Produção de veículos tem o pior outubro em cinco anos
No total, 177,9 mil unidades foram montadas, queda de 24,8% ante o mesmo mês de 2020. Falta de peças continua a castigar indústria
08/11/2021A falta de componentes eletrônicos nas linhas de montagem se traduziu no mês passado no pior outubro na produção de veículos em cinco anos.
No total, 177,9 mil unidades foram montadas, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira, 8, pela Anfavea, entidade que representa as montadoras.
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Desde outubro de 2016, quando foram fabricados 177,6 mil veículos, não se via volume tão baixo para o mês.
Na comparação com o mesmo mês de 2020, a queda foi de 24,8%.
Embora o resultado tenha sido 2,6% superior ao de setembro, a atividade segue comprometida na indústria de veículos pela falta de peças, tendo como maior gargalo a insuficiência de componentes eletrônicos, um problema global.
No acumulado desde janeiro, a diferença em relação a 2020 é positiva, com alta de 16,7%, num total de 1,83 milhão de veículos produzidos.
Porém, a própria Anfavea não descarta a possibilidade de esse crescimento cair para a casa de um dígito no resultado final deste ano.
Falta de componentes eletrônicos
Juntamente ao dados de produção de veículos, a Anfavea divulgou nova projeção para a normalização no fornecimento de componentes eletrônicos à indústria.
Segundo a entidade, a situação deve continuar ruim ao longo do próximo ano.
“Estávamos considerando estabilização a partir do segundo semestre de 2022, porém temos uma atualização indicando que isto só deve acontecer em 2023. Portanto, 2022 continuará sendo um ano de grandes desafios na questão da entrega de semicondutores chips ao setor automotivo”, comentou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, em entrevista coletiva.
A previsão tem como base um acompanhamento periódico que vem sendo feito pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) e que agora estima em mais de 5 milhões de unidades o total de veículos que deixarão de ser produzidos no mundo inteiro em 2022.
A regularização completa do abastecimento de semicondutores, o item que para as fábricas de carros, não deve acontecer antes de 2023, segundo conclusão do estudo.
No entanto, Moraes afirmou que a intenção do setor é entregar mais de 70 mil carros para as locadoras - que estão entre os principais clientes - nos últimos dois meses do ano.
Se alcançado o objetivo, um total de 400 mil veículos serão entregues ao segmento, de onde partiram as maiores reclamações públicas pela longa fila de espera.
Produção impacta as vendas de veículos
Com a falta de carros nas concessionárias, as vendas de veículos recuaram 24,5% em relação a outubro do ano passado, para 162,3 mil unidades - também o menor resultado para o mês em cinco anos.
Frente a setembro, as vendas subiram 4,7%, mas a base de comparação aqui é fraca, já que o mês anterior a outubro é o pior do ano até agora.
De janeiro a outubro, as vendas de veículos somaram 1,74 milhão de unidades, alta de 9,5% no comparativo interanual porque o choque da chegada da pandemia entre os meses de abril e junho do ano passado foi pesado.
Ainda assim, a Anfavea adianta que essa diferença também deve ser reduzida até dezembro, com chance de o ano fechar no vermelho.
Exportações e empregos
Do lado das exportações, que somaram 29,8 mil veículos no mês passado, o balanço das montadoras mostra queda de 14,6% frente a outubro do ano passado.
Contra setembro, houve alta de 26,1% nos embarques, e no ano o total exportado chega a 306,8 mil, 26,8% acima dos dez primeiros meses de 2020.
Para completar, a Anfavea informa que a indústria de veículos fechou 410 vagas de trabalho em outubro, empregando no fim do mês 102,6 mil pessoas.
Como acontece desde o início do ano, a associação segue sem divulgar os resultados dos fabricantes de tratores agrícolas e máquinas de construção, também sócios da Anfavea.
Em razão do desligamento da John Deere da entidade, toda a série estatística do setor passa por revisão. (AE)