Emprego no setor privado desacelera nos Estados Unidos
Setor privado dos Estados Unidos criou 132 mil empregos em agosto, indicando possível ponto de inflexão no mercado de trabalho após alta dos juros
31/08/2022O setor privado dos Estados Unidos criou 132 mil empregos em agosto, segundo pesquisa com ajustes sazonais divulgada nesta quarta-feira pela ADP. O resultado do emprego veio bem abaixo do esperado por analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam geração de 300 mil postos de trabalho neste mês.
A pesquisa mostra alta de 7,6% do salário médio anual, em relação ao mesmo período do ano passado.
Economista chefe da ADP, Nela Richardson avalia que o relatório agora divulgado sugere uma “mudança para um ritmo mais conservador de contratação nos EUA”. Para ela, é possível que o país esteja em um “ponto de inflexão” em direção a um mercado de trabalho menos aquecido.
A pesquisa da ADP é considerada uma prévia do relatório de emprego (payroll) dos EUA, que inclui dados do setor público e será divulgado na próxima sexta-feira (2). O relatório de hoje foi o primeiro após as leituras de junho e julho terem sido canceladas, em meio a uma mudança de metodologia.
Emprego nos Estados Unidos começa a refletir alta dos juros, mas inflação ainda não chegou ao pico
A presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em Cleveland, Loretta Mester, disse nesta quarta-feira (31) que é muito cedo ainda para concluir que a inflação nos EUA já atingiu o pico, ressaltando que o Fed tem mais trabalho pela frente para controlar os preços.
Mester, que vota nas reuniões de política monetária do Fed este ano, prevê que o BC dos EUA precisará continuar elevando seus juros básicos para até “um pouco mais” de 4% até o começo de 2023 e, posteriormente, mantê-los nesse nível.
“Não prevejo que o Fed cortará juros no próximo ano”, afirmou Mester, em discurso feito durante evento da Câmara de Comércio da área de Dayton (Ohio). Ela disse também que o tamanho dos aumentos de juros em cada reunião do Fed e a taxa final dos juros dependerão da perspectiva inflacionária.
Sobre a economia, Mester disse não acreditar que os EUA estejam atualmente em recessão, uma vez que seu mercado de trabalho continua muito forte, mas admitiu que os riscos de uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) americano nos próximos dois anos aumentaram.
Ela previu ainda que a taxa de desemprego deverá subir para mais de 4% até o fim de 2023, à medida que o mercado de trabalho desacelerar. (AE)