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Custo de crédito afeta resultados do Santander

Único banco internacional com escala no país, o Santander Brasil tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 46,50 por ação

Sede do Santander

Antiga sede do Banespa, hoje do Santander: resultados do banco vieram piores que o esperado | Foto: Getty Images

O Santander Brasil (SANB11) apresentou resultados ruins no primeiro trimestre de 2022, conforme esperado. O lucro atingiu R$ 4,005 bilhões (EPU de R$ 1,07), o que é estável em relação ao ano anterior, representando uma rentabilidade de 20,7%.

O resultado do Santander foi impactado negativamente pelo aumento do custo do crédito e resultados mais fracos da margem financeira com o mercado, que mais do que compensaram o forte desempenho da margem financeira com os clientes.

O total de margem financiera no primeiro trimestre de 2022 ficou ligeiramente a cima da esperada, totalizando R$ 13,938 bilhões, alta de 3,8% na comparação anual, mas queda de 1,5% em relação ao trimestre anterior, principalmente de um bom desempenho da receita líquida com clientes (+29,6% A/A e +12,9% T/T), refletindo os volumes de crédito ainda sólidos, mix (para margens mais altas) e captação se espalha.

A margem financeira com o mercado caiu fortemente (-97% A/A e -95% T/T), impactada negativamente pelo movimento ascendente da curva de juros sobre os custos de captação.

A carteira de crédito do Santander Brasil continua crescendo (+7,2%), ainda na maior procura de crédito a particulares e pequenas e médias empresas em o período.

No entanto, na base trimestral, a carteira total do Santander caiu 1,6% (e – 0,6% excluindo flutuações cambiais), principalmente devido ao segmento Corporate, que caiu 7,7% no trimestre, enquanto os demais segmentos permaneceram estáveis ​​no período.

A respeito do nível de postergação de amortizações, o Santander informou volume de R$ 27,6 bilhões (vs R$ 23,6 bilhões no trimestre anterior), representando ~6% do total da carteira de empréstimos.

Provisão para créditos duvidosos do Santanter chega a R$ 4,6 bilhões

A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (ALL) atingiu R$ 4,612 bilhões no 1T21, +45,9% A/A, +24,9% T/T e 16,5% acima das estimativas do Banco Safra.

Olhando para a qualidade do crédito, a taxa de inadimplência de mais de 90 dias continua a mover-se para níveis pré-pandemia, mantendo-se em 2,9% A/A (vs. 2,1% no ano passado e 2,7% no 1T21), principalmente devido ao segmento de pessoas físicas (que cresceu 40bps T/T para 4,0%).

No período mais curto (entre 15 e 90 dias) foi de 4,2%. O índice de cobertura atingiu 215%, queda de 5 p.p. T/T. Dentro 1T22, o Santander promoveu forte campanha de renegociação de crédito que liderou as negociações da carteira que crescerá para R$ 27,6 bilhões, alta de 20,6%A/A.

As Receitas de taxas (ex-Getnet) atingiram R$ 4,980 bilhões, um aumento de +5,7% A/A, principalmente suportado por cartões/serviços de adquirência (+27,7% A/A) na maior transacionalidade.

Por outro lado, as taxas totais caíram 7,3% T/T, refletindo efeitos sazonais. As receitas de produtos de seguros totalizaram R$ 744 milhões, estável ano a ano, mas 25,7% abaixo do trimestre e 19,9% abaixo das nossas estimativas, devido ao maior concentração de renovações de apólices em relação ao trimestre anterior.

As despesas operacionais do Santander vieram dentro da expectativa do banco Safra, atingindo R$ 5,534 bilhões, um aumento de +10,5% A/A e queda 1,5% T/T.

O acordo coletivo (feito no 3T21) continua colocando pressão sobre as despesas de pessoal (que subiram +14,1% A/A), enquanto as despesas administrativas (ex-D&A) cresceram +8,2% no período, em função de maior transacionalidade, tecnologia serviços e maiores investimentos em novas iniciativas de negócios.

