Fazenda eleva projeção do PIB 2024 após surpresa do 2º trimestre

O Ministério da Fazenda deve revisar para cima a projeção de crescimento econômico para este ano após o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre superar as estimativas da Secretaria de Política Econômica (SPE) e a projeção divulgada no Boletim Macrofiscal de julho.

O PIB cresceu 1,4% no segundo trimestre, e surpreendeu as estimativas de expansão de 0,90% projetadas pelo consenso de mercado na pesquisa da Bloomberg.

A avaliação do governo é de que o ritmo de expansão continuará acentuado puxado pelo mercado de trabalho aquecido e melhoria das condições de crédito. No entanto, chama atenção que “incertezas para esse cenário estão relacionadas, principalmente, a decisões de política monetária, que podem prejudicar a recuperação do mercado de crédito”.

“A projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024, atualmente em 2,5%, deverá ser revisada para cima, tornando-se mais próxima do crescimento observado em 2023”, informou a SPE em nota informativa para comentar o resultado do PIB que foi divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2023 o PIB cresceu 2,9%.

Na avaliação da secretaria, “prospectivamente, o ritmo de crescimento deve seguir acentuado, ainda guiado por impulsos vindos do mercado de trabalho aquecido e pelas melhores condições de crédito a famílias e empresas comparativamente ao ano anterior”.

“A expansão esperada para setores mais cíclicos e para a absorção doméstica devem direcionar o crescimento, sendo parcialmente contrabalançadas por expectativas de recuo da atividade agropecuária, desaceleração da produção extrativa e pela menor contribuição do setor externo”, informa a nota.

PIB 2024 é impulsionado pela indústria e serviços

Segundo a SPE, o resultado para o PIB mostrou que o ritmo de atividade seguiu em expansão no 2º trimestre, impulsionado pela recuperação da indústria de transformação e construção e pelo avanço dos serviços. Pela ótica da demanda, a expansão esteve relacionada ao maior crescimento do consumo das famílias, do governo e dos investimentos.

Sobre os impactos negativos das chuvas no Rio Grande do Sul na atividade, a SPE aponta que foram parcialmente mitigados pelas políticas de apoio às famílias, empresas e governos municipais e estadual, conforme esperado.

Especificamente sobre o 2º trimestre, a SPE ressalta que as atividades mais sensíveis ao ciclo monetário e de crédito contribuíram em maior magnitude para explicar a expansão, destacando o avanço da indústria de transformação, da produção de energia e gás e dos transportes. Já os componentes não cíclicos repercutiram o desempenho negativo da agropecuária da indústria extrativa, parcialmente contrabalanceados pelo melhor desempenho de serviços prestados pela administração pública e de atividades financeiras.

A secretaria também menciona que a aceleração do consumo das famílias refletiu o maior ritmo de expansão das concessões de crédito, do rendimento real e da geração líquida de vagas de empregos, principalmente formais.

Investimentos atingem maior patamar desde 2015

Os investimentos na economia brasileira atingiram o maior patamar desde o primeiro trimestre de 2015, segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. No segundo trimestre de 2024, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) mostrou alta de 2,1% em relação aos três primeiros meses de 2024 e de 5,7% ante o segundo de 2023.

Outros aspectos foram a boa conjuntura econômica com ocupação em alta, renda em expansão e consumo interno aquecido, o que eleva a quantidade de encomendas à indústria e favorece a produção de máquinas e equipamentos, que são considerados investimentos. (Valor Econômico)