Banco Safra eleva projeção do PIB para 4,8% em 2021
Nova perspectiva vem na esteira dos resultados positivos para o 1º trimestre deste ano. Previsão anterior era de 3,9%
07/06/2021Com resultado acima do esperado pelo mercado para o primeiro trimestre de 2021, o Banco Safra divulgou nesta segunda-feira, 7, uma nova projeção de crescimento para o PIB brasileiro.
A instituição prevê agora elevação do Produto Interno Bruto de 4,8% ao fim deste ano. Antes, o Safra projetava o crescimento do PIB em 3,9%.
Dados do IBGE mostraram que o Produto Interno Bruto real do Brasil cresceu 1% nos primeiros três meses em relação ao mesmo período do ano passado. Sobre o último trimestre de 2020, a elevação foi de 1,2%.
Os principais motores do resultado surpreendentemente positivo foram o agronegócio, a indústria e a construção civil. O comércio também superou a expectativa de desempenho.
No entanto, o Safra aponta que os desafios com a inflação e as incertezas sobre a pandemia de covid-19 limitam as expectativas para o PIB deste ano para além de 5% e 2% em 2022.
Força dos setores no PIB
De acordo com a análise, a alta do agronegócio, que chegou a 5,2% sobre primeiro trimestre de 2020 e 5,7% sobre o trimestre imediatamente anterior, foi impulsionada pela safra recorde de soja.
A produção do grão acabou por compensar o fraco desempenho da produção de milho e arroz. A pecuária foi outro destaque positivo, estimulada pela elevada demanda externa.
No caso da indústria, o Safra aponta que a expansão de 3% sobre o primeiro trimestre do ano passado (+0,7% sobre 4º tri de 2020) foi catalisada pelo crescimento da indústria extrativa e a construção civil, com altas de 3,2% e 2,1% sobre outubro, novembro e dezembro, respectivamente.
O banco também destaca “uma acomodação efetiva à segunda onda de covid-19 verificada desde o começo de 2021” como um fator qaue justifica o desempenho industrial.
Já o setor de serviços, que representa 70% do PIB, permaneceu abaixo do nível pré-crise (-0,8 a/a) no primeiro trimestre de 2021, apesar de ter subido 0,4% em relação ao quatro trimestre do ano passado.
Os serviços mais resilientes à pandemia, como informação e comunicação, continuam em expansão moderada e estão acima do nível pré-pandemia.
As categorias mais sensíveis à mobilidade, como educação, alojamento e recreação, registraram resultados mais tímidos devido ao recrudescimento da pandemia em março.
Segundo o Safra, esses últimos segmentos devem ser beneficiados com a vacinação e redução do isolamento na segunda metade do ano.
Comércio, a grande surpresa
A maior surpresa de crescimento em relação à projeção do Safra ao comparar os primeiros trimestres de 2020 e 2021 foi o comércio, com alta de 3,5%. O banco previa retração da atividade de 2,2%.
O relatório do Safra explica que os indicadores de alta frequência mostram rápida recuperação do comércio varejista em maio. Com isso, a instituição enxerga que a atividade continuará alta no comércio, impulsionada pelo avanço da mobilidade.
Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 0,1% dos últimos três meses de 2020 para os primeiros três deste ano com o fim da primeira rodada do auxílio emergencial.
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Pesaram ainda a inflação, com o forte aumento do preço de itens essenciais (alimentação e combustível), e o recrudescimento da pandemia de covid-19.
Entretanto, esses fatores negativos foram suavizados pelo uso de parte da poupança acumulada no ano passado, evitando uma queda mais acentuada da demanda no curto prazo, diz o Safra.
Para o restante do ano, o Safra espera um desempenho modesto do consumo diante da persistência inflacionária, o elevado endividamento das famílias e o ciclo de aumento da taxa de juros.
Desafios para o PIB no médio prazo - Banco Safra
Por fim, o relatório do Safra destaca quatro desafios principais de médio prazo para o PIB do Brasil. São eles:
- Persistência da covid-19 e a demora na vacinação
- Deterioração do poder de compra com forte aumento do preço de itens essenciais
- Alto endividamento das famílias em ambiente de elevação da taxa de juros
- Baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste
O último item, gerado pelo pior período de seca em 111 anos, já se reflete na conta de luz dos brasileiros, que ficará mais cara ao final deste mês. O fenômeno havia sido previsto pelo Safra.
O banco aponta também que o alto nível de estoques gerado por um descompasso entre oferta a demanda com o aquecimento do consumo no segundo semestre de 2020 - creditado ao auxílio emergencial - sugere um desaquecimento da produção para os próximos meses.
Outros detalhes sobre a influência das contas do governo e os desafios com a produção para o PIB do Brasil podem ser lidos por este link.