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Sonda espacial mergulha na coroa do Sol pela primeira vez e envia imagens

Sonda Parker Solar Probe registra imagens que ajudam os cientistas a entender melhor os astros e os fenômenos climáticos

A sonda voou através da coroa exterior do Sol, onde as partículas são esparsas o bastante para não derreter a nave | Foto: Getty Images

Pela primeira vez na história, uma espaçonave tocou o Sol. A Sonda Parker Solar Probe, da agência espacial dos Estados Unidos (NASA), mergulhou na coroa do Sol e enviou imagens para a Terra.

Lançada em 2018, a sonda fez uma viagem pela camada mais externa da atmosfera do Sol, conhecida como coroa. Ela foi enviada ao Sol com a missão de coletar diretamente partículas solares e medir campos magnéticos.

As imagens registradas mostram fluxos de plasma solar, em cena digna de cinema. Uma pergunta que muitos internautas se fizeram ao ver as imagens foi “como a sonda espacial não derreteu ao chegar tão perto do Sol?”.

A sonda voou através da coroa exterior, mas as partículas são esparsas o bastante para não transferir muito calor para a nave, o segredo dela não ter derretido

A nave tem um escudo térmico e em um sistema autônomo que ajuda a proteger a missão da intensa emissão de luz solar. Esse escudo térmico é feito com carbono super-resistente a altas temperaturas.

As imagens do voo no interior do Sol permitem observar também os planetas Terra, Júpiter, Saturno, Mercúrio, Vênus e Marte.

Segundo a Nasa, a sonda entrou em uma região onde os campos magnéticos são suficientemente fortes para dominar o movimento das partículas energéticas.

Sonda Parker Solar Probe mergulhou na coroa do Sol em abril

Os cientistas informaram que a sonda voou pela coroa em abril em meio à oitava aproximação da espaçonave ao Sol. Os pesquisadores disseram que demoraram meses para obter os dados de volta e depois confirmá-los.

O especialistas explicaram que a exploração da área de perto do Sol vai ajudar a entender melhor as explosões solares que interferem na vida na Terra. As informações também vão ajudar a compreender a evolução e a influência do Sol no sistema solar.

“É um momento monumental para a ciência solar e um feito verdadeiramente notável”, disse Thomas Zurbuchen, administrador associado do Diretório de Missão Científica na sede da NASA em Washington.

“Este marco não apenas nos fornece percepções mais profundas sobre a evolução do Sol e seus impactos em nosso sistema solar, mas tudo que aprendemos sobre nossa própria estrela também nos ensina mais sobre estrelas no resto do universo”, acrescentou.

A Parker estava a 13 quilômetros de distância do centro do sol quando cruzou pela primeira vez a fronteira irregular entre a atmosfera solar e o vento solar. A espaçonave “mergulhou” para dentro e para fora da coroa pelo menos três vezes, cada uma com uma transição suave, de acordo com os cientistas.

A sonda continuará se aproximando do Sol e avançando na coroa até uma grande órbita final em 2025. Dados preliminares sugerem que Parker também encostou no Sol em agosto, mas os estudiosos afirmaram que mais análises são necessárias.

Quanto mais perto a sonda solar viajar pela atmosfera da estrela, mais a ciência espacial fará descobertas sobre as explosões solares.

Vento solar é um dos objetos do estudo

Uma das investigações passa por analisar o vento solar. Esse fluxo de partículas do Sol pode influenciar a Terra e em 2019. A sonda Parker já tinha registrado que estruturas magnéticas em zigue-zague no vento solar eram abundantes perto do Sol.

Continua, porém, desconhecido como e onde esses fluxos magnéticos se formavam.

Como o Sol carece de uma superfície sólida, ao contrário da Terra, só mergulhando na área magneticamente intensa é que se pode encontrar respostas

A estrela tem uma atmosfera superaquecida, feita de material solar que se liga entre si pela gravidade e forças magnéticas.

Ao reduzir à metade a distância ao Sol, pela primeira vez na história do estudo solar, a circulação da sonda Parker permitiu estar perto o suficiente para identificar onde se originam os ventos: a superfície solar.

Nave detecta detalhes da camada magnética que permite entender melhor o Sol

“Voando tão perto do Sol, a sonda solar Parker agora detecta detalhes na camada magnética da atmosfera solar – a coroa – que nunca podíamos antes” disse Nour Raouafi, cientista do projeto Parker no Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins em Laurel, Maryland.

“Por estarmos na coroa, conseguimos obter evidências em dados de campo magnético, dados do vento solar e visualmente em imagens. Na verdade, podemos ver a nave espacial a voar por meio de estruturas da coroa que podem ser observadas durante um eclipse solar total” explicou Raouafi.

Durante a passagem pela coroa, a nave circulou por estruturas chamadas serpentinas da coroa. Essas estruturas podem ser vistas como correntes brilhantes.

Essa perspectiva só foi possível porque a nave voou acima e abaixo das serpentinas, dentro da coroa. Até agora, as serpentinas só tinham sido vistas de longe. Normalmente, essas linhas ondulantes de luz são visíveis da Terra durante eclipses solares totais.

O tamanho da coroa também depende da atividade solar. À medida que o ciclo de atividade do Sol de 11 anos – o ciclo solar – aumenta, a borda externa da coroa expande-se, dando à Parker Solar Probe maior possibilidade de permanecer dentro da corona por longos períodos de tempo.

“É uma região realmente importante para entrar, porque achamos que todos os tipos de física podem ser lá ativados”, disse Justin Kasper , investigador e professor da Universidade de Michigan. “É muito empolgante que já tenhamos alcançado. E agora, que estamos entrando nessa região, com sorte começaremos a ver alguns desses fenômeno físicos”.

Estudar o Sol ajuda a endender os fenômenos climáticos

Obter pistas sobre os zigue-zagues luminosos e outros mistérios solares permitirão aos cientistas “o vislumbre de uma região que é crítica para superaquecer a coroa e empurrar o vento solar a velocidades supersônicas”.

Essas medições da coroa serão importantes “para a compreensão e previsão de eventos climáticos espaciais extremos que podem interromper as telecomunicações e danificar satélites ao redor da Terra” argumenta a comunidade científica.

Em janeiro de 2022, os cientistas esperam ver a sonda viajar cada vez mais perto do Sol.

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