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Safra recorde deve aliviar pressão sobre preços dos grãos

A melhoria das condições climáticas pode contribuir para aliviar a pressão sobre os preços especialmente do milho, que devem continuar voláteis, segundo o Banco Safra

Agronegocio

Se as projeções se confirmarem, o Brasil vai registrar um novo recorde para a produção de grãos | Foto: Getty Images

A produção de soja e milho foi revisada para cima em 0,8% e 0,6%, respectivamente. O Conselho Brasileiro de Abastecimento de Alimentos (Conab) divulgou sua sexta edição da atualização mensal da previsão de produção de grãos para as safras deste ano.

A perspectiva de produção permanece positiva para o milho e a soja, pois a agência revisou ligeiramente para cima suas estimativas de produção.

Segundo os especialistas do Banco Safra, isso é positivo para o abastecimento de grãos e geralmente baixista para os preços. No entanto, a demanda permanece bastante sólida para ambos, soja e milho, o que está pressionando as relações estoque/uso (STU) (especialmente para o milho) e levando a uma tendência de alta nos preços.

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As colheitas de soja e milho (primeira safra) estão progredindo bem, e a semeadura da segunda safra de milho também está adiantada em relação ao cronograma do ano passado.

Isso, juntamente com a melhoria das condições climáticas e maior precipitação, pode contribuir para aliviar a pressão sobre os preços dos grãos (especialmente do milho), mas as baixas relações estoque/uso devem manter os preços voláteis no curto prazo.

Esta é uma variável chave a ser monitorada, segundo o Banco Safra, pois pode impactar diretamente os spreads de frango e aves ao longo do segundo semestre de 2025 e potencialmente em 2026.

No universo de cobertura do banco Safra, a BRF (BRFS3, classificada como compra) tem a maior exposição a aves e suínos, seguida pela JBS (JBSS3, classificada como compra e principal escolha do safra).

Soja

  • A produção do Brasil foi revisada para 167,3 milhões de toneladas, um aumento de 0,8% em relação à estimativa de fevereiro e +13% a/a.
  • A previsão de rendimento foi aumentada em 0,8% em relação ao mês passado para 3,5 toneladas/hectare, enquanto a área colhida permanece inalterada em 47 milhões de hectares.
  • A colheita está progredindo melhor do que no ano passado.
  • Relação estoque/uso em nível confortável globalmente.

Milho

  • A produção do Brasil foi revisada para 122,8 milhões de toneladas, um aumento de 0,6% em relação à previsão de fevereiro e +6% a/a.
  • A estimativa de rendimento foi revisada para cima em 0,8% para 5,8 toneladas/hectare e a área colhida foi reduzida em 0,2% para 21 milhões de hectares.
  • A colheita da primeira safra está progredindo melhor do que no ano passado.
  • A semeadura da segunda safra está ligeiramente pior do que no ano passado, mas ainda melhor do que na safra 2022/23.
  • Relação estoque/uso em nível desconfortavelmente baixo no Brasil e em queda globalmente.

Chuvas e previsão do tempo

Após duas semanas de chuvas limitadas no Brasil, as condições climáticas melhoraram e a precipitação já está aumentando. As chuvas foram acima da média nas regiões Norte e Centro-Oeste durante as últimas duas semanas, enquanto a precipitação foi abaixo da média nas regiões Nordeste e Sudeste no mesmo período.

De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) e o Instituto Internacional de Pesquisa para o Clima e Sociedade (IRI), os efeitos do La Niña parecem estar desaparecendo, e as tendências apontam para uma transição de neutralidade daqui para frente. As previsões meteorológicas para os próximos 15 dias apontam para menos chuvas nas regiões Norte e Sul.

Para os próximos três meses, as previsões indicam chuvas ligeiramente acima da média nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, enquanto chuvas limitadas são previstas para as regiões Norte e Sudeste.

Safra cresce 10,3% segundo levantamento da Conab

O sexto levantamento da safra de grãos 2024/25 atualizou a produção nacional para 328,3 milhões de toneladas. A atual estimativa representa uma alta de 10,3%, se comparada ao volume colhido no ciclo anterior (2023/24), com acréscimo de 30,6 milhões de toneladas de 16 grãos a serem colhidos. Se as projeções se confirmarem, será um novo recorde para a produção de grãos no Brasil.

