2022 foi um ano em que surgiram termos da moda relacionados ao mundo do trabalho, como o great resignation no primeiro semestre, e o quiet quitting no segundo. Essas expressões inundaram as redes sociais, apresentando uma tendência de que a demissão voluntária estaria ultrapassando as involuntárias nas organizações, indicando necessidade de mudanças.
A ideia do great resignation (em português, grande renúncia) era retratar que a pandemia criou um novo cenário laboral em que as pessoas se sentiam sobrecarregadas e, consequentemente, causava a saída do colaborador, por vontade própria. Boa parte dessas pessoas pediam demissão mesmo sem ter uma nova alternativa traçada e uma parte até se arrependeu dessa decisão, voltando atrás.
Por sua vez, a noção do quiet quitting (em português, demissão silenciosa) surge majoritariamente por parte da nova geração, que não quer mais se submeter às pressões do mercado e às exigências das organizações nesse novo normal, que busca pessoas ainda mais comprometidas e dedicadas.
Essa proposta da “produtividade a qualquer custo” realmente tem um preço e pudemos observar que os mais jovens passaram a “fazer o mínimo” e, muitas vezes, deixando a empresa.
E o que acontece desde o fim de 2022? As empresas da nova economia – principalmente do setor de tecnologia e startups – têm passado por reestruturações que causaram milhares e milhares de cortes, que têm sido anunciados praticamente todos os dias. Por não ser – ainda – um desemprego estrutural, podemos entender que as pessoas demitidas podem se recolocar. No entanto, diferentemente do quiet quitting, o fenômeno gera trauma, desconfiança e um caminho incerto para o pessoal afetado.
O problema não fica somente para quem sai, mas também para quem fica, pois algo que já era BANI – frágil (brittle), ansioso, não-linear e incompreensível, torna-se ainda pior. Provavelmente, a demanda de trabalho fica maior para cada profissional que permaneceu na empresa, além de não ter nenhuma garantia dos próximos passos. Afinal, como conviver com essa instabilidade?
Por um lado, entendemos que as empresas estejam repensando suas estruturas por terem, de alguma forma, inflado seus negócios, necessitando executar reduções no orçamento e, então, no quadro de colaboradores. Por outro lado, os profissionais estão sendo notificados de maneira massificada e abrupta. Seria o que estavam buscando no great resignation ou quiet quitting, ou não exatamente?
Atualmente, de acordo com um levantamento da McKinsey, mais de 60% de todos os trabalhos do mundo é total ou parcialmente substituível por máquinas. O ChatGPT e os inúmeros recursos de inteligência artificial vêm surgindo para mostrar que podem ter ótimas capacidades. Assim, voltamos para a necessidade da empregabilidade. Talvez, não no sentido de se ter um emprego formal no modelo tradicional, mas na direção de ter e mobilizar competências desejadas pelo mercado, que também mudam cada vez mais rápido.
Como profissionais, precisamos nos reinventar em ciclos cada vez mais acelerados, com o objetivo de sermos necessários e valiosos para as organizações. Todos têm algo a contribuir, seja para as organizações, seja para os próprios negócios. A ideia é aumentar a nossa trabalhabilidade.