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Eduardo Yuki

Panorama econômico: novas estimativas do Safra

Novas estimativas do Banco Safra incluem projeção de PIB de 2,5% no Brasil em 2025, e de 1,8% nos Estados Unidos; inflação deve convergir para a meta nas duas economias

Panorama econômico

Na China, os desafios do mercado imobiliário devem continuar prejudicando a atividade econômica, pesando sobre a confiança dos consumidores e esfriando o consumo | Foto: Getty Images

A economia americana deverá crescer 1,8% em 2025, próximo do ritmo potencial. O mercado de trabalho permanecerá em torno do equilíbrio, o que contribuirá para que a inflação siga gradualmente em direção à meta do Fed.

As políticas fiscal e monetária, que foram restritivas em 2024, devem caminhar para a neutralidade ao longo dos próximos meses.

Na China, os desafios do mercado imobiliário devem continuar prejudicando a atividade econômica, pesando sobre a confiança dos consumidores e esfriando o consumo das famílias e os investimentos do setor privado. O governo poderá anunciar medidas de estímulos para gerenciar os riscos macroeconômicos.

Na seara nacional, projetamos que o PIB brasileiro se expandirá 2,5% em termos reais em 2025. Assim como ocorrido em 2023, o principal motor da economia será a produção de commodities, agrícolas e energéticas, componentes da atividade ligados à exportação e menos sensíveis à demanda doméstica.

Esperamos uma desaceleração do consumo, na ausência de impulso fiscal e como consequência da política monetária restritiva. Esperamos que os investimentos cresçam perto de 5%.

Na esteira de uma produção forte de commodities, a balança comercial deverá encerrar 2024 com superávit de US$ 82 bi.

Para 2025 esse valor poderá diminuir para US$ 75 bi, em meio a uma piora dos termos de troca, que deve ser parcialmente compensada por uma retomada do crescimento do volume das exportações, com destaque para a soja e o petróleo.

O volume de importações apresentará um crescimento mais lento, em meio à perda de força do ritmo de expansão da demanda doméstica.

O terceiro ano de forte superávit comercial ajudará a manter o saldo de transações correntes em patamar confortável.

Com isso, a inflação terá boas condições para continuar arrefecendo. O IPCA deverá variar 3,6% em 2025, após alta de 4,5% em 2024, respeitando a trajetória de cumprimento da meta contínua de inflação.

A ausência de impulso fiscal e o maior aperto monetário deverão arrefecer o ritmo de expansão do consumo das famílias, o que beneficiará o processo desinflacionário.

Além disso, o desaquecimento mundial e a estabilidade do preço de commodities também contribuirão para a contenção dos preços de bens. No entanto, fatores inerciais evitarão uma queda mais célere da inflação.

Em termos de política monetária, o ciclo de elevação da taxa de juros deve continuar no curto prazo.

Prevemos que a taxa Selic seja elevada para 11,50% até o final de 2024. Já no próximo ano, a continuidade do processo desinflacionário e o deslocamento do horizonte relevante para o biênio 2026/2027 permitirá que a autoridade monetária faça movimento de afrouxamento monetário.

Esperamos um déficit primário de 0,7% do PIB para o governo central em 2025. Excluindo os pagamentos de precatórios excepcionalizados do teto de gastos pelas emendas constitucionais 113 e 114/2021, estimamos um déficit primário de 0,3% do PIB, um valor próximo ao piso da meta estabelecida na LDO para 2025.

Dada a estreiteza de margens no orçamento para 2025, sua correta execução exigirá disciplina no gasto, mesmo que alguns ajustes estruturais recentemente acenados pelo governo sejam aprovados pelo Congresso até o final do ano.


Eduardo Yuki é Superintendente Executivo de Economia do Banco Safra. Atua há mais de vinte anos no mercado financeiro. Possui mestrado em Teoria Econômica pela Faculdade de Economia e Administração (FEA), da USP.

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