Pressão nos custos da indústria e repasse do IPI
Desconto no IPI não deve conter os incrementos recentes nos custos de produção, acentuados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia
08/03/2022O anúncio da redução de até 25% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no final de fevereiro foi bem recebido pela indústria e por redes varejistas. No entanto, os descontos não devem conter os incrementos vistos nos últimos meses sobre os custos de produção, que foram acentuados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.
Os impactos sobre os custos, que ocorrem desde o início da pandemia, está ligado a efeitos de suspensão temporária de indústrias, desarranjos nas cadeias produtivas, alta da matéria-prima, custos com energia, logística e frete.
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Este último ganhou relevância nos últimos meses, devido à falta de contêineres no transporte marítimo, falta de espaço nos portos em várias regiões do mundo e, mais recentemente, pelo aumento no preço do barril de petróleo.
De forma a manter a demanda por seus produtos, a indústria absorveu o aumento nos custos e não repassou integralmente ao consumidor final.
Repasse do desconto de IPI é incerto
Com a alteração do IPI, o efeito no preço praticado para as redes varejistas deve ser sentido rapidamente, mas para os consumidores o repasse irá depender do nível de estoque de cada rede e a estratégia de comercialização adotada.
Os produtores instalados na Zona Franca de Manaus (ZFM), isentos da cobrança do IPI, estão receosos quanto à nova medida, uma vez que podem perder competitividade com a redução do tributo atingindo também os bens importados. Isso pode resultar em menor atratividade dos investimentos e a permanência das fábricas na ZFM.
Mesmo diante do cenário de incerteza, a Associação Brasileira da Indústria Eletrônica (Abinee) projeta um ano favorável para o setor, com um crescimento real estimado em 2% para o ano de 2022.