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Preço do carro novo puxa venda de usados

Falta de peças e carros novos para atender à demanda elevou os preços e deu impulso ao mercado de seminovos

Venda de seminovos cresce no Brasil

Usados responderam por 83% do mercado total de vendas de veículos em 2020, ante 80% no ano anterior

Além de ter sido um ano difícil na produção e venda para as montadoras, 2020 foi marcado também pelo aumento da venda de seminovos no mercado nacional de veículos.

No ano passado, as vendas de seminovos ou usados somaram 11,4 milhões de unidades, ou 83% do mercado total, um aumento em relação aos 80% de 2019.

Alta semelhante foi vista nos financiamentos, com os seminovos e usados passando a responder por 67% dos contratos aprovados pelos bancos em 2020, contra 63% no ano anterior.

Os problemas de falta de peças enfrentados pelas montadoras durante a pandemia e a consequente alta nos preços dos veículos novos acabaram impulsionando a venda de seminovos.

Muitos brasileiros recorreram à chamada “troca com troco”, em busca de algum alívio financeiro na crise.

Fatores de alta na venda de seminovos

Há dois aspectos centrais por trás do crescimento do volume de venda de seminovos.

O primeiro é que as montadoras passaram a sofrer com falta de peças para produzir carros novos, em razão das restrições da pandemia.

No início, a insuficiência não chegou a causar grandes transtornos porque as concessionárias estavam fechadas.

Contudo, quando as lojas foram sendo gradualmente reabertas, a demanda que estava reprimida explodiu e não havia automóvel para todo mundo. O aumento da demanda e falta de carros impulsionaram a venda de seminovos.

“Com os veículos zero-quilômetro sendo vendidos a preços mais altos, a capacidade de compra das faixas média e baixa diminui e esse público passa a procurar também por carros seminovos”, afirma Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios da consultoria Jato Dynamics.

Com a crise, uma parte dos consumidores também viu no mercado de usados a possibilidade de ganhar algum dinheiro e obter um alívio financeiro, recorrendo à chamada “troca com troco”.

Esse negócio se caracteriza pela troca de um usado de maior valor por outro de menor valor, saindo com recurso com bolso.

Até mesmo quem tinha uma renda mais alta se viu obrigado a procurar os veículos seminovos ou usados, em razão da falta de novos.

Nesse caso, até saiu ganhando em termos de conforto, por conseguir comprar, com o mesmo dinheiro, um usado com mais tecnologia.

Para 2021, a expectativa dos bancos é que os carros usados sigam tendo um desempenho superior ao de novos, mesmo com a esperada retomada da economia, até porque é possível que as montadoras continuem tendo problemas de abastecimento, em especial no primeiro semestre.

Elitização do consumo

Levantamento feito pela consultoria Jato Dynamics a pedido do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostra que as compras de carros novos de entrada, com preços de no máximo R$ 50 mil, foram reduzidas a 10,5% do mercado no ano passado.

Em 2018 e 2019, um período de recuperação das vendas de carros, o segmento respondia, respectivamente, por 26,9% e 23,2% das vendas totais.

Ou seja, sua representatividade caiu para menos da metade do que era antes do coronavírus.

Na direção oposta, automóveis com preços na faixa de R$ 50 mil a R$ 90 mil ganharam espaço e já representam mais da metade do mercado (54,6%).

Até 2018, esse tipo de veículo respondia por 46% do total de carros que saiam das concessionárias.

Os números mostram que os carros populares foram mais afetados pela pandemia do que os produtos da faixa intermediária, ou mesmo do que categorias premium, já que atualmente os automóveis que custam de R$ 90 mil a R$ 130 mil (18,5% do mercado total) têm volumes superiores aos modelos com preços mais baixos nas tabelas de revendas. (AE)

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