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Agência Estado

O lado errado da História

Os erros ao atacar as sequelas da pandemia estão gerando um discurso errado que poderá, por mais um tempo, nos manter no lado errado da história

miséria

A alimentação minimamente de qualidade está se tornando inalcançável para uma imensa parcela da população | Foto: Getty Images

Estamos terminando o ano com o pé trocado. Não apenas por conta da pandemia, que ficará registrada em nossa História como uma marca trágica, mas sobretudo por conta de equívocos praticados durante o processo. 

Evidentemente, poucos sabiam da gravidade e da extensão do problema quando ele se iniciou por aqui, no início do ano passado. Outros acreditavam que, como outras pandemias, a da covid-19 iria logo embora. Não foi o que se viu. 

Por essa época indagava-se, aqui mesmo, se teríamos uma “nova onda”. Ela veio e acabou sendo pior do que a primeira, em número de óbitos. Autoridades atuaram aprovando projetos de lei, liberando auxílios emergenciais e adiando pagamento de dívidas. Mas foi pouco, diante da tragédia econômica. 

Sequelas como a inflação refletida nos preços dos combustíveis foram agravadas pela instabilidade política e pelas indefinições no rumo das políticas econômicas e fiscais. 

Houve ainda um descompasso entre a Câmara e o Senado quanto à agenda reformista. A Câmara foi mais atuante e o Senado mais lento na hora de decidir questões relevantes que poderiam melhorar o ambiente econômico no Brasil. 

Agora temos o desafio da variante ômicron, da qual pouco se sabe. Aparentemente, é menos letal que as anteriores, mas já abalou o mercado. Talvez o novo normal seja, por um tempo, um recorrente abalo provocado por alguma nova cepa do coronavírus.

O desafio será construir uma nova normalidade que permita o convívio e a segurança das pessoas. Para tal, a questão fiscal deve continuar prioritária. Porém, o lado humano da crise deve ser a preocupação número 1. Como já disse publicamente, o eleitor vai se preocupar com os preços e a sua capacidade de alimentar a si próprio e à família. 

As ruas estão cheias de pedintes, numa escala que não se via há anos. A alimentação minimamente de qualidade está se tornando inalcançável para uma imensa parcela da população. Os erros ao atacar as sequelas da pandemia estão gerando um discurso errado que poderá, por mais um tempo, nos manter no lado errado da história. 


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