O cenário de valorização recorde do dólar em relação ao real, somado à perspectiva de apreciação frente ao euro e yuan mantém a visão de que a moeda norte-americana é a principal escolha para alocação de renda variável no momento.
A análise é de Mário Torós, sócio da Ibiuna Imvestimentos e participante do encontro “Brasil: Cenário e perspectivas para 2025”, realizado pelo Safra Private Banking. Ao lado de Joaquim Levy, diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra, e Paulo Hartung, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), ele analisou o ambiente macroeconômico para o investir em posições estrangeiras.
Para Torós, com a elevação do dólar ao patamar de R$ 6, o investidor deve seguir o processo de exposição aos ativos americanos de forma gradual. “Venho aumentando a locação em moeda estrangeira. A dúvida é se devo aumentar agora com esse preço (do dólar)? A reposta é sim. Não faria tudo de uma vez. Eu continuaria o processo paulatino de alocação”.
Com R$ 17 bilhões em ativos sob gestão distribuídas em fundos Macro, Ações, Crédito e Quantitativo, a gestora tem posições que apostam na valorização da moeda dos EUA (long dólar) frente ao euro e ao yuan (China).
Com o início do governo de Donald Trump, a casa trabalha com a expectativa de que os EUA imponham tarifas relevantes sobre produtos estrangeiros, principalmente chineses. Juntamente à perspectiva de três a seis quedas no intervalo da taxa de juros americana – hoje em 4,50 a 4,75% ao ano – isso deve levar a uma valorização das bolsas dos EUA, como S&P 500 e Nasdaq.
“De fato é razoável que nesse processo de barganha política o lado chinês deixe a moeda ir desvalorizando. Embora isso seja um pouco contraditório em visão de bolsa, a gente acha que as bolsas estão caras, mas que vão ficar mais caras ainda”, disse Torós.
Perguntado sobre a visão para o ouro, que só neste ano valorizou mais de 20%, Torós afirma que os fundamentos que justificariam uma nova alta do metal, considerado um porto seguro em momentos de incerteza, não estão bem alocados. “Prefiro estar na Bolsa”.