Brasil deve se preparar para nova ordem global, afirma Rubens Barbosa
Embaixador Rubens Barbosa, presidente emérito do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, analisou a crise do comércio global durante o J. Safra Macro Day
28/04/2025
“Coisas impensáveis estão acontecendo, como a reunião de ministros da China, Japão e Coreia, países que até hoje eram inimigos”, comentou Rubens Barbosa | Foto: Divulgação
O agravamento da inflação nos Estados Unidos, decorrente das tarifas de impostação decretadas pelo presidente Donald Trump, podem ampliar o descontentamento da população e fazer com que o governo perca o controle do legislativo, o que poderia levar ao impeachment presidencial com consequências para a economia mundial.
A análise foi feita pelo embaixador Rubens Barbosa, presidente emérito do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, durante o J. Safra Macro Day, organizado pelo Banco J. Safra, divisão de atacado do Banco Safra. O embaixador analisou a mudança do cenário de comércio internacional, e previu uma reordenação das alianças em torno de três grandes blocos liderados por China, Estados Unidos e União europeia.
“Coisas impensáveis estão acontecendo, como a reunião de ministros da China, Japão e Coreia, países que até hoje eram inimigos”, comentou.
Para o embaixador, o Brasil pode se beneficiar da nova realidade do comércio global, mas precisa acelerar reformas para aumentar a produtividade e reduzir custos de produção. “A iniciativa privada precisa pressionar o governo nesse sentido, pois não temos horizontes no momento”, afirmou.
Segundo o embaixador, o mundo vive o fim de um multilateralismo global e início de um momento protecionista, após um período de expansão do liberalismo e da globalização. Segundo ele, não se trata mais de uma guerra ideológica, como na guerra fria. “A tensão está voltada agora para a área econômica, comercial e, principalmente, tecnológica”, afirmou.
Segundo ele, as condições estão mudando de acordo com os interesses das grandes potências, e nesse cenário, o Brasil pode se beneficiar com novos acordos bilaterais e maior fortalecimento do regionalismo da América do Sul. Segundo ele, o acordo entre União europeia e Mercosul pode sair este ano, mas a indústria brasileira precisa se preparar para a competição com os produtores europeus.
