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Por que o dólar não cai?

Valorização do real exige melhora do ambiente econômico e redução de incertezas para atrair recursos externos. Leia análise do Safra

Notas de dólar e real sobrepostas

Pouca entrada de investimentos diretos e consequente alta do dólar refletem crescimento econômico moderado à frente | Foto: Getty Images

As contas externas brasileiras permaneceram equilibradas em julho. O déficit em transações correntes, que mede o fluxo de bens, serviços e rendas do Brasil com o exterior, tem se mantido baixo. Porém, o mesmo acontece com a entrada de capitais, o que não contribui para uma maior apreciação do câmbio e queda do dólar.

Essa combinação deverá persistir nos próximos trimestres, com bom desempenho da balança comercial e pouca pressão na de serviços, inclusive serviços da dívida.

No entanto, também deve permanecer a pouca entrada de investimentos diretos ou em carteira, refletindo a incerteza do cenário prospectivo e crescimento econômico moderado à frente.

O dólar pode ceder?

A apreciação da taxa de câmbio exige uma melhora do ambiente econômico e redução das incertezas para atrair um fluxo substancial de recursos externos.

A credibilidade fiscal e a garantia de estabilidade na tributação tendem a ser fatores importantes nas decisões de investimentos no Brasil, por conta de investidores e exportadores.

O maior ingresso de capitais e a apreciação do câmbio que ele poderia promover ajudariam no combate da inflação, evitando provavelmente um ciclo de aumento de juros excessivo ou freios ao crescimento econômico à frente.

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Nos últimos doze meses, o ingresso de investimento direto atingiu 3% do PIB, ante 3,7% em 2019 e 4,1% em 2018.

O investimento líquido em ações atingiu US$ 3,4 bilhões nesse ano, enquanto os investimentos em fundos apresentaram saída de US$ 10,5 bilhões no período.

Os investimentos em títulos de dívida melhoraram, beneficiados pelo aumento do diferencial da taxa de juros em relação ao dólar americano. O efeito líquido foi uma pequena entrada de capitais.

A taxa de câmbio que equilibra a situação de pouco ingresso de capital é em geral menos valorizada do que aquela contemporânea a grandes entradas.

A pouca entrada de capital também exige baixo déficit em conta corrente, traduzido por exemplo em importantes superávits comerciais.

O câmbio pouco valorizado estimula esse superávit, garantindo o equilíbrio das contas externas sem necessidade de vendas de reservas internacionais.

Saiba mais

Vale destacar que, no último ano, a entrada de capital por conta das exportações tem sido menor do que o valor das exportações embarcadas.

Isso releva a preferência do exportador em manter recursos no exterior, ao invés de interná-los para financiar investimentos no país ou de outra forma estimular a absorção interna.

Utilizando a taxa de câmbio de R$ 5,35 e R$ 5,45 por dólar em 2021 e 2022, respectivamente, estimamos superávit comercial de US$ 75 bilhões nesse ano e US$ 71 bilhões no próximo.

Isso implica em um pequeno déficit de conta corrente de 0,8% do PIB em 2022, compatível com entrada moderada de capitais sem pressões nas reservas internacionais.

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