O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está próximo de completar seus primeiros 100 dias no poder. Diversas medidas em várias áreas foram introduzidas. Algumas, em razão do curto prazo, com resultados ainda difíceis de serem avaliadas quanto a sua efetividade. Mas, com certeza, o programa de combate à pandemia e recuperação da economia, implementado graças ao plano de incentivos de US$ 1,9 trilhão aprovado no Congresso americano, é até o momento o principal feito da gestão Biden.
Tanto é que o presidente segue com bons níveis de aprovação não só entre eleitores democratas. Parte dos simpatizantes do partido Republicano (41% dos republicanos e independentes com tendência republicana, segundo o Pew Research Center), apoiam as medidas adotadas para resgatar o país dos efeitos mais drásticos da Covid-19.
A avaliação positiva de Biden com relação ao enfrentamento do coronavírus é de 72% em uma pesquisa da ABC News/Ipsos. A mesma pesquisa revela um índice de aprovação de 62% para o presidente americano em relação a medidas econômicas.
O pacote de resgate caiu nas graças da população por diversos motivos. Um auxílio emergencial prolongado, em tempos ainda incertos, está subsidiando o pagamento de aluguéis, evitando o despejo de famílias de baixa renda, auxiliando a custear energia elétrica, garantindo recursos no desenvolvimento e distribuição maciça de vacinas, mais verbas para os departamentos estaduais e condados para suporte a educação, investimento em redes de transportes e ajustes em políticas de cobertura de seguros de saúde. Medidas que estão fazendo a diferença no dia-a-dia das pessoas e na economia.
Não existem saídas fáceis para problemas complexos, mas o pacote de resgate evita que um abismo social avance, aumentando rivalidades e diferenças em um país tão diverso e rico em culturas, mas com os ânimos ainda acirrados como são os Estados Unidos no momento atual.
Mas esse foi apenas o abre-alas da agenda chamada “Build Back Better” (Reconstruir melhor em tradução livre).
No fim de março um novo plano foi anunciado por Biden. O projeto de infraestrutura de US$ 2,65 trilhões “The American Jobs Plan”, ou Plano de Emprego Americano, é focado em economia verde e criação de postos de trabalho.
Debates acalorados devem ocorrer muito em breve, focados principalmente nas cifras e de onde virão os recursos para custear o plano. O Congresso deverá ter a palavra final. Mas vale destacar que a proposta pauta o cenário, estimula reflexão e poderá levar, de fato, a uma profunda mudança política e na relação entre os cidadãos e o Estado, com um redesenho do pacto social.
O plano é uma grande aposta nos Estados Unidos, na tentativa de fincar bases, preparando o terreno para os desafios logo adiante. Entre os principais pontos destacam-se o fortalecimento das cadeias de valor, programas para incremento da força de trabalho, tornando indústrias mais competitivas globalmente e eficientes do ponto de vista energético, investimento em pesquisa e desenvolvimento, ampliando a capacidade de inovação do país como um todo, reparando e preservando o meio-ambiente.
Essa proposta de reconfiguração dos EUA parte de uma visão para o longo prazo que está sendo apresentada ao povo americano, antevendo um país mais inclusivo, sustentável e competitivo. O “The American Jobs Plan” e seus desdobramentos são uma tentativa de oferecer ideias e caminhos para uma nova realidade pós-Covid.
Pouco mais de um ano atrás, em março de 2020, o então candidato Democrata à presidência, Joe Biden, disse em um comício em Detroit (Michigan) que ele seria uma ponte para uma nova geração de líderes, restaurando os valores do país. A trilha que essa agenda ambiciosa de governo seguirá nos próximos meses e anos de mandato definirá como será a fundação dessa ponte em direção ao futuro dos Estados Unidos.