PIB supera previsão e cresce 0,9% no terceiro trimestre
O crescimento do PIB no terceiro trimestre mostra crescimento de 4% em comparação ao ano passado; crescimento foi puxado por Serviços (0,9%) e Indústria (0,6%)
03/12/2024O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu (0,9%) no terceiro, em comparação com o trimestre anterior. As altas nos Serviços (0,9%) e na Indústria (0,6%) contribuíram para essa taxa positiva, enquanto a Agropecuária recuou 0,9% no período. O resultado veio acima da media nas expectativas, que era de 0,8%. Na comparação com o mesmo período de 2023, o crescimento foi de 4%. A expectativa de consenso de mercado também era menor, de 3,9%.
Em valores correntes, foram gerados R$ 3,0 trilhões. De janeiro a setembro, o PIB acumulou alta de 3,3%, enquanto nos últimos quatro trimestres, a alta foi de 3,1%. Frente ao 3º trimestre de 2023, o indicador cresceu 4,0%. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, do IBGE.
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O desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deverá fazer com que o governo federal revise para cima a sua projeção para o crescimento da atividade econômica em 2024, afirmou a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda em nota técnica publicada nesta terça-feira (03).
Atualmente, o Ministério da Fazenda projeta expansão de 3,3% para o PIB deste ano, estimativa que “deverá ser revisada para cima, repercutindo perspectivas de maior crescimento para a indústria e para os serviços”, segundo a pasta.
De acordo com a SPE, os números do trimestre passado “mostraram que a economia brasileira seguiu em ritmo robusto de expansão mesmo com menores impulsos fiscais, impulsionada pelo bom desempenho da indústria de transformação e construção e pelo crescimento na prestação de serviços diversos”.
“Pela ótica da demanda, essa expansão se refletiu em forte expansão do consumo das famílias e, principalmente, do investimento”, disse. Para este quarto trimestre, a perspectiva também é de crescimento, “embora com desaceleração” em relação ao desempenho dos três meses anteriores.
“A política monetária mais contracionista deverá restringir o ritmo de expansão das concessões de crédito e dos investimentos”, disse. “Ainda assim, impulsos positivos devem vir do mercado de trabalho, que deverá seguir resiliente, estimulando a produção e o e consumo das famílias.”
No caso de 2025, “destaca-se a boa perspectiva para setores menos cíclicos, como a agropecuária e a produção extrativa”. “O bom desempenho dessas atividades deve ajudar a mitigar a desaceleração esperada para as atividades cíclicas, mais impactadas pelo aumento dos juros e pelos menores estímulos fiscais”, afirmou.
Carrego estatístico
O desempenho PIB no terceiro trimestre deixa uma herança estatística de 3% para a atividade econômica neste ano, destacou a Secretaria de Política Econômica. O PIB cresceu 0,9% no terceiro trimestre.
A herança estatística em questão significa que, se a atividade econômica encerrar o ano no mesmo patamar em que terminou setembro, o PIB crescerá 3% em 2024, em relação a 2023. Até a divulgação dos dados do terceiro trimestre, nesta terça-feira, a SPE calculava que a herança estatística era de 2,5%.
Na divisão por setores, a herança estatística agora é positiva em 3,2% para a indústria e 3,7% para os serviços e negativa em 0,9% para a agropecuária.
Contas Nacionais
Na divulgação do terceiro trimestre das Contas Nacionais Trimestrais, o IBGE tem a rotina de realizar uma revisão mais abrangente que incorpora os novos pesos das Contas Nacionais Anuais de dois anos antes. Porém, em virtude do projeto de mudança do ano base do Sistema de Contas de 2010 para 2021, houve um trabalho adicional levando à definição de um período de transição em que a divulgação da série anual é suspensa temporariamente. Sendo assim, os resultados apresentados trazem revisões referentes a 2023 e 2024, por conta das modificações nos dados primários.
