Reforma Tributária preocupa empresas do setor de saneamento
Reforma Tributária aumenta tributação do setor de saneamento e preocupa investidores; executivos defendem equiparação do saneamento ao setor de saúde
24/09/2024A Reforma Tributária e seus impactos foi um dos destaques do painel que abordou o setor de saneamento na J. Safra Brazil Conference, evento anual mais importante do Banco Safra. O painel teve a participação de Augusto Miranda, CEO da Equatorial Energia, e Roberto Barbuti, CEO da Iguá Saneamento. A mediação foi de Maria Carolina Carneiro, head de Research do Banco Safra.
“O setor foi muito prejudicado na redação final”, aponta Barbuti. Na nova regra, o setor pagaria o total da carga representada pela Contribuição sobre bens e Serviços (que substitui o PIS/Cofins e IPI na reforma). Hoje, o equivalente a essa tarifa não é paga. Com isso, seria necessário um reequilíbrio relevante, de aproximadamente 18%, segundo os empresários do setor.
Para o executivo da Iguá Saneamento, a situação fere o princípio da neutralidade. “Deveriam equiparar saneamento ao setor de saúde, que fica próximo de 27%. Saneamento é saúde”, afirma. Além disso, os aumentos na conta devem acabar onerando o consumidor, com potencial de aumentar a inadimplência.
A tarifa social ampliada para todos do CAD-Único é outra mudança em andamento. Os não beneficiários devem sentir um impacto importante, especialmente em regiões como Norte e Nordeste, com mais cadastrados. Estima-se no setor um aumento de aproximadamente 20% nessas regiões como efeito dessa ampliação.
Sabesp e mercado de capitais de Renda Fixa têm potencial
O Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que o saneamento é o novo pré-sal, pela capacidade de gerar investimentos”. Barbutti e Miranda falaram sobre a visão do setor sobre o tema. O CEO da Equatorial Energia tem, inclusive, um vínculo importante com investimento em saneamento em São Paulo. A empresa se tornou o investidor referência da Sabesp, em privatização concluída neste ano.
“A Sabesp tem um quadro formidável e um potencial grande. Quebra as amarras estatais”, afirma Miranda. A empresa era observada pela Equatorial desde 2019 o investimento se deu pela possibilidade de replicar práticas adotadas anteriormente pela empresa em outros investimentos. “Não tenho dúvidas que teremos resultados. É uma empresa pouco alavancada e com potencial de crescimento, com ganho de escala” conclui o executivo.
Barbutti, da Iguá Investimentos, comenta que as empresas do setor costumam ter uma alavancagem mais alta no momento de investimentos, pois precisam financiar outorgas e despesas de capitais para cumprir contratos.
Sobre focos de investimentos, o executivo indicou um mercado de capitais de Renda Fixa mais profundo, com prazos longos e boa capacidade para investimentos. “As taxas ainda são mais altas considerando infraestrutura e poderiam ser mais competitivas”, contrapõe.