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Shoppings esperam recuperar perdas da pandemia só em 2022

Clientes voltaram e shoppings acreditam em crescimento de quase 60% sobre o ano passado, mas ainda assim 3,5% abaixo de 2019

Shoppings, mulheres olhando vitrines

Vendas do /dia dos Pais ficaram 33% acima do ano passado, mas 2,6% abaixo da mesma data de 2019 | Foto: Getty Images

O setor de shopping – um dos mais afetados pela pandemia – está passando por uma recuperação gradual, com melhora das vendas à medida em que as restrições para funcionamento do comércio são levantadas.

Ainda pairam muitas incertezas no ar, mas o ano de 2021 já deve ser bem melhor que 2020, auge da crise para os lojistas. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) prevê que as vendas do setor totalizarão R$ 204 bilhões em 2021.

Se confirmada, a projeção representará um crescimento de 58,3% em relação a 2020, mas, ainda assim, terão uma queda de 3,5% na comparação com 2019.

Os números já são deflacionados. A comparação com 2019 é a mais indicada, pois se trata do último ano antes da chegada da pandemia. Já em 2020 a maioria dos estabelecimentos estavam fechados ou com capacidade de funcionamento muito reduzida.

Pandemia atrasou divulgação de estimativas dos shoppings 

Ao contrário do que faz normalmente, a Abrasce não soltou projeções para o faturamento logo no começo do ano e fez a divulgação só agora devido ao excesso de incertezas no período.

“Nós percebemos que está melhorando o ambiente. Diminuíram os solavancos, há mais estabilidade. Isso ajuda as vendas do varejo como um todo”, afirmou o presidente da Abrasce, Glauco Humai, referindo-se à trégua da pandemia e, consequentemente, fim das ordens de Estados e municípios para fechamento do comércio. “O cenário ainda é volátil devido à pandemia, mas confiamos no avanço da vacinação”.

Humai disse que os dados dos últimos meses foram considerados saudáveis. “As vendas estão crescendo semana a semana. Maio, junho, julho, e agora, agosto, têm mostrado resultados muito positivos, até acima do esperado”.

Ele disse que os consumidores estão voltando a frequentar os shoppings tanto para passeio quanto para compra de produtos e serviços a despeito a popularização do comércio eletrônico. A situação é vista em todas as regiões, de modo generalizado.

Neste mês de agosto, as vendas totais do setor já estão 0,5% acima do verificado no mesmo período de 2019. Segundo o executivo, é a primeira vez desde o começo da crise sanitária que os negócios operam em alta. “Por mais de um ano e meio de pandemia ficamos abaixo dos níveis normais. Voltamos 11 anos em termos de faturamento. Mas estamos reduzindo essas perdas”, apontou Humai.

Dia dos Pais não alcançou nível pré-pandemia

As vendas na semana do Dia dos Pais (entre 2 e 8 de agosto) chegaram a R$ 3,8 bilhões no País. O montante ficou 33% acima do evento de 2020, mas permaneceu 2,6% abaixo da mesma data de 2019. Os dados aqui também já são deflacionados.

O tíquete médio das vendas foi de R$ 193 reais em 2021, o que representa uma alta de 12,2% em relação ao ano passado, quando o setor apresentou um tíquete médio de R$ 172 reais.

No segundo trimestre, as vendas foram 160% maiores na comparação com o mesmo intervalo de 2020 e 16,6% menores em relação ao de 2019.

Por fim, os negócios no primeiro semestre de 2021 cresceram 81,5% ante o mesmo período de 2020. A associação não calculou o comparativo com o primeiro semestre de 2019.

Clima de confiança com cautela

O presidente da Abrasce espera que a recuperação dos negócios continue. Do ponto de vista macroeconômico, o clima é de “confiança na melhora da economia, porém ainda com cautela”. Humai espera maior controle da inflação nos próximos meses com a subida dos juros, e continuidade no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), com redução do desemprego e aumento na confiança dos consumidores.

Pelo lado político, a previsão é que o cenário não fique “mais controverso do que já está”. Questionado sobre as falas do presidente Jair Bolsonaro sobre a intenção de não realizar eleições em 2022 caso o voto não seja impresso, o presidente da Abrasce declinou de comentar.

Espaços vagos e inaugurações

O balanço da Abrasce mostrou também que os espaços vagos nos shoppings (vacância) diminuíram de 9,3% no fim de 2020 para 6,9% no começo deste semestre. A Abrasce estima que o indicador termine em 2021 na faixa de 6,5% a 6,0%.

Dois shoppings foram inaugurados neste ano e outros sete estão se preparando para abrir as portas até dezembro. Com essas inaugurações, 2021 vai superar 2020, quando apenas sete unidades foram abertas – o pior ano da história para o setor.

“Isso mostra confiança dos investidores no setor. Não só dos proprietários de shoppings, mas também dos lojistas que estão buscando um espaço”, afirmou Humai.

O maior projeto da fila é ParkShopping Boulevard, em Curitiba, com 50 mil m2, suficientes para abrigar 250 lojas, praça de alimentação e cinemas. Um dos sócios é o apresentador de TV Carlos Massa, o Ratinho. A inauguração passou de 2019 para 2020 e, com a chegada da pandemia, escorregou para outubro de 2021.

Outro grande empreendimento é o Park Shopping Jacarepaguá, da Multiplan, na zona Oeste do Rio de Janeiro, com 39 mil m2 e abertura prevista para novembro. (AE)

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