RTUP, adenomectomia robótica, HoLEP, Urolift, Itind, Rezum, Aquablation… Uma busca na internet vai trazer uma série de alternativas para o tratamento da hiperplasia prostática, o crescimento benigno da próstata. É uma condição associada ao envelhecimento masculino que nada tem a ver com câncer, mas pode trazer outros sintomas. À medida que aumenta de volume, o miolo da próstata vai obstruindo a uretra, que passa por seu interior, afetando a capacidade de esvaziar a bexiga. Os danos podem ser vários: de infecções urinárias e formação de cálculos até a perda da elasticidade desse órgão ou sua falência. Sem contar as alterações no cotidiano, como a necessidade de acordar várias vezes à noite para urinar, prejudicando o sono, muita frequência durante o dia, jato urinário fraco e interrompido, gotejamento pós-miccional e urgência, acompanhada ou não de incontinência.
O tratamento inicial normalmente é feito com medicamentos, como os alfabloqueadores, que relaxam a musculatura interna da próstata para favorecer a abertura da uretra prostática; ou a finasterida e a dutasterida, que impedem as células da próstata de absorverem a testosterona, hormônio que alimenta seu crescimento. Quando a ação dos medicamentos é insuficiente, é chegada a hora de pensar nas outras alternativas.
Segundo o Dr. Gustavo Caserta Lemos, coordenador da Residência em Urologia da Faculdade de Medicina do Einstein, a ressecção transuretral da próstata (RTUP) segue sendo o padrão-ouro. É um procedimento endoscópico que retira “fatias” do tecido da parte interna da próstata aumentada. O paciente fica dois dias internado e deixa o hospital sem sonda, com pouco incômodo e dor. Outras técnicas só são aceitáveis para o tratamento se oferecerem resultados iguais ou superiores aos da RTUP. Há também indicações especiais que dependem de características e condições de saúde do paciente. Como escolher? O Dr. Gustavo nos ajudou apontando algumas vantagens e desvantagens dessas outras técnicas.
Não tão recente, o Blue Laser é um procedimento que vaporiza os tecidos da próstata aumentada. Tem a vantagem de ser uma intervenção endoscópica (como a RTUP), mas apresenta dois pontos desfavoráveis: ocorrência da recidiva (a próstata volta a aumentar) mais rapidamente e o fato de não se retirar tecido para o exame anatomopatólogico a fim de descartar a existência de um câncer.
Já o HoLEP (enucleação endoscópica com laser de holmio), em vez de vaporizar o tecido, usa calor para retirar porções do miolo aumentado da próstata. O procedimento exige habilidades técnicas avançadas, e o cirurgião deve ter experiência e treinamento adequado.
Para próstatas muito grandes, quando não se pode usar o canal da uretra, existe a adenomectomia robótica. O cirurgião usa o robô em cirurgia laparoscópia para extrair todo o miolo da próstata (enucleação) através de pequenas incisões feitas na barriga. É uma intervenção segura, com curto tempo de internação e baixo risco de infecções.
É importante observar que boa parte dos tratamentos cirúrgicos pode levar à chamada ejaculação seca. Isso ocorre especialmente nos casos de próstata muito aumentadas. O homem segue tendo prazer e fisiologicamente ejacula, mas o sêmen não é expelido pela via natural. Ele volta para a bexiga e, posteriormente, sai na urina.
Dentre os procedimentos mais novos disponíveis no Brasil, destacam-se o Urolift, o Itind e o Rezum. O Urolift é baseado em um sistema de grampeamento da próstata para liberar espaço no canal da uretra. É indicado principalmente para pacientes idosos que não têm condições para serem submetidos à cirurgia ou para aqueles que desejam manter a ejaculação normal. A questão é a durabilidade dos efeitos, além do alto custo. Já no Itind, indicado para próstatas menores, uma espécie de stent temporário é inserido na uretra para dilatá-la. Não existem cortes, sangramentos ou perda de ejaculação, mas sua durabilidade também é limitada. O Rezum, por sua vez, ganhou fama nas redes sociais. Trata-se de uma terapia minimamente invasiva que consiste na injeção de vapor de água em altíssima temperatura na próstata, a fim de eliminar tecidos prostáticos e reduzir o tamanho da glândula. Embora seja bem efetivo, não afete a ejaculação e possa ser feito em ambiente ambulatorial, o procedimento tem um pós-operatório bem dolorido, exige que o paciente tome analgésicos, além de usar sonda de 5 a 7 dias.
Existem novas tecnologias que ainda não chegaram ao Brasil, como o Aquablation. Ele usa um dispositivo robotizado acoplado ao aparelho de ultrassom que calcula a área e a espessura exatas dos tecidos que precisam ser removidos, o que é feito com jatos de água quente. O método parece promissor, mas ainda está em fase de experimentação.
Frente a tantas alternativas, o que o paciente pode fazer? O melhor caminho é buscar um urologista preparado para oferecer todo o cardápio de opções e explicar porque o método que está sendo sugerido é o melhor para ele. Em caso de dúvidas, vale procurar uma segunda opinião.