Leilão da Rota do Zebu envolve investimentos de R$ 4,3 bilhões
Os especialistas do Safra avaliam que as concessionárias CCR e Ecorodovias devem manter sua postura conservadora ao participar dos próximos leilões, como o da Rota do Zebu
24/10/2024O Banco Safra divulgou relatório sobre o leilão da rodovia BR-262 com pedágio que ocorrerá no dia 31 de outubro. A rodovia a ser leiloada, também conhecida como Rota do Zebu, tem 439 km de extensão e liga as cidades de Uberaba e Betim, em Minas Gerais.
O projeto envolve investimentos de R$ 4,3 bilhões e despesas financeiras de R$ 3,6 bilhões, tem prazo de 30 anos e TIR estimado em 9,21% (real e sem alavancagem). O vencedor do leilão deve ser o licitante que ofereça o maior desconto tarifário, limitado a 18%, com o excedente sendo depositado em uma conta de garantia em nome da concessão.
A BR-262 é atualmente administrada pela Triunfo Concebra, que assinou em 2014 um contrato de concessão para um pacote
composto pelas rodovias BR-060, BR-153 e BR-262. Alegando desequilíbrios financeiros causados pela quebra do acordo pelo
governo, que impossibilitou os investimentos exigidos pelo contrato de concessão, a empresa solicitou o retorno dos ativos ao governo federal.
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A solicitação da empresa foi aceita pelo governo em 2022, e assinou um aditivo contratual para manter a operação até que o processo de relicitação das rodovias fosse concluído.
Após a conclusão dos estudos, o projeto para o BR-262 foi aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em maio de 2024. Sua relicitação foi aprovada pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) em julho de 2024, que publicou um aviso que fixou o leilão para 31 de outubro.
O novo edital de leilão para o projeto BR-262 requer diversas obras, das quais o Safra destaca:
- (i) 44 km de duplicação de pista;
- (ii) 168 km de pistas adicionais;
- (iii) 4,4 km de estradas marginais; e
- (iv) 17 passarelas.
O projeto foi incluído na quinta rodada de leilões federais de rodovias, que deve promover melhorias regulatórias aos contratos de concessão visando diminuir os riscos de execução compartilhando-os com a autoridade adjudicadora (por exemplo, volume de tráfego, custos de insumos, flutuações cambiais, expropriação de terras, etc.).
Com base nas estimativas do governo e assumindo que não haverá descontos nas tarifas de pedágios, o Safra prevê que o BR-262 gerará um valor atual líquido (VNA) de R$ 155 milhões, com uma TIR alavancada real de 14,3%.
O Safra calcula o VPL do projeto assumindo:
- (i) custo de dívida do IPCA+7%;
- (ii) emissão de dívida para financiar 60% dos investimentos durante o ciclo de investimento do projeto (seus primeiros 7 anos); e
- (iii) custo de capital próprio de 10,4% em termos reais.
O Banco Safra fez uma análise de sensibilidade da alavancagem para simular os impactos potenciais das mudanças nas hipóteses e seus efeitos em no VPL e TIR projetados.
Avaliação do Safra sobre o leilão da rodovia BR-262
Os especialistas do Safra avaliam que as concessionárias de rodovias listadas sob a cobertura do safra (CCR e Ecorodovias) devem manter sua postura conservadora ao participar dos próximos leilões, como o da Rota do Zebu.
Considerando o nível atual da estrutura de capital dessas empresas e o extenso pipeline de projetos nos próximos meses, elas provavelmente serão mais seletivas.
Assumindo o VPL estimado de R$155 milhões, a Rota do Zebu representaria apenas 0,6% da capitalização de mercado do CCR, ou R$0,08/ação.
Para a Ecorodovias, o mesmo VPL representaria 3,1% do valor de mercado da empresa, ou R$ 0,22/ação. Com base nas nas estimativas, o projeto seria gerador de valor para a CCR assumindo um desconto máximo de pedágio de 5,5%, que
apoiaria uma TIR semelhante à do portfólio atual da CCR, enquanto que para a Ecorodovias o desconto máximo para produzir uma TIR similar à sua carteira seria de 4,6%.