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Sidney Klajner

Sidney Klajner

Saúde mental: por que é importante no mundo corporativo?

Primeiro, porque esse é um aspecto relevante na perspectiva das boas práticas ESG. Depois, porque cuidar do bem-estar dos colaboradores traz dividendos importantes em termos de produtividade

Saúde mental

Cuidar da saúde e do bem-estar dos colaboradores é fundamental para uma instituição de saúde e para organizações de todos os setores de atividade | Foto: Getty Images

Nos estádios de futebol, a torcida costuma pedir que os jogadores de seu time coloquem o coração na ponta da chuteira. Transportado para o universo corporativo, esse desejo significa a dedicação de colaboradores motivados pelo desejo de entregar o seu melhor. Como conseguir isso? Cada organização terá sua própria estratégia, mas as bem-sucedidas terão um elemento em comum em seus planos: proporcionar uma boa experiência para os seus profissionais, o que inclui cuidar de sua saúde e seu bem-estar.

O que se viu no Einstein durante a pandemia é um exemplo desse “colocar o coração na ponta da chuteira”. Os profissionais abriram mão da família e da vida pessoal para se dedicar com paixão ao cuidado dos pacientes, aplicando suas competências técnicas e imensas doses de humanismo, mesmo em meio ao turbilhão de demandas e desafios que vieram junto com uma doença desconhecida e ameaçadora (inclusive para eles, que temiam também infectar-se e levar o vírus para seus lares).

Recentemente, uma paciente que na primeira onda da covid-19 esteve intubada por dez dias na UTI do Einstein chorou emocionada ao recordar os cuidados da técnica de enfermagem que diariamente lavava seus cabelos, passava creme e fazia tranças. Como se vê, a paciente recebeu mais que os cuidados médicos que restituíram a sua saúde física.

Há cerca de dez anos, contratamos uma consultoria para entender como proporcionar a melhor experiência para nossos pacientes. A conclusão foi que isso dependia de assegurar a melhor experiência dos profissionais que cuidam deles.

Já bem antes da pandemia tínhamos adotado iniciativas diferenciadas. Uma delas foi o Programa Cuidar, com médicos e equipes multiprofissionais focadas em promoção da saúde, prevenção de doenças e controle das crônicas tanto para colaboradores como para seus familiares. Também criamos um programa de saúde mental, o Calmamente. Ginástica laboral, áreas de descompressão com ambientes agradáveis e redes para relaxar e inúmeras outras iniciativas, como suporte especializado em questões financeiras, jurídicas, etc. somaram-se a esses programas. Vale citar ainda a creche do Einstein, que existe desde 1982 e atende hoje mais de 450 filhos de funcionários. É uma unidade tida como modelo, credencial que levou o Einstein a assumir a gestão de um Centro de Educação Infantil no bairro do Capão Redondo (cerca de 200 crianças de 0 a 4 anos), em uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação.

Durante a pandemia, o leque de ações do Einstein foi reforçado. O Calmamente virou Ouvid, com ampliação das atividades voltadas à saúde mental e do público atendido (passou a incluir também médicos do corpo clínico aberto, ou seja, profissionais autônomos credenciados pelo Einstein). Colaboradores com quadros graves de covid-19 foram atendidos no próprio Einstein. Uma parceria com o Colégio Miguel de Cervantes foi estabelecida para cuidar dos filhos de nossos profissionais para que eles pudessem trabalhar sem se preocupar com as crianças. E quem preferia não voltar para casa por morar mais longe ou por temer que pudesse infectar alguém da família contou com vagas que disponibilizamos em um hotel próximo ao hospital.

É tudo isso que explica a razão de nossas equipes “porem o coração na ponta da chuteira” e porque o Einstein figura como melhor hospital para trabalhar no ranking Great Place to Work (GPTW), sendo apontado como destaque em Saúde Emocional; foi vencedor em três categorias do prêmio de inovação em RH Think Work Flash Innovations; é a organização mais inovadora em Serviços de Saúde do Valor Inovação; e o hospital mais amado pelos paulistanos na pesquisa da Veja São Paulo, para citar apenas alguns reconhecimentos mais recentes.

Cuidar da saúde e do bem-estar dos colaboradores é fundamental para uma instituição de saúde e para organizações de todos os setores de atividade. E tem se tornado um tema de interesse de um número crescente de empresas que entendem que esse cuidar vai muito além de oferecer um plano de saúde como benefício e ponto final.  

O Einstein converteu todo o seu conhecimento e experiência em serviços oferecidos ao mercado corporativo. Disponibilizado nas Clínicas Einstein ou on site, o programa de atenção primária com médico de família e suporte de profissionais como nutricionistas, educadores físicos e psicólogos, entre outros, atua na promoção da saúde, prevenção de doenças e controle das crônicas, evitando a evolução para quadros que exigiriam tratamentos mais complexos (e caros). Já o programa de saúde mental inclui desde consultoria técnica do Einstein para avaliar as necessidades da companhia e propor um plano de ações até o atendimento especializado pelo Einstein Conecta, com recursos como telepsicologia e telepsiquiatria, além de atividades educativas e práticas de relaxamento.

No contexto da pandemia, cresceu a preocupação das empresas com a questão da saúde mental, pois viram em seu microuniverso o mesmo observado em todo o mundo: o aumento dos casos de transtornos como depressão, ansiedade e Burnout, este, aliás, incluído este ano no rol de doenças ocupacionais pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Pela sua relevância, saúde mental também será um dos temas do 7º Fórum Latino Americano de Qualidade e Segurança na Saúde Einstein-IHI (Institute for Healthcare Improvement), a ser realizado em setembro, em São Paulo.

Atualmente, em mais da metade das empresas em que o Einstein atua o foco é exclusivamente em saúde mental, abrangendo cerca de 50 mil beneficiários. Outras usam a nossa estrutura de atenção primária e há até aquelas que precisam de assistência específica, como uma companhia que tem uma grande população feminina em idade fértil e muitos casos de endometriose e nos contrata para o atendimento a essas pacientes. Investir em saúde e bem-estar dos colaboradores traz benefícios bem tangíveis não apenas na perspectiva dos indivíduos beneficiados. Para as organizações, ter pessoas saudáveis física e emocionalmente significa equipes mais produtivas, menos absenteísmo e afastamentos por doença (e menos doenças também reduzem a sinistralidade dos planos de saúde). Por fim, colaboradores que se sentem bem cuidados e felizes no trabalho são profissionais mais dedicados e engajados, dispostos a entregar o seu melhor. Esses ganhos podem não aparecer discriminados nos demonstrativos financeiros, mas o fato é que investir na saúde e bem-estar dos colaboradores faz bem para o balanço das organizações.

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Sidney Klajner é Cirurgião do Aparelho Digestivo e Presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Possui graduação, residência e mestrado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, além de ser fellow of American College of Surgeons. É coordenador da pós-graduação em Coloproctologia e professor do MBA Executivo em Gestão de Saúde no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Einstein.

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