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Banco Safra eleva projeção do PIB para 4,8% em 2021

Nova perspectiva vem na esteira dos resultados positivos para o 1º trimestre deste ano. Previsão anterior era de 3,9%

Colheitadeiras de soja no campo

Agronegócio brasileiro terá potencial para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) provenientes das produções pecuárias e de soja até 2030| Foto: Getty Images

Com resultado acima do esperado pelo mercado para o primeiro trimestre de 2021, o Banco Safra divulgou nesta segunda-feira, 7, uma nova projeção de crescimento para o PIB brasileiro.

A instituição prevê agora elevação do Produto Interno Bruto de 4,8% ao fim deste ano. Antes, o Safra projetava o crescimento do PIB em 3,9%.

Dados do IBGE mostraram que o Produto Interno Bruto real do Brasil cresceu 1% nos primeiros três meses em relação ao mesmo período do ano passado. Sobre o último trimestre de 2020, a elevação foi de 1,2%.

Os principais motores do resultado surpreendentemente positivo foram o agronegócio, a indústria e a construção civil. O comércio também superou a expectativa de desempenho.

No entanto, o Safra aponta que os desafios com a inflação e as incertezas sobre a pandemia de covid-19 limitam as expectativas para o PIB deste ano para além de 5% e 2% em 2022.

Força dos setores no PIB

De acordo com a análise, a alta do agronegócio, que chegou a 5,2% sobre primeiro trimestre de 2020 e 5,7% sobre o trimestre imediatamente anterior, foi impulsionada pela safra recorde de soja.

A produção do grão acabou por compensar o fraco desempenho da produção de milho e arroz. A pecuária foi outro destaque positivo, estimulada pela elevada demanda externa.

No caso da indústria, o Safra aponta que a expansão de 3% sobre o primeiro trimestre do ano passado (+0,7% sobre 4º tri de 2020) foi catalisada pelo crescimento da indústria extrativa e a construção civil, com altas de 3,2% e 2,1% sobre outubro, novembro e dezembro, respectivamente.

O banco também destaca “uma acomodação efetiva à segunda onda de covid-19 verificada desde o começo de 2021” como um fator qaue justifica o desempenho industrial.

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Já o setor de serviços, que representa 70% do PIB, permaneceu abaixo do nível pré-crise (-0,8 a/a) no primeiro trimestre de 2021, apesar de ter subido 0,4% em relação ao quatro trimestre do ano passado.

Os serviços mais resilientes à pandemia, como informação e comunicação, continuam em expansão moderada e estão acima do nível pré-pandemia.

As categorias mais sensíveis à mobilidade, como educação, alojamento e recreação, registraram resultados mais tímidos devido ao recrudescimento da pandemia em março.

Segundo o Safra, esses últimos segmentos devem ser beneficiados com a vacinação e redução do isolamento na segunda metade do ano.

Comércio, a grande surpresa

A maior surpresa de crescimento em relação à projeção do Safra ao comparar os primeiros trimestres de 2020 e 2021 foi o comércio, com alta de 3,5%. O banco previa retração da atividade de 2,2%.

O relatório do Safra explica que os indicadores de alta frequência mostram rápida recuperação do comércio varejista em maio. Com isso, a instituição enxerga que a atividade continuará alta no comércio, impulsionada pelo avanço da mobilidade.

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias caiu 0,1% dos últimos três meses de 2020 para os primeiros três deste ano com o fim da primeira rodada do auxílio emergencial.

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Pesaram ainda a inflação, com o forte aumento do preço de itens essenciais (alimentação e combustível), e o recrudescimento da pandemia de covid-19.

Entretanto, esses fatores negativos foram suavizados pelo uso de parte da poupança acumulada no ano passado, evitando uma queda mais acentuada da demanda no curto prazo, diz o Safra.

Para o restante do ano, o Safra espera um desempenho modesto do consumo diante da persistência inflacionária, o elevado endividamento das famílias e o ciclo de aumento da taxa de juros.

Desafios para o PIB no médio prazo - Banco Safra

Por fim, o relatório do Safra destaca quatro desafios principais de médio prazo para o PIB do Brasil. São eles:

  1. Persistência da covid-19 e a demora na vacinação

  2. Deterioração do poder de compra com forte aumento do preço de itens essenciais

  3. Alto endividamento das famílias em ambiente de elevação da taxa de juros

  4. Baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste

O último item, gerado pelo pior período de seca em 111 anos, já se reflete na conta de luz dos brasileiros, que ficará mais cara ao final deste mês. O fenômeno havia sido previsto pelo Safra.

O banco aponta também que o alto nível de estoques gerado por um descompasso entre oferta a demanda com o aquecimento do consumo no segundo semestre de 2020 - creditado ao auxílio emergencial - sugere um desaquecimento da produção para os próximos meses.

Outros detalhes sobre a influência das contas do governo e os desafios com a produção para o PIB do Brasil podem ser lidos por este link.

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