Primeiro helicóptero em Marte prepara decolagem

Um mini-helicóptero de 1,8 kg viajou para Marte embalado sob a barriga da nave Perseverança, e deve decolar para seu primeiro vôo no Planeta Vermelho a partir do dia 8 de abril.

O drone científico chamado Ingenuity vai demonstrar que voar em outro planeta é possível.

Funcionários da Nasa anunciaram esta semana que escolheram o local para o primeiro vôo, ao norte de onde a nave pousou.

“A área precisa ser plana”, disse ao New York Times o engenheiro da Nasa Havard Grip, que atua como piloto-chefe dos voos da Ingenuity. “E precisa ter poucos obstáculos que podem representar um perigo para o helicóptero no pouso”.

Funcionários da Nasa descreveram a experiência como um “momento dos irmãos Wright” para exploração espacial, em referência ao avião da família Wright de 1903, que os americanos consideram o primeiro vôo de um artefato mais pesado que o ar.

Dificuldades para voar em Marte

Voar em Marte não é um esforço trivial. Na superfície de Marte, a atmosfera tem apenas 1/100 da densidade da Terra.

A gravidade menor – um terço da terrestre – ajuda a ficar no ar. Mas decolar da superfície de Marte é comparável a voar a uma altitude de 30 mil metros de altura na Terra. É mais de duas vezes a altura média dos aviões a jato.

O primeiro voo deve ser apenas uma decolagem de cerca de três metros de altura seguida de pouso após cerca de 30 segundos.

A engenhoca fará até cinco voos. Os três primeiros foram projetados para testar as capacidades básicas do helicóptero. Os dois últimos voos poderiam viajar mais longe, mas os funcionários da NASA não quiseram especular quanto mais longe.

Desde a chegada da nave Perseverança a Marte, em 18 de fevereiro, dentro de uma cratera chamada Jezero, engenheiros têm verificado a espaçonave e seus instrumentos. Isso inclui disparar um laser que vaporiza rocha e solo para identificar elementos químicos.

Microfones gravam os sons de Marte

Dois microfones em Perseverança gravam dos sons do planeta vermelho, incluindo o sussurro dos ventos.

Os cientistas já detectaram sinais de erosão do vento em algumas rochas. Outras rochas pareciam ter moldado pelo fluxo de água.

Para observar a paisagem do alto, o helicóptero tem hélices de fibra de carbono que giram oito vezes mais rápido do que helicópteros comum — a 2,4 mil rotações por minuto.

O drone carrega células solares fotovoltaicas, baterias, duas câmeras (uma colorida e outra monocromática) sistemas de navegação e operacionais.

Devido à distância da Terra, um sinal enviado de marte pode levar entre 3 e 22 minutos, dependendo da posição dos planetas em suas órbitas. Por isso, os vôos do helicóptero são programados previamente e ele voará de maneira autônoma e sem supervisão.

Se a missão for um sucesso, no futuro outros helicópteros poderão ser enviados como observadores para as futuras missões humanas.