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Quanto tempo os pais estão passando com os filhos?

Artigo da Universidade de Oxford mostra que os pais têm dedicado muito mais minutos por dia ao longo das últimas cinco décadas

Pai tentando trabalhar no notebook com os filhos brincando com ele ao lado

Em alguns países, mães e pais dedicam quase 2 horas por dia aos filhos. Mas desigualdade de gênero persiste | Foto: Getty Images

Há cinco décadas, a sociedade experimenta um ritmo acelerado de desenvolvimento e mudanças na estrutura familiar. O aumento do número de mulheres no mercado de trabalho e de pais solteiros são exemplos disso. Nessa esteira, surgem preocupações sobre o tempo que os pais passam com os filhos. Será que eles têm dado menos atenção aos mais novos com tantas transformações?

Um artigo da Our World in Data, plataforma ligada à Universidade de Oxford, do Reino Unido, mostrou que, no geral, os pais têm passado muito mais tempo com os filhos do que no antes.

A publicação cita um estudo que comprova uma tendência geral de crescimento, em minutos, do tempo que os pais passam com os filhos por dia. A pesquisa engloba 11 países da Europa e da América do Norte. O período analisado vai de 1965 a 2010.

“Existem grandes diferenças entre os países e também grandes desigualdades entre os diferentes grupos populacionais de cada um, mas no geral as tendências seguem na mesma direção”, diz Esteban Ortiz-Ospina, pesquisador da Universidade de Oxford e autor do artigo.

Tempo que os pais passam com os filhos

O aumento na quantidade de tempo foi observado em quase todos os países analisados, tanto para mães (linhas azuis) e pais (linhas vermelhas) com nível superior de estudo ou não.

As duas exceções são a França, onde o tempo das mães diminuiu, de um nível comparativamente alto, e a Eslovênia, onde o volume de tempo que os pais com educação universitária passam com os filhos se manteve praticamente constante.

Entretanto, o estudo referenciado por Ortiz-Ospina também mostra que a desigualdade entre mães e pais na tarefa de estar com os filhos ainda é a mesma do século passado.

Em países desenvolvidos, como Reino Unido, Dinamarca e Itália, o tempo que as mães passam por dia com os pequenos chega a ser de 150 minutos – ou 2 horas e 30 minutos. Já os pais gastam pouco mais de 100 minutos – menos de 2 horas.

Mesmo com o recorte desigual, a diferença de gênero diminuiu em alguns países, como Canadá, França e Estados Unidos.

Outro ponto observado no estudo é que em todos os países existe um ‘gradiente educacional’ positivo, o que significa que pais com maior nível de instrução tendem a passar mais tempo com seus filhos.

Em muitos países, essa relação aumentou significativamente e em nenhum lugar ela diminuiu.

Atenção total ao tempo

Ortiz-Ospina atenta que, diferentemente do que muitas pessoas concluem, não é só o tempo de trabalho que influencia na atenção dos filhos.

Outras variáveis como tamanho da família, valores e normas dentro de casa também afetam a forma como os pais alocam seu tempo.

Isso pode resultar em muitos minutos ou, na contramão, quase nenhum tempo ao lado dos filhos durante o dia.

“O emprego determina os arranjos possíveis com o tempo, mas as preferências individuais e as normas sociais determinam a real alocação de tempo dentro dessas opções”, diz o pesquisador de Oxford.

O autor reforça a importância da identificação da tendência de que os pais têm passado muito mais tempo com filhos. Em um mundo onde o trabalho remoto ganhou força e se consolidou de vez, a expectativa é que cada vez mais minutos sejam dedicados à futura geração.

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