Boas perspectivas para Telefônica com venda da Oi aprovada
A receita líquida da Telefônica atingiu R$ 11,352 bilhões, com aumento de 4,6% na comparação com o primeiro trimestre de 2021
11/05/2022A Telefônica Brasil (VIVT3) apresentou resultados mistos no primeiro trimestre, com bom desempenho da receita móvel compensado pela compressão da margem EBITDA. A receita líquida atingiu R$ 11,352 bilhões, um aumento de 4,6% na comparação com o primeiro trimestre de 2021. O EBITDA recorrente atingiu R$ 4,511 bilhões, +1,3% a mais que no primeiro trimestre do ano passado, com margem de 39,7%, 1,3 p.p. inferior ao do ano passado.
O Banco Safra espera que a Telefonica continue apresentando uma forte geração de fluxo de caixa livre e uma distribuição de dividendos decente. O banco prevê um rendimento de dividendos de ~6% para 2022FY. E mantém o rating de Compra com preço alvo de R$59,0 por ação.
VIVT3 e Oi Móvel
O Cade aprovou a venda do Oi Móvel para Claro, TIM e Vivo. As maiores mudanças em remédios foram a venda de parte dos ERBs (Estações de Radio Base – Antenas) da Oi, remédio estrutural que foi incluído no novo acordo da semana passada, e a necessidade de cumpri-los antes da conclusão do negócio.
Com a aprovação, o Safra revisou o preço-alvo para a Telefônica Brasil (VIVT3), dona da Vivo. E aumentou o preço-alvo de VIVT3 para R$ 59,00 (de R$ 57,00), após incorporar os ativos da Oi e potencial sinergia decorrente desses negócios. O banco manteve a classificação de compra.
A votação no Cade foi estreita e o presidente do órgão usou seu voto de desempate a favor da venda. O negócio já havia recebido anuência prévia da Anatel na semana anterior.
Remédios propostos
As soluções propostas incluem a manutenção de uma oferta de referência para serviços nacionais de roaming, compartilhamento de serviços móveis, uma oferta de radiofrequência e a venda de parte dos sites móveis adquiridos (“ERBs”), um remédio estrutural negociado na última semana. O acordo também propõe a criação de um agente fiduciário para acompanhar a execução dos remédios em condições justas.
O Safra acreditamo que entre as potenciais estruturas de remédios, a venda de sites móveis (ERBs) foi a menos prejudicial para os adquirentes. Embora a venda tenha sido aprovada com os remédios, o conselho decidiu que deveriam ser aplicadas antes da conclusão da operação, que na estimativa no Safra pode demorar alguns meses dada a eventual venda de parte dos ERBs da Oi.
É importante mencionar que já se esperava que a Oi levasse alguns meses para dividir seus ativos entre três entidades separadas a serem vendidas para Claro, Vivo e TIM Brasil, portanto o atraso na operação pode não ser tão relevante.
Apesar disso, o Safra vê a aprovação do negócio como muito positiva tanto para a TIM quanto para a Vivo, com a TIM se beneficiando mais da consolidação, pois incorporará cerca de 40% da base de clientes da Oi (contra 29% para Vivo), bem como 54% do espectro total.
Para a Safra, a necessidade de vender os ERBs antes da conclusão não deve alterar materialmente a potencial sinergia do negócio. Pode reduzir um pouco as sinergias da TIM (que deve adquirir 49% das estações base) e Claro (que deverá adquirir 32% dos sites), e em uma instância menor para a Vivo (que deve adquirir apenas 19% desses ativos).
Nos modelos do Safra, as empresas devem absorver a base móvel da Oi dentro dos próximos dois trimestres, tendo como principais benefícios o aumento de receita, diluição de custos e sinergias no 2º semestre de 2022, com impacto total nos resultados de 2023.
No caso da Telefônica Brasil, o impacto da aquisição de parte dos ativos móveis da Oi deve ser menos relevante do que na TIM, porque a Vivo tem cerca de 60% de seus resultados de operações móveis e está adquirindo uma participação menor no capital da operação móvel da Oi.
O Safra espera que as receitas de serviços móveis para 2023 cresçam 7%, ou cerca de R$ 2,2 bilhões, enquanto o EBITDA deve aumentar cerca de R$ 1,3 bilhão (+6% do Ebitda consolidado da Vivo), ou cerca de 80bps na margem EBITDA para 2023 (para 42,0%).
O banco espera que a Telefônica pague cerca de R$ 5,5 bilhões pela operação móvel da Oi e assuma cerca de R$ 1 bilhão em obrigações de locação (que também podem diminuir com a venda de sites móveis). Também espera sinergias materiais da diluição do capex, levando a companhia a gerar cerca de R$ 2 por ação dessa aquisição.
Vale a pena investir em VIVT3?
- Líder de mercado no mercado de telecomunicações, com estratégia orientada à qualidade, portfólio premium e bom mix de clientes.
- A empresa vem apresentando resultados sólidos e positivos, surpreendendo na velocidade e no tamanho das sinergias com a GVT.
- Fornece a maior geração de fluxo de caixa livre do setor, devido a uma combinação de alta lucratividade e menor investimento.
- A empresa pode se beneficiar da mudança na regulamentação brasileira de telecomunicações.
Quais os riscos ao investir em VIVT3?
- Como líder em clientes premium, a empresa geralmente cobra tarifas acima de seus concorrentes. Um risco seria a concorrência se tornar mais agressiva nos preços;
- Outro seria a competição se tornar capaz de aumentar a percepção da proposta de valor/qualidade com os clientes, diminuindo essa vantagem competitiva da Telefônica.
Sobre a Telefônica Brasil (VIVT3)
A Telefônica Brasil S.A. é a maior empresa de telecomunicações do país, com atuação em âmbito nacional e com um portfólio de produtos completo e convergente (voz fixa e móvel, banda larga fixa e móvel, ultra banda larga, dados e serviços digitais, TV por assinatura e TI).
Com uma estratégia centrada em dados, a Telefônica Brasil possui uma base de ativos única e irreplicável, que contribui para a cobertura de 88,0% da população com rede 4G e presença em 3.100 cidades.
Além disso, a Telefônica Brasil conta com o lançamento acelerado de cidades com a rede 4,5G, mantendo a diferenciação de sua rede em relação aos principais competidores.
Listada na B3, as ações da empresa são negociadas sob o ticker VIVT3.