Com isso, o indice de eficiência do Santander (métrica do banco) no trimestre foi de 36,0% (vs. 34,2% no ano anterior e 37,4% no 4T21).

A linha de outras despesas operacionais atingiu R$ 2,004 bilhões no 1T22, queda de -6,8% A/A e -30,2% T/T. No 1T22, o Santander registrou lucro não operacional de R$ 372 milhões do efeito de valor agregado da CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos).

Por fim, o lucro líquido gerencial atingiu R$ 4,005 bilhões (DPU de R$ 1,07), alta de 1,3% A/A, +3,2% T/T e apenas 1,9% acima de nós.

Com isso, a rentabilidade do Santander atingiu 20,3% (estável em relação ao mesmo período do ano anterior). Embora esse  resultado seja melhor do que o esperado, o lucro antes dos impostos caiu 13,7% A/A e 4,8% abaixo dos nossos números, que foram compensados ​​pelo imposto de renda abaixo do esperado provisões (-38% A/A e 18,8% abaixo de nós).

Em relação ao nível de capital, o Santander Brasil atingiu um CET1 totalmente carregado de 11,7% (vs. 11,6% anteriormente) e índice de BIS de 14,7% (vs. 14,9% no trimestre anterior), principalmente devido ao aumento dos ativos ponderados pelo risco, parcialmente compensado pelo capital regulatório devido à retenção de lucros no período.

Na avaliação do Banco Safra, os resultados do Santander no 1T22 foram fracos, impactados pelo aumento do custo do crédito e desempenho inferior do NII com a linha de mercado.

No entanto, o Safra espera que os resultados melhorem nos próximos trimestres, em função da solidez da margem financeira com clientes, recuperação da receita liquida com o mercado (principalmente no 2S, após o fim da alta dos juros ciclo), e potencial aumento nas receitas de serviços da fidelização crescente dos bancos.

O Safra tem recomendação de compra para a ação SANB11, com TP de R$ 46,5 por unidade 22YE. Atualmente o Santander está negociando no múltiplo P/E22e de 7,4x (quase em linha com os pares média de 7,6x), e P/BV22e de 1,5x.

SANB11 no 4º tri

Os resultados do Santander Brasil no 4T21 foram mais fracos do que as expectativas do Banco Safra, mas não necessariamente ruins nas principais linhas. A fraqueza diante das estimativas veio da margem com o mercado e de despesas operacionais que são mais voláteis em base trimestral.

Como esperado, as despesas foram pressionadas pelo acordo coletivo aplicado sobre a base salarial da companhia desde setembro de 2021.

A receita e as tarifas foram, de longe, os principais destaques positivos do trimestre, enquanto o volume de empréstimos e a qualidade do crédito se mantiveram em bons níveis.

Vale a pena investir em SANB11?

  • Melhora na lucratividade em uma estratégia bem-sucedida orientada para o cliente;
  • A estratégia de crescimento orgânico parece estar trabalhando a favor da melhoria da participação de mercado de algumas linhas de negócios (como cartões e crédito);
  • Como conseqüência, o banco registrou importante evolução na receita de serviços (na maioria de suas linhas de negócios);
  • O Santander registrou uma melhora significativa na renda líquida com juros, o que é uma combinação de aumento de spreads e ligeiro aumento de volume;
  • Melhor qualidade dos ativos deve permitir que a melhoria da rentabilidade permaneça sustentável;
  • Ganhos de eficiência e controle de custos também permitem que o Santander acelere os lucros;
  • Escala global.

Quais os riscos ao investir em SANB11?

  • A diferença de lucratividade pode diminuir em comparação com os pares, mas acreditamos que é improvável que desapareça;
  • A avaliação das ações parece esticada e o Santander está sendo negociado no múltiplo P/L mais alto da indústria.

Sobre o Santander (SANB11)

  • O Banco Santander Brasil é o único banco internacional com escala no país, sendo o terceiro maior banco privado.
  • A instituição, com sede na Espanha, tem foco no varejo e forte integração com o banco de atacado.
  • As units do Santander são listadas na B3, negociadas sob o ticker SANB11.

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