O País sofre com a fuga de pesquisadores e, como mostrou a pandemia, tem sido obrigado a buscar resultados de estudos em outras regiões, apesar de termos profissionais extremamente capacitados, criativos e qualificados para a pesquisa de ponta em saúde. Mas é possível seguir na direção inversa – retendo e atraindo talentos e gerando conhecimento tipo exportação. É isso que temos conseguido fazer no Einstein, com uma estratégia que combina investimentos adequados e a criação de um ambiente propício para a pesquisa, como o do nosso novo Centro de Ensino e Pesquisa. Um dos edifícios é totalmente dedicado à investigação científica, reunindo o que há de mais avançado em termos de tecnologias e laboratórios.
Um exemplo recente de onde essa combinação estratégica pode nos levar é a parceria para uma pesquisa de nível mundial firmada entre o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK). Trata-se do projeto do Centro para Pesquisa em Imuno-oncologia (CRIO), que será instalado no Einstein e tem como coordenador o nosso pesquisador Kenneth John Gollob, um cientista norte-americano que se sentiu atraído o suficiente para vir trabalhar no Brasil.
O programa de pesquisa do CRIO, que contará também com a colaboração de grupos da USP e A.C. Camargo, se debruça sobre os imunoterápicos, medicamentos para tratamento oncológico que agem em alvos moleculares específicos, estimulando o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células cancerígenas. O objetivo do centro é a descoberta e validação de novos alvos terapêuticos, focando principalmente em tumores que não respondem bem às imunoterapias existentes, como colorretal, de pulmão e de cavidade oral. Novos alvos descobertos têm potencial para levar ao desenvolvimento de fármacos, ampliando essa promissora fronteira do tratamento oncológico.
Parcerias de farmacêuticas com instituições de pesquisa acontecem no Brasil, mas raramente com entidades privadas. O que levou à escolha do Einstein para atuar nesse importante projeto? Certamente a representatividade, a idoneidade e nossos investimentos em pesquisa. Destinamos, em média, 1,2% da receita da organização para pesquisa, recursos que se somam aos grants, doações e faturamento com serviços contratados pela indústria.
Foi no Einstein que nasceu a primeira Academic Research Organization (ARO) do Brasil, um modelo de organização e de atuação que abarca todo o ciclo de uma pesquisa médica – da concepção do projeto, planejamento e gestão das etapas do estudo até sua conclusão.
A relevância da nossa pesquisa ficou bem evidente durante a pandemia, quando, por meio de ações colaborativas da Coalização Covid Brasil, coordenada pela ARO Einstein, conseguimos trazer respostas em tempo recorde para dúvidas sobre tratamentos da Covid e a eficácia ou não de determinados medicamentos. Alguns desses estudos foram publicados nos mais prestigiados periódicos científicos, como o New England Journal of Medicine, The Lancet e Journal of the American Medical Association (JAMA). Em meio à crise sanitária, também fomos contratados pela Pfizer norte-americana para pesquisa clínica de um imunobiológico para tratamento de Covid, estudo também publicado no New England Journal of Medicine.
Somente em 2021, o Einstein contabilizou mais de mil projetos de pesquisa (entre iniciados, em andamento e concluídos). No ano, foram cerca de 1.300 artigos publicados. Citações a artigos científicos de pesquisadores do Einstein superaram a casa de 7.500. Há anos, aliás, o Einstein se mantém como a organização não governamental brasileira sem fins lucrativos com o maior número de citações, o que mostra a qualidade e a importância da nossa produção.
Alguns podem se perguntar por que uma instituição como o Einstein dedica tanta atenção à pesquisa. A resposta é simples: a geração de conhecimentos faz parte da nossa missão. Pesquisa impulsiona a excelência assistencial e nos leva a descobertas que imprimem avanços nos cuidados de saúde, com inovações em diagnóstico, tratamento, reabilitação e prevenção de doenças.
Gerar conhecimento na área da saúde é importante para o Einstein e para o país. Todos têm a ganhar com investimento em pesquisa, atração e desenvolvimento de talentos. E isso passa também por despertar o interesse dos jovens pela ciência e pela carreira acadêmico-científica. É esse o objetivo do projeto Cientistas do Amanhã, desenvolvido em Paraisópolis pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e pelo Voluntariado Einstein. Participam 37 adolescentes do 9º ano do ensino fundamental de uma escola municipal localizada na comunidade. Os encontros diários acontecem no novo Centro de Ensino e Pesquisa do Einstein, e o projeto culminará com a construção de um projeto de pesquisa.
Estimular os pesquisadores de hoje e do amanhã e cultivar ambientes propícios à pesquisa é semear terreno fértil para gerar conhecimento. E conhecimento é valiosa matéria-prima para construir o futuro da saúde.
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