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Sete sinais do fim do carro movido a gasolina

Preocupação ambiental eleva pressões sobre petroleiras e montadoras investem em alternativas não poluentes

Ambiente

Pressão sobre a indústria do petróleo é crescente por parte dos investidores e consumidores / Feto: Getty Images

O avanço da discussão ambiental no planeta acelerou a discussão sobre a necessidade de reduzir a queima de combustíveis fósseis. A pressão sobre a indústria do petróleo é crescente, e as montadoras de veículos se preparam para a restrição crescente aos modelos movidos a gasolina e diesel.

Atualmente, esses combustíveis movem cerca de 9 em dez carros novos vendidos no mundo, o que garante os lucros das empresas petroleiras. A Petrobras, por exemplo, tem 50% da sua produção destinada ao transporte rodoviário com gasolina ou diesel.

Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, diante desse cenário, o governo brasileiro deve transformar em dinheiro de forma rápida os ativos que estão debaixo do mar, o petróleo do pré-sal: “do contrário vai virar mico”.

Ele lembra que todas as matrizes das montadoras instaladas no Brasil estão ampliando a produção de automóveis eletrificados e as subsidiárias locais estão atentas a isso. Alguns sinais mostram que a mudança nos carros está se acelerando. Abaixo, alguns deles.

O fim dos carros poluentes:

  1. A Inglaterra antecipou para 2030 a proibição de venda de novos carros movidos a gasolina ou diesel. 
  2. O estado americano da Califórnia terá os veículos movidos por combustíveis fósseis fora do mercado no mesmo em 2035.
  3. O Japão deve anunciar em breve uma série de limitações aos carros a gasolina e diesel para meados de 2030.
  4. A China prevê colocar em vigor uma regra para limitar carros a gasolina e diesel em 2035.
  5. Em outubro, a NextEra, uma das maiores geradoras globais de energia solar e eólica, ultrapassou, em valor de mercado, a ExxonMobil, que já foi a maior empresa privada do mundo (depois, a Exxon voltou a ficar à frente). Em 2007, a petroleira valia US$ 500 bilhões. Em 4 de dezembro de 2020, valia US$ 176 bilhões.
  6. A fabricante de carros elétricos Tesla valia, em 4 de dezembro de 2020, US$ 567 bilhões. Isso é mais do que o valor, somado, de Toyota, Volkswagen, GM, Ford e Fiat Chrysler – empresas em que o carro movido a combustível fóssil ainda é majoritário.
  7. Para analistas, as novas gerações de carros serão movidas a eletricidade ou por uma mistura de combustível líquido e energia elétrica. A soma de modelos elétricos e híbridos passará dos atuais 10% para 51% das vendas globais em uma década, segundo estudo do Boston Consulting Group (BCG) .

Como fica a Petrobras?

A transição energética para uma economia sem emissões de gases de efeito estufa não será rápida, principalmente em países emergentes como o Brasil, na avaliação de Viviana Coelho, gerente executiva de mudanças climáticas da Petrobras.

A função foi criada recentemente pela estatal para reforçar a imagem de sustentabilidade das suas operações, em um momento em que investidores pressionam por políticas mais sustentáveis. Segundo Viviana, o petróleo ainda terá espaço por muitas décadas para produtores eficientes.

A executiva afirma que há mais de uma década a Petrobras tem a transição energética no radar, com perfeita consciência da tendência de redução da demanda e do preço do petróleo. Mas, diferentemente de suas rivais, a opção, neste momento, é não entrar na produção de energias renováveis e sim continuar apostando no petróleo.

Viviana destaca que até nos piores cenários a previsão é de que o petróleo terá mercado ainda por duas ou três décadas, com demanda significativa em 2040.

A Petrobras lançou em setembro o programa de Biorefino 2030, que prevê projetos para a produção de uma nova geração de combustíveis mais sustentáveis, como o diesel renovável e o bioquerosene de aviação.

Metas de neutralidade de carbono para 2050, como muitas petroleiras têm feito, não fazem parte das pretensões da estatal brasileira, por entender que um prazo com esse extensão passa por muitas condicionantes. 

Para analistas, a decisão da Petrobras de não entrar na onda de produção de energia renovável, como muitas das concorrentes, é no momento a opção possível para uma empresa endividada e com grandes reservas de petróleo debaixo da terra – e do mar.

A descoberta do pré-sal, antes encarada como uma solução para as mazelas do Brasil, hoje representa um volume imenso de petróleo em um contexto de queda de preço e demanda.

Isso pode até afastar investidores no médio prazo,  tornando o momento ainda mais desafiador para a petroleira brasileira. A

vantagem, diz a companhia, é que o petróleo do pré-sal é de alta qualidade e com baixo teor de enxofre, e tem sido bem recebido pelo mercado internacional.

Shin Lai, estrategista da consultoria Upside Investor, diz que já há muitos sinais de que a era de declínio do petróleo está em andamento. “A China anunciou meta de emissão zero em 2060, a Inglaterra vai proibir a venda de carros novos a gasolina em 2030 e, com a eleição de Joe Biden, nos Estados Unidos essa pressão vai ser ainda maior. Tudo isso coloca pressão sobre as petroleiras, ao mesmo tempo em que não podem acelerar a produção porque não há demanda”, afirma Lai.

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