As vendas do varejo brasileiro caíram 1% em maio na comparação com abril de 2023, rompendo uma sequência de quatro altas seguidas. Na comparação com maio de 2022, também houve queda de 1%, enquanto no indicador dos últimos 12 meses houve um crescimento de 0,8%. O que esperar?
Há dois conceitos para a avaliação das vendas de varejo. A que se denomina “varejo restrito”, na qual se exclui veículos, autopeças e material de construção e a versão onde esses segmentos estão também presentes, chamada “varejo ampliado”. Observando as linhas de tendência das vendas dessazonalizadas, tanto em um conceito como em outro, registra-se praticamente uma situação de estabilidade desde o início de 2022, estendendo-se também no exercício de 2023.
Obviamente há movimentos para cima e para baixo no entorno dessa tendência, porém não são alterações significativas do perfil de evolução das vendas. Esse quadro é compatível com a evolução das variáveis condicionantes do consumo.
A taxa de juros na ponta elevou-se de 5,11% a.m. no começo de 2022 para 5,61% a.m. agora em 2023. Em compensação tem havido uma retomada do emprego e uma melhora da renda real disponível com o arrefecimento do ritmo inflacionário. Corrobora essa análise o resultado em doze meses de apenas 0,08%, em que pesem os quatro últimos resultados positivos.
Com base no que se vem constando retoma-se a pergunta inicial: o que se pode esperar no futuro próximo para o consumo?
O IBEVAR – FIA projeta a evolução das vendas com base no comportamento das principais variáveis determinantes do consumo. Estima-se um aumento de 7,78% no terceiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo trimestre de 2022 e de 1,32%, em relação ao segundo trimestre deste ano.
Tomando os últimos doze meses como referência, isto é, até setembro de 2023, projeta-se, um aumento do consumo de 3,97%.
Essa expansão é também reforçada pela análise das disposições de compra dos indivíduos captada por levantamentos nas redes sociais com algoritmos de Inteligência Artificial utilizados pelo IBEVAR – FIA. Dos 22 segmentos do varejo (de bens e serviços) examinados pelos ditos algoritmos, registra-se para apenas 5 retração.
O longo período de estabilidade do consumo, a queda da inflação, a esperada redução da taxa básica, com seus reflexos, ainda que demorados na ponta, e o impulsionamento do emprego justificam essa visão mais auspiciosa para o consumo nos próximos meses.