Preço da carne garante mais um trimestre positivo para os frigoríficos
Os preços da carne estão muito favoráveis para as empresas do setor, devido à forte demanda global, enquanto os custos dos grãos também favorecem os resultados
06/02/2025
Banco Safra não espera mudança relevante com impacto significativo no equilíbrio positivo entre oferta e demanda para os frigoríficos | Foto: Getty Images
O Banco Safra projeta mais um trimestre positivo para os mercados de carne suína e de frango, ainda impulsionando um desempenho sólido globalmente para os frigoríficos brasileiros. JBS (JBSS3) e BRF (BRSF3) devem, mais uma vez, ser os destaques, segundo a análise setorial do Safra.
Os preços da carne estão muito favoráveis para as empresas do setor, devido à forte demanda global, enquanto os custos dos grãos também permanecem altamente favoráveis.
Na América do Sul, o Safra espera um aperto nos spreads de carne bovina no atual, impactando as margens (especialmente as exportações) no quarto trimestre de 2024, à medida em que se inicia o ciclo de retenção de vacas no Brasil, elevando os preços do gado.
A Austrália deve continuar a se sair muito bem com uma abundante oferta de gado, enquanto a carne bovina dos EUA, por outro lado, deve ter um desempenho fraco devido à menor disponibilidade de gado.
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Preço da carne: especialistas não esperam mudança na oferta e demanda
Do lado da oferta de carne, o Safra não espera nenhuma mudança relevante com impacto significativo no equilíbrio positivo entre oferta e demanda visto para os frigoríficos, exceto pela menor disponibilidade de gado no Brasil devido à reversão do ciclo do gado.
Este cenário deve proporcionar um sólido resultado geral e geração de fluxo de caixa para os frigoríficos. O Safra espera que a JBS e a BRF sejam os destaques entre os frigoríficos, seguidos por Marfrig (MFGR3), enquanto Minerva (BEEF3) deve entregar um resultado com menos brilho neste trimestre.
A JBS continua sendo a principal escolha do Safra devido à sua diversificação, histórico de execução, geração de caixa e momento favorável de resultados consolidados.
Minerva (BEEF3)
O início do ciclo de retenção de vacas deve prejudicar a margem EBITDA da Minerva. A margem EBITDA ajustada deve ser amplamente impactada pelos preços mais altos do gado, especialmente no Brasil, enquanto os preços da carne bovina não melhoraram no mesmo ritmo. O Safra espera volumes sólidos impulsionados pelo fechamento da aquisição dos ativos da Marfrig em outubro de 2024, que foi parcialmente compensado pela redução da utilização da capacidade devido à sazonalidade e aos custos crescentes do gado. Fora do Brasil, o Safra espera um desempenho semelhante ao visto no trimestre anterior, com volumes sólidos e receita líquida a/a, pois não espera os efeitos negativos vistos no 4T23 devido ao impacto da hiperinflação na Argentina. Como resultado, a receita líquida deve atingir R$10.035 milhões (+18% t/t), com EBITDA ajustado de R$809 milhões (+1% t/t) e uma margem de 8,1% (-192bps a/a e -132bps t/t).
JBS (JBSS3)
Os negócios de frango e porco devem ser o destaque do trimestre mais uma vez. Nota: Todos os comentários estão em IFRS (Normas Internacionais de Relatório Financeiro), a menos que indicado de outra forma.
Nos EUA, a indústria de carne bovina permaneceu desafiadora no 4T24, com os altos preços do gado pressionando as margens, levando a JBS Beef North America a continuar sendo a retardatária entre as divisões. O safra espera receita líquida de R$37.048 milhões (+19% a/a e +6% t/t), com margem EBITDA ajustada de 0,5% (+207bps a/a e -136bps t/t). A JBS Austrália deve continuar a se sair muito bem com a disponibilidade favorável de gado mantendo margens saudáveis, enquanto a demanda por carne bovina permanece sólida.
O Safra espera receita líquida de R$10.926 milhões (+27% a/a), com margem EBITDA ajustada de 8,5% (-181bps a/a). Os dados do mercado dos EUA continuam a mostrar tendências favoráveis para os spreads de frango e porco, dados os preços consideravelmente mais baixos dos grãos.
Como resultado, JBS USA Pork e Pilgrim’s Pride (PPC) devem se beneficiar e reportar resultados sólidos, apresentando margens de 11,5% (+222bps a/a) e 15,0% (+523bps a/a), respectivamente.
Da mesma forma, a Seara deve apresentar outro trimestre sólido, embora ligeiramente pior t/t, pois continuamos a ver spreads favoráveis de carne suína e de frango no Brasil, com a taxa de câmbio beneficiando os resultados do 4T24.
Isso deve levar a uma margem EBITDA ajustada de 20,3% (+1.389bps a/a). Além disso, a JBS Brasil deve continuar a apresentar um sólido crescimento da receita líquida, embora a margem EBITDA ajustada deva cair 560bps t/t para 6,0% (+14bps a/a) devido aos preços mais altos do gado. Como resultado, o EBITDA consolidado deve atingir R$10.260 milhões (+101% a/a), com uma margem de 8,9% (+364bps a/a).

