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Pesquisa revela dura rotina de trabalhadores da saúde

Com sobrecarga de trabalho na crise sanitária, profissionais da área médica ainda sofrem discriminação no transporte e até na vizinhança

pesquisa na saúde

Trabalhadores da saúde em hospital para pacientes de covid: pesquisa mostra condições de trabalho na linha de frente da pandemia | Foto: ae

Após um ano do início da crise sanitária causada pelo novo coronavírus, pesquisa mostra que profissionais da saúde no Brasil tiveram suas vidas completamente modificadas não apenas pelo sacrifício decorrente do enfrentamento da crise, mas também por experimentarem assédio moral e preconceito.

A conclusão é da pesquisa “Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19”, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em 2 mil municípios do território nacional.

Conforme a consulta, os profissionais estão esgotados, não só por causa da proximidade com o alto número de casos e de pacientes mortos, inclusive colegas, parentes e amigos, mas também por alterações significativas provocadas pela pandemia em suas relações de trabalho e com a sociedade.

Violência no trabalho e discriminação

Para Maria Helena Machado, coordenadora do estudo, ficou claro que 40% dos profissionais sofreram algum tipo de violência no ambiente de trabalho, uma situação que se agrava pela discriminação na própria vizinhança (33,7%) e no trajeto do trabalho para casa (27,6%).

“As pessoas consideram que o trabalhador transporta o vírus e, portanto, ele é um risco. Se não bastasse esse cenário desolador, os profissionais de saúde experimentam ainda a privação da liberdade de ir e vir, o convívio social e a privação do convívio familiar”, disse a coordenadora.

O levantamento foi classificado pela Fiocruz como o mais amplo sobre as condições de trabalho dos profissionais de saúde desde o início da pandemia.

Acúmulo de empregos

Segundo a Fiocruz, foram analisados o ambiente e a jornada de trabalho, o vínculo com a instituição, a vida do profissional na pré-pandemia e as consequências do atual processo de trabalho, envolvendo aspectos físicos, emocionais e psíquicos desses trabalhadores.

Quase 50% admitiram excesso de trabalho ao longo da crise sanitária, com jornadas acima de 40 horas semanais, além do acúmulo de empregos.

“Trabalham em ambientes de forma extenuante, sobrecarregados para compensar o elevado absenteísmo índice de faltas ao trabalho). O medo da contaminação e da morte iminente acompanha seu dia a dia, em gestões marcadas pelo risco de confisco da cidadania do trabalhador, medo de perdas dos direitos trabalhistas, terceirizações, desemprego, perda de renda, salários baixos, gastos extras com compras de equipamentos de proteção individual, transporte alternativo e alimentação.”

Necessidade de improvisação e despreparo

De acordo com a pesquisa, 43,2% dos profissionais de saúde não se sentem protegidos ao enfrentar a covid-19. Para 23% deles, o principal motivo desse temor está relacionado com a falta, escassez e inadequação do uso de equipamentos de proteção. Entre esses trabalhadores, 64% destacaram a necessidade de improvisar equipamentos.

O medo generalizado de se contaminar no trabalho foi apontado por 18% dos entrevistados; a falta de estrutura adequada para realização da atividade. por 15%; e fluxos de internação ineficientes, por 12,3%.

Além disso, 11,8% citaram o despreparo técnico de todos os profissionais envolvidos na atuação contra a pandemia. Mais de 10% denunciaram a insensibilidade de gestores para suas necessidades profissionais.

Enfermeiras são a maioria

O questionário elaborado pela Escola Nacional de Saúde Pública e pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz foi aplicado em todas as categorias profissionais da área de saúde.

Nessas categorias estão incluídos médicos, enfermeiros, odontólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, administradores hospitalares, engenheiros de segurança do trabalho e sanitaristas e um expressivo número de residentes e graduandos.

Os dados mostraram que a maior parte da força de trabalho é feminina (77,6%). A maioria das equipes é formada por enfermeiros (58,8%), seguida de médicos (22,6%), fisioterapeutas (5,7%), odontólogos (5,4%) e farmacêuticos (1,6%), com as demais profissões correspondendo a 5,7%. (Agência Brasil).

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