Segundo a Conab, o resultado reflete o aumento na área plantada, estimada em 81,6 milhões de hectares, e a recuperação na produtividade média das lavouras, projetada em 4,02 toneladas por hectare. Ao compartilhar os números, o presidente da companhia, Edegar Pretto, disse que será uma safra histórica. “As previsões deste sexto levantamento são mais positivas ainda do que as do quinto levantamento”, afirmou Edegar Pretto.

Soja

A soja continua a ser o principal produto cultivado na primeira safra. Na safra de 2024/25, a produção deve atingir 167,4 milhões de toneladas, com aumento de 13,3% em relação à safra passada. A área plantada de soja é de 47,45 milhões de hectares, com crescimento de 2,8%, na comparação com a última safra. Os números consolidam o Brasil na posição de liderança da produção de soja no mercado global.

O presidente da Conab lembrou o excesso de chuvas em janeiro, que provocou atrasos no plantio e tornou o início de colheita mais lento em alguns estados, mas ressaltou que a estiagem de fevereiro já possibilitou o avanço da colheita de 60,9% da área total.

“A diminuição das chuvas no Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, que trouxe uma quebra na produção da soja [local], teve uma extraordinária recuperação nas demais regiões, como o Centro-oeste”, avaliou Edegar Pretto.

Milho

A produção de milho estimada pela Conab para a safra 2024/2025 é de 122,76 milhões de toneladas, crescimento de 6,1% na comparação com a última safra. A área plantada deve alcançar 21,14 milhões hectares, o que representa aumento de 0,4% em relação à última safra do cereal.

A segunda safra de milho registra 83,1% da área prevista já plantada. O índice está abaixo do registrado no último ciclo.

Pretto disse que a diminuição das chuvas “traz certa preocupação para o fim do plantio do milho” e que a Conab acompanha com atenção a situação, porque o milho é o principal componente da ração animal, fornecendo proteína para aves, suínos e bovinos.

“Ter mais milho em oferta, tanto para o nosso Brasil quanto para o exterior, é importante para a economia. O governo tem uma atenção especial para a ração animal e também sobre o preço da carne para os consumidores.”

Feijão e arroz

Também para o arroz os técnicos da Conab verificaram aumento de 6,5% na área plantada, chegando a 1,7 milhão de hectares, maior área nos últimos sete anos. As condições climáticas têm favorecido as lavouras, permitindo a recuperação de 7,3% na produtividade média, estimada em 7.063 quilos por hectare.

Mantendo-se o cenário atual, a estimativa para a produção neste levantamento passa para 12,1 milhões de toneladas. “O que é muito positivo porque [o arroz] é uma das culturas importante para o nosso consumo interno”, disse Pretto, ao explicar que a colheita deve ser superior à do mesmo período da safra passada em quase todos os principais estados produtores.

Outro item típico da culinária brasileira, o feijão, deve registrar ligeiro aumento (1,5%) na produção total na safra 2024/25, estimada em 3,29 milhões de toneladas. De acordo com a Conab, o resultado é influenciado principalmente pela expectativa de melhora na produtividade média das lavouras, uma vez que a área destinada ao feijão se mantém praticamente estável.

O presidente da Conab, que é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, enfatizou que a política de apoio aos produtores da agricultura familiar tem juros mais baixos para produção de alimentos como arroz e feijão, além de outras culturas destinadas ao consumo interno. “Neste ano, estamos fazendo a colheita das boas políticas plantadas, no ano passado”, comemorou o gestor.

“A Conab acompanha, com assessoramento técnico, a montagem do próximo plano safra. Nossa recomendação é que o governo federal continue com as boas políticas de incentivos para alcançar com a mão amiga o produtor, de modo a aumentar a oferta de alimentos no país e equilibrar os preços, que sejam justos aos consumidores”, disse Edegar Pretto

Outras lavouras

No caso do algodão, a expectativa é que o aumento na área semeada, estimada em cerca de 2 milhões de hectares, resulte na produção de 3,82 milhões de toneladas de algodão em pluma, um novo recorde, se confirmado o crescimento de 3,3%, em comparação com a última safra.

Já o trigo tem expectativa de produção de 9,11 milhões de toneladas, com incremento de 15,6% em comparação com a última safra, apesar da redução de 2,1% da área plantada deste grão. Com isso, a lavoura deve alcançar a área plantada de 2,99 milhões de hectares. A Conab projeta que as condições climáticas até o fim do inverno serão favoráveis para a produção de trigo.

As informações completas do sexto boletim sobre a safra de grãos 2024/25 estão no site da Conab.

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