentação. Entretanto, em sistema de blind review, ou seja, a orquestra e o maestro ficaram separados dos avaliadores por uma cortina. Além disso, colocou-se um chip na batuta do maestro e também em cada um dos instrumentos. O objetivo do chip foi o de monitorar a conexão entre os instrumentos e entre eles e a batuta do maestro.
Duas perguntas foram formuladas. Primeira: os músicos seguiam o maestro? Segunda: qual a classificação dos maestros? Tal classificação obtida, evidentemente, a partir das notas dos jurados. Os chips foram conectados a um computador de modo a monitorar os movimentos dos músicos e da batuta do computador.
O que se observou? De modo geral, os maestros não conseguiram que os músicos os seguissem. Eles, os músicos, seguiram uns aos outros a maior parte do tempo. Porém, o resultado mais interessante, as notas mais altas, foi obtido pelos maestros que conseguiram fazer com que os músicos os seguissem. Ou seja, a batuta de alguns suscitou a conexão que aos outros faltaram. Dito de outro modo, pode-se dizer que o líder da orquestra aportou um importante diferencial na execução da obra musical.
O papel da liderança é, portanto, essencial. Entretanto, ela precisa se estabelecer. Por que será que alguns poucos maestros a conseguiram e os demais não? Um líder precisa despertar o potencial dos indivíduos. Os músicos precisam acreditar no condutor. Precisam respeitá-lo. No momento da execução não há como fingir. Ou estão com o maestro ou não estão com ele. Se estiverem com ele, como mostrou o experimento relatado pela revista, emerge a excelência. Nas palavras de Napoleão: um líder é um vendedor de esperança. Mas, para que a esperança se estabeleça, é necessário que os músicos acreditem de fato nos movimentos da batuta do maestro.