close

Risco político afeta desempenho das ações da Petrobras

Até maio, o barril do Brent se valorizou mais de 50%; papéis da Petrobras subiram 28,46% e os das concorrentes, em média 50%

Prédio da Petrobras

Risco político e proximidade das eleições deixam as ações da Petrobras mais voláteis | Foto: Getty Images

O risco de interferência na governança da Petrobras faz com que a empresa seja uma das menos atrativas dentro do setor de petróleo, que é favorecido pelo cenário de alta do petróleo. Comparando às concorrentes, o valor de mercado da estatal não apresenta o mesmo ritmo de crescimento proporcionado pelo aumento na cotação petróleo.

Até maio, o barril do Brent, referência mundial para preços, segue acima de US$ 117 e subiu mais de 50%. Em contrapartida, os papéis da Petrobras subiram 28,46%. O preço da ação fechou o mês de maio em R$ 30,06.

Saiba mais

“Petrobras não acompanhou o desempenho do Brent, ao contrário das concorrentes americanas”, disse Cauê Pinheiro, estrategista de renda variável do Banco Safra. Ele atribui isso à incorporação do risco político.

Só neste ano, o presidente Jair Bolsonaro indicou três pessoas para assumir o comando da Petrobras. Na última interferência no comando da empresa, o atual presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho, ficou na cadeira por 40 dias.

O Conselho de Administração da Petrobras, no entanto, não deliberou a troca imediata da presidência da estatal. Bolsonaro havia indicado Caio Mário Paes de Andrade, da equipe do ministro Paulo Guedes.

Enquanto isso, as ações da Chevron, por exemplo, subiram 53% de janeiro a maio. As da ConocoPhillips avançaram 62% no período.

As petroleiras com ações na Bolsa Brasileira também tiveram um desempenho melhor do que a Petrobras nos cinco meses deste ano. A 3R Petroleum se valorizou 45% e a PetroRio, 36,43%.

“O risco de governança e de interferência na política de preços reduz a atratividade dos papéis da Petrobras frente os seus concorrentes”, afirmou Pinheiro. “Além disso, o potencial aumento de impostos para o setor também afeta as ações da companhia.”

Está em tramitação no Congresso o projeto de lei (PL) complementar que fixa um teto de 17% para o ICMS sobre energia elétrica, combustíveis, gás natural, querosene de aviação, transporte coletivo e telecomunicações. 

A medida pode retirar até R$ 62,5 bilhões dos cofres estaduais e municipais por ano. Por isso, governadores já enviaram proposta para aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 9% para 20%. A contribuição paga pelas petroleiras pode ter a alíquota elevada para até 30%, dependendo do cenário.

Além desse impasse no Legislativo e na troca de comando, a Petrobras vem adiando os reajustes de combustíveis necessários para repassar os aumentos de custos.

Para Marcelo de Assis, da Wood Mackenzie, a pressão do governo para segurar o aumento dos preços para depois da eleição pode causar forte impacto no caixa da Petrobras, que terá de importar o óleo a preço de mercado e vender “subsidiado”.

“O grande problema é a sinalização de preços, pois se não houver reajuste a Petrobras vai perder valor”, disse. “A paridade de preços não está sendo executada.”

A defasagem média do diesel e da gasolina comercializados no mercado interno chega a 10% e 14%, respectivamente.

Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de combustíveis (Abicom), em alguns portos brasileiros a defasagem da gasolina chega a 16% e a do diesel, a 11%.

Para alinhar os preços, a Petrobras teria de aumentar o litro da gasolina em R$ 0,62 e o diesel em R$ 0,55. O último reajuste da gasolina foi no dia 11 de março.

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra