Usiminas prepara novo reajuste do preço do aço para o segundo trimestre
Com a guerra no Leste Europeu, custos de insumos estão em alta e devem ser repassados ao mercado até junho, informou a Usiminas
20/04/2022Depois de reajustar os preços da tonelada do aço em abril, a Usiminas deve repassar no segundo trimestre as novas altas dos custos de insumos como coque, carvão e minério de ferro. Segundo o diretor comercial da companhia, Miguel Homes, a pressão dos custos com a guerra deve se manter este ano.
“O preço da tonelada em março estava em linha com o preço médio do trimestre, pois fizemos um ajuste ao longo desse período”, disse Homes. “A partir do conflito no Leste Europeu, estamos sofrendo pressão de custos que está sendo repassada para o mercado e isso terá impacto nos preços no segundo trimestre.”
Saiba mais
- Inflação medida pelo IPCA deve ser de 5,8% em 2022
- Invista com segurança e baixo valor de aplicação
- Como operar na bolsa de valores com a segurança da Safra Corretora
O executivo ressaltou que os reajustes dos contratos anuais com as montadoras realizados em março ficaram entre 50% e 60%. Esses acordos representam um terço das vendas totais da Usiminas.
“Os contratos foram fechados em março, com aumentos que fecharam alinhados com o que esperávamos”, afirmou o executivo. “O que podemos confirmar é que os aumentos foram aplicados para 80% das montadoras.”
O vice-presidente e diretor de relações com investidores da Usiminas, Alberto Ono, espera que os custos de produção para o próximo trimestre fiquem estáveis, pois o custo dos redutores, coque e carvão, está com viés de baixa.
“Nós estamos consumindo o estoque de coque e carvão que foram comprados a preço mais alto que o atual e isso vai ser um pouco contrabalanceado pelos preços das placas que vendemos”, disse Ono. “O preço dos redutores, apesar de apresentar declínio, ainda está em patamar alto”, ressaltou o executivo, acrescentando que a tonelada de redutores passou de US$ 600 para US$ 550.
Em contrapartida, o preço internacional das placas está em alta. Isso porque Rússia e Ucrânia são responsáveis por 5% da produção mundial e eram os fornecedores do mercado europeu e para os Estados Unidos. Com a guerra, esse comércio cessou, o preço subiu e abriu espaço para outros países como China, Brasil e Turquia.
Atualmente, a placa nos Estados Unidos é vendida a US$ 1,1 mil a tonelada. Já a bobina a quente tem o preço de US$ 700 na China.
Usiminas vai investir R$ 2 bi este ano
A companhia ressaltou que parte dos R$ 2,05 bilhões que serão investidos este ano na operação serão gastos na composição de estoques, principalmente de placas, para a parada de manutenção do alto-forno 3 da usina de Ipatinga no próximo ano.
“Nossa prioridade é financiar o capital de giro para o período da reforma do equipamento”, disse Ono.
O alto-forno 3 é o maior equipamento da Usiminas, com capacidade de produção de 2,3 milhões de toneladas de aço por ano. A sua reforma deve consumir investimentos de R$ 2 bilhões e pelo menos 18 meses para a conclusão dos trabalhos.
Hoje, operam na usina de Ipatinga o alto-forno 1 e o 3. O equipamento número 2 está em reforma desde setembro do ano passado, devido a um incidente durante a produção.
A volta da operação deste alto-forno, no entanto, está condicionada à uma recuperação do desempenho operacional das coquerias da usina de Ipatinga, que vêm apresentando menor disponibilidade de produção de coque em função da necessidade de realização de serviços de preservação e manutenção, disse Ono, acrescentando que o equipamento retorna em dois meses.
Ebitda da Usiminas recua no trimestre
No primeiro trimestre, a Usiminas registrou lucro líquido de R$ 1,26 bilhão, alta de 5% em relação ao mesmo trimestre de 2021. Já o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$ 1,560 bilhão período, um recuo de 36% na comparação com igual intervalo de 2021.
A receita líquida, por sua vez, foi de R$ 7,845 bilhões, alta de 11% na comparação anual, mas queda de 3% ante o último trimestre de 2021. As ações da companhia despencam e figuram entre as maiores baixas do Ibovespa nesta quarta-feira.