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Claudio Felisoni de Angelo

O que esperar para as vendas de varejo nos próximos meses

O longo período de estabilidade do consumo, a queda da inflação e a esperada redução dos juros justificam a visão auspiciosa para o consumo

Mulher escolhe vestuário

Dos 22 segmentos do varejo de bens e serviços examinados, 5 apresentaram retração | Foto: Getty Images

As vendas do varejo brasileiro caíram 1% em maio na comparação com abril de 2023, rompendo uma sequência de quatro altas seguidas. Na comparação com maio de 2022, também houve queda de 1%, enquanto no indicador dos últimos 12 meses houve um crescimento de 0,8%. O que esperar?

Há dois conceitos para a avaliação das vendas de varejo. A que se denomina “varejo restrito”, na qual se exclui veículos, autopeças e material de construção e a versão onde esses segmentos estão também presentes, chamada “varejo ampliado”. Observando as linhas de tendência das vendas dessazonalizadas, tanto em um conceito como em outro, registra-se praticamente uma situação de estabilidade desde o início de 2022, estendendo-se também no exercício de 2023.

Obviamente há movimentos para cima e para baixo no entorno dessa tendência, porém não são alterações significativas do perfil de evolução das vendas. Esse quadro é compatível com a evolução das variáveis condicionantes do consumo.

A taxa de juros na ponta elevou-se de 5,11% a.m. no começo de 2022 para 5,61% a.m. agora em 2023. Em compensação tem havido uma retomada do emprego e uma melhora da renda real disponível com o arrefecimento do ritmo inflacionário. Corrobora essa análise o resultado em doze meses de apenas 0,08%, em que pesem os quatro últimos resultados positivos.

Com base no que se vem constando retoma-se a pergunta inicial: o que se pode esperar no futuro próximo para o consumo?

O IBEVAR – FIA projeta a evolução das vendas com base no comportamento das principais variáveis determinantes do consumo. Estima-se um aumento de 7,78% no terceiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo trimestre de 2022 e de 1,32%, em relação ao segundo trimestre deste ano.

Tomando os últimos doze meses como referência, isto é, até setembro de 2023, projeta-se, um aumento do consumo de 3,97%.

Essa expansão é também reforçada pela análise das disposições de compra dos indivíduos captada por levantamentos nas redes sociais com algoritmos de Inteligência Artificial utilizados pelo IBEVAR – FIA. Dos 22 segmentos do varejo (de bens e serviços) examinados pelos ditos algoritmos, registra-se para apenas 5 retração.

O longo período de estabilidade do consumo, a queda da inflação, a esperada redução da taxa básica, com seus reflexos, ainda que demorados na ponta, e o impulsionamento do emprego justificam essa visão mais auspiciosa para o consumo nos próximos meses.


Claudio Felisoni de Angelo é professor e coordenador de Projetos da FIA Business School, ligada à Fundação Instituto de Administração da USP. Preside o conselho Laboratório de Finanças e Programa de Administração de Varejo da FIA. É professor titular do Departamento de Administração de Empresas da FEA/USP e presidente do IBEVAR - Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo.

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