Trump ou Harris: diferenças para enfrentar os desafios econômicos
Políticas esperadas foram tema de painel na J. Safra Brazil Conference; ideias de protecionismo e impostos, por exemplo, divergem
24/09/2024
Dan Schulman e Clifford Sobel em painel da J. Safra Brazil Conference mediado por Joaquim Levy, do Banco Safra | Foto: Divulgação
Um painel da J. Safra Brazil Conference detalhou possíveis diferenças em decisões econômicas que os governos do republicano Donald Trump e da democrata Kamala Harris podem enfrentar a partir de 2025.
O debate teve participação de Brian Brooks, consultor e ex-controlador da moeda dos EUA, e Dan Schulman, ex-CEO do PayPal. A mediação foi compartilhada entre Joaquim Levy diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra, e Clifford Sobel, ex-embaixador dos EUA no Brasil e sócio-fundador da Valor Capital.
No ambiente de negócios, Dan Schulman acredita que Kamala Harris tende mais ao centro e agradar mais o mercado do que seu antecessor. “A administração de Biden fica mais à esquerda e é vista como “anti-negócios”, muito legisladora”.
Protecionismo foi a palavra usada para definir as políticas de Trump. “É republicano, portanto, é mais protecionista”, afirmou Brooks. Para o consultor, as ações do republicano devem buscar inibir que outros países, como China, Japão e Coréia do Sul, dominem mercados, como o de microchips.
A política tributária também deve ser conduzida de forma oposta pelos candidatos. Kamala tende a aumentar mais impostos para os mais ricos do que Trump – como concordaram todos os participantes.
Cenário desafiador, sinais de alerta e casas divididas
Para Brooks, apesar do mercado ver a redução da taxa de juros como algo positivo, uma inflação persistente e problemas com crédito podem gerar, entre outras coisas, desemprego nos próximos meses.
O consultor citou dados preocupantes divulgados recentemente pelo Office of the Comptroller of the Currency (OCC) e apontou que “são sinais de alerta e qualquer vencedor irá enfrentar um cenário desafiador por até 9 meses”, aponta.
Schulman concorda com o cenário completo e indicou um quadro econômico misto, lembrando o fim dos benefícios governamentais da COVID-19, salários diminuindo e agravamento de guerras no Oriente Médio, na Ucrânia e um eventual conflito entre China e Taiwan.
Por fim, o ex-CEO do PicPay disse que o governo dividido deve ser um potencial problema para o futuro presidente. “Será um governo dividido. A Câmara de Deputados deve passar a ser liderada pelos Democratas e o Senado pelos Republicanos”.
Sobre a J Safra Brazil Conference 2024
A terceira edição do megaevento do Banco J. Safra acontece nos dias 24 e 25 de setembro, no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo (SP). Serão mais de 2.500 participantes.
Em debate nos 26 painéis, que tem 60 participantes, a avaliação macroeconômica e de cenários e oportunidades para investimentos. Entre os confirmados, estão nomes como Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central; Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo; Bill Dudley, ex-presidente do Federal Reserve (FED) de Nova York; e Isaac Sidney, presidente da Febraban. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conduzirá o painel de encerramento do evento. Alguns destes painéis serão moderados por executivos do Banco Safra, como José Olympio, presidente do Banco J. Safra, e Joaquim Levy, Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Banco Safra.
O evento conta com a presença da liderança do mercado financeiro brasileiro, com a presença de investidores institucionais, empresários, empreendedores, autoridades monetárias e clientes do Banco Safra. Já estão agendadas mais de 1.000 reuniões entre investidores e cerca de 130 executivos das principais empresas brasileiras listadas em Bolsa.
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