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Petrobras corta custos e inova para os novos tempos

Empresa reduz custo operacional e investe em combustíveis alternativos, explica o presidente Roberto Castello Branco

Plataforma da Petrobras na Baía de Guanabara

Plataforma da Petrobras no litoral do Rio de Janeiro / Foto: Getty Images

Maior empresa do Brasil, a Petrobras (PETR3) tem trabalhado fortemente na redução de custos e dívida, além de investir em inovação. A estratégia tem olhos voltados para as próximas duas décadas e visa tornar a companhia mais atraente para os investidores e lucrativa para o país.

Em 2019, a petroleira bateu os recordes de lucro e contribuição em impostos. A empresa registrou lucro líquido de R$ 40,1 bilhões e contribuiu com R$ 246 bilhões aos cofres públicos. Nos primeiros nove meses de 2020, devido à pandemia de covid-19, a companhia registrou prejuízo de R$ 52,8 bilhões. 

À frente da Petrobras há dois anos, Roberto Castello Branco celebra os bons resultados de sua gestão. Em entrevista à série Cenários, resultante da parceira entre Safra e Estadão, o executivo detalhou as principais ações para tornar a companhia resiliente em um ambiente de redução de demanda por petróleo.

“Ter um custo operacional baixo significa que eu vou resistir a um mundo de demanda estagnada ou até mesmo caindo, mas estarei em condições de sobrevivência. E se a Petrobras vai bem, é bom para o Brasil”, disse Castello Branco.

Austeridade

Reduzir o próprio tamanho, seja qual for a empresa, não é tarefa simples. Para um colosso como a Petrobras, é algo ainda mais complexo. Por isso, a companhia colocou em prática um extenso plano de desinvestimento, que envolve venda de ativos onde a mesma não é a ‘dona natural’. Ou seja: onde não é a melhor.

Um exemplo é a venda de refinarias. Atualmente, a Petrobras é dona de 15 refinarias, o que representa 98% do parque de refino existente no Brasil, de acordo com Castello Branco.

A empresa colocou à venda oito delas. O refino de petróleo é uma atividade de transformação industrial. Logo, opera com margens apertadas e exige custo de capital e pessoal baixos, fatores produtivos com os quais a empresa não trabalha.

A companhia deve reinvestir os recursos oriundos das vendas desses ativos na exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultra profundas. Atualmente, o custo da Petrobras na extração da commodity na camada do pré-sal, por exemplo, é de 2,30 dólares por barril.

“Eu tenho um ativo que me gera, na melhor das hipóteses, entre 6% e 7% de retorno (sobre o capital) ao ano. Vendo esse ativo e invisto em um que me rende mais de 15% ao ano. É a gestão de portfólio”, explicou Roberto Castello Branco.

Sobre as despesas, o executivo destacou o plano de demissão voluntária (PDV), iniciado há dois anos e que foi ‘turbinado’ no ano passado com a pandemia de covid-19. Ao todo, 11 mil dos mais de 46 mil funcionários aderiram ao plano.

Houve também corte de 25% de cargos comissionados. Ainda nessa seara, a Petrobras passou a reduzir o número de escritórios. A empresa começou 2019 com 23 prédios administrativos. Em janeiro de 2020, o número caiu para 17 prédios e até o final de março a expectativa é que sejam apenas oito edifícios.

Além de ‘cortar da própria carne’, a Petrobras prepara o futuro com base em uma busca incansável pela redução do endividamento. Segundo Castello Branco, a Petrobras pagou R$ 31,5 bilhões em dívidas entre 2019 e 2020.

Inovação

A nova dinâmica da economia mundial exige cada vez mais produtos e serviços enquadrados na agenda ESG (responsabilidade ambiental, social e de governança). Para se adequar a essa tendência, a Petrobras prepara o futuro investindo em novos combustíveis e processos mais eficientes.

Entre os projetos mais avançados está o do diesel renovável, que utiliza uma mistura de óleos vegetais com petróleo. Sua combustão emite 70% menos gases poluentes da atmosfera do que o diesel comum e 15% menos em relação ao biodiesel. A Petrobras aguarda parecer técnico do Conselho Nacional de Política Energética para iniciar o plano de inserção no mercado.

Outro produto que deve ser lançado em um futuro próximo pela petroleira é o Bioqav, querosene de aviação que também utiliza uma mescla de óleos de origem vegetal em sua composição.

Com relação aos processos, a Petrobras trabalha para acelerar o tempo de extração de petróleo do mar. De acordo com Roberto Castello Branco, o tempo médio entre a perfuração de um poço comum e a retirada é de 70 dias. No entanto, esse intervalo já chegou a ser 130 dias. O pré-sal, que tem uma operação mais complexa, pode chegar a 3 mil dias de preparação. Os pesquisadores da companhia trabalham para que esse tempo caia para mil dias.

“Todo projeto da Petrobras tem que ser resiliente, olhando para um preço de barril de petróleo em 35 dólares, no longo prazo”, afirma Castello Branco. “O curto prazo é muito importante, mas o longo prazo começa hoje. Estamos olhando para 2040 e tomando medidas. Essa é a nossa visão”, afirmou o presidente da Petrobras.

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