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Ricardo Leite

Os próximos passos do agronegócio nacional

O agronegócio brasileiro está em primeiro lugar entre os países que mais podem lucrar com práticas agrícolas sustentáveis. Só precisa se preparar para isso

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O Brasil pode se consolidar como o maior produtor mundial de alimentos, basta reduzir o desperdício e usar a tecnologia para ajudar os meios de produção | Foto: Estadão Conteúdo

O café veio da Etiópia; a soja, lá da China; já a cana-de-açúcar, da Oceania. E todos esses produtos se deram muito bem em terras brasileiras. Números recentes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) comprovam o sucesso dessas culturas no país. O estudo “O Agro no Brasil e no Mundo, edição 2022” mostra que, em 2021, o Brasil:

  • Foi o maior exportador de soja do planeta;
  • Produziu mais de um terço da produção mundial de açúcar;
  • Segue líder como maior produtor de café do mundo tanto na produção quanto na exportação.

Além disso, é importante destacar o posto de maior exportador de carne bovina do mundo, com 2,5 milhões de toneladas. Sem falar que, de acordo com pesquisadores da Embrapa, mesmo em culturas com desempenho menor, existe um grande potencial de crescimento pela frente.

Acredito, sem dúvidas, que existe um cenário muito favorável para que o Brasil, de fato, se torne o maior produtor mundial de alimentos, desde que use a tecnologia para ajudar os meios de produção e diminua o desperdício.

Segundo projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), já para 2023 é esperado um crescimento de 10,9% do PIB no setor agropecuário nacional. Tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial, aprendizado de máquina, Internet das Coisas, realidade aumentada, robótica, impressão 3D e 4D, conectividade, big data, computação quântica, entre outras, estão ajudando a impulsionar a transformação do campo no país.

Um estudo científico, realizado pelo Departamento Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), mostra que, dependendo do nível tecnológico da propriedade antes da implantação da agricultura de precisão, o aumento de produtividade pode chegar até 29%, com uma economia média de 23% no uso de insumos.

A biorrevolução também tem sido aliada para ganhos de produtividade, controle de pragas e geração de novas fontes de energia. A soja BRS 539, por exemplo, desenvolvida por pesquisadores brasileiros da Embrapa e da Fundação Meridional, com o apoio de uma ferramenta genética, possui resistência à ferrugem asiática da leguminosa – a mais severa doença dessa cultura – e tolerância ao percevejo, considerado uma das principais pragas do setor.

Toda essa transformação tecnológica e digital no campo, além de comprovadamente elevar o potencial produtivo, garante, é claro, uma produção muito mais sustentável, acompanhando os objetivos da Agenda 2030 da ONU e seguindo uma exigência tanto do mercado quanto dos consumidores.

Dados disponibilizados pela plataforma Visão de Futuro do Agro Brasileiro, da Embrapa, com tendências da agricultura nacional, indicam que incrementos de produtividade deverão estar associados a processos mais integrados e sustentáveis, como a diminuição da pegada de carbono, conservação da água e manutenção dos nutrientes do solo.

De acordo com um estudo realizado pela McKinsey, o agronegócio brasileiro está em primeiro lugar entre os países que podem lucrar com práticas agrícolas sustentáveis. O mercado global de créditos de carbono deve saltar de cerca de US$ 1 bilhão, em 2021, para pelo menos US$ 50 bilhões em 2030. Só aqui no Brasil, ele pode movimentar de US$ 1,5 bilhão a US$ 6 bilhões – uma oportunidade de desenvolvimento econômico e social para o país.

Com as constantes transformações no campo, percebo que, cada vez mais, precisamos nos antecipar a essas mudanças e nos preparar para o que está por vir.

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Executivo de finanças com especialização em Inovação pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology). Superintendente executivo do Safra Empresas.

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