Safra reduz projeções de pontuação do Ibovespa para 2021 e 2022
Cenário macroeconômico desafiador faz banco projetar 121 mil (2021) e 144 mil pontos (2022) para o principal índice de ações da B3
04/10/2021Após incorporar uma nova visão macroeconômica, o Banco Safra divulgou nesta segunda-feira, 4, novas projeções para a pontuação que o Ibovespa deve alcançar em 2021 e 2022. Para ambas, houve redução da estimativa.
Neste ano, o Safra prevê que o principal índice de ações da B3, a bolsa de valores brasileira, feche em 121 mil pontos. Antes, eram previstos 145 mil pontos.
Além disso, o banco enxerga a pontuação do Ibovespa para o ano que vem em 144 mil pontos, ante 162 mil projetados anteriormente.
Abaixo, estão os principais pontos do relatório divulgado pelo Safra.
A íntegra do documento pode ser lida por este link.
Cenário desafiador à frente
Em relatório, o Safra explica que as revisões de pontuação para o Ibovespa se justificam pela conjuntura mais desafiadora no futuro.
Isso envolve os âmbitos político, fiscal e da atividade econômica.
Em um cenário econômico agravado pela alta persistente da inflação, com premissas de juros mais elevados do que o que banco previa e crescimento econômico menor, o Safra elevou as premissas de taxa de desconto e reduziu as expectativas de crescimento de lucro do índice para os próximos anos.
Assim, o banco passou a ter uma avaliação mais conservadora para a bolsa brasileira.
Adicionalmente, o Safra lembra que, desde a última revisão para a pontuação do Ibovespa, em junho, houve elevação nas projeções para a taxa de juros básica, a Selic, a para o IPCA (índice oficial da inflação do Brasil).
Além disso, a estimativa para o PIB também foi reduzida, ao passo que a inflação mais elevada tende a corroer o poder de compra dos cidadãos, causando uma redução do consumo.
Somado a isso, há o cenário de incertezas relacionadas ao equilíbrio fiscal, que dificultam o andamento das reformas estruturais necessárias para a melhora do ambiente de negócios, diz o Safra.
Fora os pontos mencionados, a instituição lembra ainda que o País vive uma crise hídrica, adicionando mais um fator de risco à balança.
Por fim, "considerando que o preço das commodities foi um grande impulsionador de resultados em 2021 para algumas empresas com peso representativo no índice, a recente queda no preço das matérias-primas e receios de uma maior desaceleração do crescimento econômico chinês são fatores que podem afetar a dinâmica de lucros para o Ibovespa nos próximos anos".
Pontuação do Ibovespa em 2022
Sobre o próximo ano, o Safra diz trabalhar atualmente com uma expectativa de múltiplo mais baixo do que o anteriormente esperado e abaixo da média histórica (11x).
Isso, segundo a instituição, deriva de premissas de risco na taxa de desconto do índice e uma redução de percepção de crescimento de lucro.
Ambos os fatores se devem à previsão de que a normalização no preço das commodities e a desaceleração do crescimento local devem levar a uma queda do lucro do Ibovespa também em 2023.
No front internacional, acompanhado da recuperação da atividade econômica mundial, começaram as discussões sobre o início do aperto monetário nas principais economias desenvolvidas, com os EUA.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) vem tentando identificar o melhor momento para a redução da compra mensal de títulos (o chamado tapering), o que, na visão do Safra, deve ocorrer entre novembro e dezembro deste ano.
Enfim, na China, após uma redução de estímulos e uma maior regulamentação da economia, a atividade econômica do país vem desacelerando mais rápido que o esperado neste segunda semestre.
Isso tem colocado pressão sobre as commodities, especialmente as metálicas, que representam 44% do LPA (lucro por ação) estimado para o Ibovespa em 2023.