Palavras mais usadas nos balanços das empresas revelam clima de cautela
Nuvem de palavras mais citadas nos relatórios do quarto trimestre destaca termos como recompras de ações, taxas de juros, inflação, perdas e prejuízos
08/04/2025
Relatórios de resultados das empresas reduziram o uso de palavras como favorável, melhoria e solidez, o que indica menor confiança relacionada ao que as empresas esperam pela frente | Foto: Getty Images
Para avaliar o sentimento das empresas brasileiras em relação ao futuro da economia, o Banco Safra fez uma seleção das palavras mais mencionadas durante as teleconferências de apresentação dos balanços das empresas referentes ao quarto trimestre de 2024. O levantamento foi feito com as companhias sob cobertura dos analistas do banco.
Com base na análise da nuvem de palavras, o Safra destaca o sentimento geral mais cauteloso por parte das empresas, o que corrobora o desempenho mais fraco do que o esperado apresentado no trimestre, conforme balanço realizado pelos especialistas do banco.
Dentre as palavras mais citadas e que apresentaram maior crescimento na comparação com o levantamento anterior o Safra destaca termos como “recompras de ações”, “dividendos”, “taxas de juros”, “inflação”, “perdas/prejuízos”, “desafiador” e “estrutura de capital”, que são tópicos relevantes considerando o atual momento de desaceleração econômica e juros e inflação pressionados.
Por outro lado, diminuíram as menções de palavras como “favorável”, “melhoria” e “solidez”, o que indica menor confiança relacionada ao que as empresas esperam pela frente no atual cenário da economia nacional e global.

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Nuvem de palavras indica deterioração do cenário macroeconômico
O crescente receio no meio empresarial relacionado ao cenário macroeconômico foram notados durante as teleconferências de resultados do último trimestre.
A menção a palavras como “taxa de juros” e “inflação” cresceu bastante em comparação com o trimestre anterior, estando mais presentes em reuniões de companhias dos setores de Utilidades Básicas, Varejo, Petróleo e Gás, Shoppings e Bens de Capital.
Por outro lado, palavras com viés construtivo como “sólido”, “favorável” e “melhora” foram menos mencionadas neste trimestre, especialmente pelos setores de Alimentos e Bebidas, Bens de Capital, Saúde, Papel e Celulose, Petróleo e Gás e Siderurgia e Mineração.
Recompras de ações, dividendos e desalavancagem
O tema “recompra de ações” esteve bastante presente nas teleconferências de resultados de setores como Varejo, Utilidades Básicas, Serviços Financeiros, Telecomunicações e Tecnologia, o que indica a atratividade de suas e capacidade de execução de programas de recompra.
Educação, Serviços Financeiros, Shoppings e Varejo foram os setores que mais comentaram sobre dividendos durante suas teleconferências.
A palavra “desalavancagem”, em referência às políticas de redução do endividamento, teve uma nítida queda em menções na comparação trimestral, em particular nos setores de Siderurgia e Mineração, Papel e Celulose e Alimentos e Bebidas.
Estrutura de capital e dívida líquida
Assuntos como “estrutura de capital” e “dívida líquida” foram temas com discussões crescentes durante as reuniões do último trimestre de 2024 diante da pressão que os juros mais altos exercerão sobre o serviço da dívida, e os setores que mostraram maior elevação nas menções a esses temas foram Educação, Saúde, Petróleo e Gás e Transportes.
Perspectivas para primeiro trimestre de 2025 tem viés menos favorável
A redução da menção a palavras com vieses construtivos indica menor confiança das empresas para o próximo trimestre, segundo os especialistas do Banco Safra.
O balanço completo com análise dos balanço dos resultados do quarto trimestre de 2024 corrobora o sentimento das empresas de que as surpresas positivas devem diminuir à medida que a economia tende a arrefecer, com o menor impulso fiscal e os juros mais altos, o que afeta o consumo das famílias e o desempenho das empresas.
De acordo com os analistas do Banco Safra, devem continuar apresentando resultados positivos as empresas dos seguintes setores:
- Construtoras
- Distribuidoras de Combustível
- Shoppings
- Varejo de Luxo
- Petróleo e Gás e
- Locadoras de Veículos.

