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Transparência é chave para doações no terceiro setor

Entidades sociais apoiadas pelo Safra explicam importância da informação para conquistar novos doadores

Pandemia abriu oportunidade para estreitar laços das entidades com apoiadores / Foto: Getty Images

A solidariedade foi uma das marcas positivas de 2020. A pandemia de Covid-19 despertou uma onda de solidariedade na população, levando muita gente a abraçar as causas sociais. Mas, o terceiro setor ainda tem muitos desafios pela frente, para assegurar a própria sobrevivência. Uma das tarefas é garantir a transparência sobre o destino das doações recebidas.

Esse foi um dos temas do debate virtual entre duas representantes de entidades assistenciais apoiadas pelo Safra, em comemoração ao que celebrou o Dia de Doar – 1º de dezembro. O Safra tem a filantropia como um de seus valores.

A live teve a participação de Katya Delfino e Tammy Allersdorfer, responsáveis pelas parcerias do Projeto Arrastão de desenvolvimento social, e do Graacc, de apoio às crianças com câncer. Ambas entidades atuam em São Paulo.

As profissionais destacaram o valor da onda solidária em um momento difícil como o da pandemia, e a oportunidade gerada às entidades para ampliar os laços com apoiadores e buscar mais doações recorrentes. O fator essencial para isso, disseram os participantes, é a transparência.

“Todo o movimento de cultura de doação que o Brasil passa é importante para informarmos os doadores, para que se sintam seguros e entendam que aquele dinheiro vai contribuir para a vida das pessoas”, disse Delfino, do Projeto Arrastão.

Para Tammy Allersdorfer, as entidades precisam aproveitar o momento em que as pessoas estão mais propensas a colaborar e pensar em como fidelizar as doações. “Se alguém doa R$ 10, eu preciso mostrar quantas agulhas hospitalares eu consegui comprar com o dinheiro”, afirmou.

Planejamento

O impacto que a filantropia e as doações recorrentes têm são enormes para o planejamento dessas entidades. Se pontuais, a filantropia e as doações ajudam no crescimento de longo prazo dos serviços e amparam as entidades em momentos de dificuldade financeira.

O contexto pandêmico fez com que doadores redirecionassem contribuições para o enfrentamento da covid-19. Com isso, outros serviços assistenciais ficaram em situação delicada.

O Graacc, por exemplo, projeta uma queda de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões na arrecadação total de 2020. No hospital, localizado na Vila Clementino, zona sul da capital paulista, são atendidas mais de 4 mil crianças e adolescentes por ano. Em média, os pacientes com câncer passam por um tratamento de sete anos.

O Projeto Arrastão, que desenvolve atividades no bairro Campo Limpo, também zona sul de São Paulo, atende quase 14 mil pessoas a cada ano. Com a pandemia, o número de crianças atendidas por dia na sede do projeto caiu de mil para cerca de 20.

“A gente tem necessidade todos os dias. Quando temos apenas uma doação pontual, que vai nos abastecer por um mês, temos uma deficiência nesse atendimento. Então é muito importante essa segurança da recorrência”, disse Delfino.

Filantropia, doações e informação

Nessa árdua tarefa do terceiro setor em conscientizar e buscar recursos, a informação é uma grande aliada.

Pesquisa do Datafolha divulgada em outubro do ano passado mostrou que 96% dos brasileiros tinha o desejo de ser mais solidário. Porém, muitos não sabiam como colocar a filantropia e a doação recorrente em prática.

Por isso, as entidades têm investido em maneiras de transmitir informações com mais credibilidade, seja por plataformas proprietárias ou por terceiros.

“A cultura de doação faz com que tenhamos de estar em redes sociais, pesquisas e que sejamos indicados. Há organizações hoje que indicam qual lugar é bacana para direcionar a doação”, falou Katya Delfino.

Para a responsável das parcerias do Projeto Arrastão, uma geração de doadores engajados tem se formado. O crescimento do apoio individual ao projeto vem principalmente da faixa de pessoas que tem entre 24 e 35 anos.

Ao criar um canal transparente de diálogo e informação com a sociedade, a filantropia e as doações recorrentes se tornarão muito mais constantes.

“Hoje, um terço do total de doadores do Graacc são doadores recorrentes. É aquela pessoa que está fiel à causa. Temos que mostrar como essa pequena doação é muito importante. É uma coisa em que as organizações têm responsabilidade”, disse Tammy Allersdorfer.

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