Redução da tarifa de importação do aço gera discussão entre setores
Medida adotada para conter a inflação agradou o setor de construção civil, mas gerou discordâncias entre os produtores de aço
12/05/2022
O governo anunciou na quarta-feira a redução nas tarifas de importação de alguns produtos, dentre eles o aço, que teve a alíquota reduzida de 10,8% para 4%. A medida, que visa desacelerar a inflação, agradou o setor de construção civil, mas gerou discordâncias entre os produtores de aço, que vê pouca eficácia para o controle da inflação.
O sindicato das construtoras do estado de São Paulo aponta que no Brasil o mercado do aço é concentrado em poucos produtores, deixando as construtoras sem opções e obrigadas a pagar um preço superior. A medida é válida ao viabilizar a importação do material, oferecendo uma alternativa em um momento de escalada de preços.
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De acordo com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o preço do aço é o maior responsável pelo aumento do custo das obras de construção nos últimos anos. No caso de construções populares, estima-se que o aço represente cerca de um terço dos custos com materiais.
Mesmo que o preço do aço esteja atrelado ao preço das commodities minerais, ainda na visão da CBIC, o preço do material no mercado interno teve valorização superior à da commodity e, portanto, há espaço para corte de preço.
Já na avaliação do Instituto Aço Brasil, o mercado nacional está bem abastecido e não há especulação sobre o preço do aço. Além disso, a redução da tarifa vai de encontro ao que países produtores de aço fazem para proteger suas indústrias.
O instituto cita o exemplo dos Estados Unidos e Europa. A entidade também questiona o possível efeito que teria na inflação, tendo em vista que o vergalhão do aço representa apenas 0,03 p.p. no IPCA.
Diante de toda essa discussão, acreditamos que a medida governamental servirá mais como um auxílio em um momento de estresse econômico e alta inflacionária. Quanto ao aço, a redução na tarifa pode limitar os ajustes no preço, mas a valorização das commodities continuará pressionando a indústria.