Com isso, o resultado do PIB para o ano de 2023, anteriormente um crescimento de 2,9%, foi revisto para 3,2%, com revisões, sob a ótica da produção, em Serviços (de 2,4% para 2,8%), na Indústria (de 1,6% para 1,7%) e na Agropecuária (de 15,1% para 16,3%).
“Na Agropecuária, a diferença entre o resultado revisto e o original pode ser explicada, em grande parte, pela incorporação de novas fontes estruturais anuais do IBGE que não estavam disponíveis na compilação anterior, como a Produção Agrícola Municipal, a Produção da Pecuária Municipal e a Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura. Essas pesquisas foram incorporadas em substituição aos dados de pesquisas conjunturais” explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Informação, comunicação e indústrias de transformação foram destaques
Nos resultados do 3º trimestre de 2024 frente ao trimestre imediatamente anterior, dois dos três grandes setores econômicos sob a ótica da produção avançaram: Serviços (0,9%) e Indústria (0,6%). Já a Agropecuária registrou queda de 0,9% no período.
Nos Serviços, cresceram: Informação e comunicação (2,1%); Outras atividades de serviços (1,7%); Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%); Atividades imobiliárias (1,0%); Comércio (0,8%); Transporte, armazenagem e correio (0,6%) e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,5%).
Na Indústria, houve alta de 1,3% nas Indústrias de transformação. Por outro lado, caíram: Construção (-1,7%); Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,4%) e Indústrias extrativas (-0,3%).
Pela ótica da demanda, o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) cresceu 2,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Na mesma comparação, a Despesa de Consumo das Famílias aumentou 1,5% e a do Governo cresceu 0,8%.
No que se refere ao setor externo, houve queda nas Exportações de Bens e Serviços (-0,6%) e alta nas Importações de Bens e Serviços (1,0%) em relação ao segundo trimestre de 2024.
PIB cresce 4,0% frente ao mesmo período do ano passado
Na comparação com o mesmo trimestre de 2023, o PIB cresceu 4,0%, 15ª alta consecutiva nesta base de comparação.
“Assim como no crescimento contra o trimestre imediatamente anterior, nessa comparação interanual, destacam-se as atividades de serviços: Informação e comunicação puxados por internet e desenvolvimento de sistemas além de telecomunicações; Outras atividades de serviços influenciadas por serviços profissionais e serviços prestados às famílias e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados alavancadas pelo aumento de crédito e dos seguros”, detalha Rebeca.
A Agropecuária registrou queda de 0,8% frente a igual período em 2023. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) divulgado em novembro mostrou que alguns produtos, cujas safras são significativas no terceiro trimestre, apresentaram queda na estimativa de produção anual e perda de produtividade, como cana (-1,2%), milho (-11,9%) e laranja (-14,9%). Esses recuos suplantaram o bom desemprenho de culturas como algodão (14,5%), trigo (5,3%) e café (0,3%), que também possuem safras relevantes no período.
Na Indústria, a alta foi de 3,6% frente ao terceiro trimestre do ano passado. Destaque para Construção (5,7%), corroborado tanto pela alta da ocupação como da produção dos insumos típicos dessa atividade. As Indústrias de transformação (4,2%) obtiveram expansão, influenciadas, principalmente, pela fabricação de veículos automotores; outros equipamentos de transporte; móveis e produtos químicos.
Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos cresceu 3,7%, favorecida pelo maior consumo de eletricidade, apesar das bandeiras tarifárias mais desfavoráveis. Houve queda apenas nas Indústrias extrativas (-1,0%), devido à queda da extração de petróleo e gás.
Já o setor com maior peso no PIB, o de Serviços, avançou 4,1% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Todas as suas atividades ficaram no campo positivo: Informação e comunicação (7,8%); Outras atividades de serviços (6,4%); Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (5,1%); Comércio (3,9%); Atividades imobiliárias (3,1%); Transporte, armazenagem e correio (2,5%) e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,7%). (Com informações do IBGE e Valor Econômico)