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Vacina russa Sputnik V tem eficácia de 91,6%

Estudo informa resultados positivos, mas Anvisa ainda pede mais informações para aprovar uso emergencial no Brasil

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Vacina russa está já está sendo usada em caráter emergencial em outros países latinos, como Argentina, Bolívia e Venezuela / Foto: Getty Images

A vacina Sputnik V, produzida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, alcançou eficácia de 91,6% contra casos sintomáticos da covid-19.

Os dados, avaliados por pesquisadores independentes, foram publicados nesta terça-feira, 2, na revista científica The Lancet.

A vacina já está sendo aplicada na Rússia e em outros países, como Argentina e Argélia. O presidente argentino Alberto Fernández já foi vacinado com a Sputnik V.

A vacina já foi autorizada em outros países, como Hungria, Sérvia, Bolívia, Venezuela, Paraguai, Belarus e Irã.

O laboratório União Química vem tentando obter autorização para produzir e distribuir a vacina russa no Brasil.

Esta semana a vacina começará a ser aplicada em 12 países: Bolívia, Cazaquistão, Turquemenistão, Palestina, Emirados Árabes Unidos, Paraguai, Hungria, Armênia, Argélia, República Sérvia Bósnia, Venezuela e Irã.

Os resultados preliminares consideram que a vacina, administrada em duas doses, mostrou grande eficácia e foi bem tolerada entre os voluntários que participaram da última etapa dos ensaios clínicos.

A proteção do imunizante se mostrou consistente entre todas as faixas etárias – dos mais jovens, acima de 18 anos, até participantes acima de 60 anos.

Anvisa avalia uso no Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) considerou os resultados uma boa notícia. Mas, sobre o pedido de uso emergencial no Brasil, a agência informou em nota que ainda são necessários mais dados para a análise da vacina no Brasil.

“Para decidir sobre a eficácia e segurança, uma autoridade reguladora precisa ter acesso aos dados completos gerados nos estudos clínicos”, apontou a Anvisa, em nota.

Outro impasse é uma diferença nas condições da vacina analisada nos estudos –na forma líquida e armazenada, a -18ºC– com o modelo que pretende ser produzido e comercializado no Brasil, entre 2ºC e 8ºC.

“É necessário saber se os resultados encontrados são extrapoláveis, ou seja, se os resultados da vacina líquida a –18ºC vale também para a vacina que a União Química quer trazer para o Brasil. Para este tipo de avaliação é necessário estudo de comparabilidade entre os produtos”, diz a agência.

Pesquisa envolveu 20 mil voluntários

A pesquisa envolveu cerca de 20 mil voluntários e mostrou que a vacina ajuda a prevenir as formas mais graves da covid-19.

Os participantes do estudo, realizado entre setembro e novembro, foram divididos em dois grupos: um recebeu duas doses da vacina e o outro, duas doses de placebo, com três semanas de intervalo.

No total, foram confirmados 78 casos de covid-19 entre os participantes a partir do 21º dia após a primeira dose: 62 entre os 4,9 mil participantes que receberam placebo e 16 casos entre os 14,9 mil que receberam o imunizante. Nenhum evento adverso grave relacionado à vacina foi registrado.

De acordo com os dados preliminares, os vacinados que desenvolveram a covid-19 tiveram formas mais leves da doença, o que sugere que a severidade do quadro pode diminuir com a imunidade conferida pela vacina. Nenhum caso grave ou moderado da doença foi registrado entre os participantes que receberam o imunizante, enquanto 20 casos foram registrados no grupo que recebeu placebo. Os dados equivalem a uma eficácia de 100% contra as formas moderada e grave da covid-19.

Cientistas independentes reconheceram que a vacina produzida pela Rússia, criticada pela velocidade do desenvolvimento e pela falta de transparência na divulgação preliminar dos estudos, teve resultado claro.

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