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Empresas de varejo e farmácia superam estimativas

Os principais destaques positivos do trimestre no setor de varejo e farmácia foram Mercado Livre, Grupo SBF, C&A, Lojas Renner e Grupo Mateus, segundo relatório do Safra

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Os varejistas farmacêuticos apresentaram resultados positivos no trimestre, com um ritmo de crescimento decente de dois dígitos | Foto: Getty Images

A temporada de resultados do segundo trimestre de 2024 terminou de uma forma positiva, com a maioria das empresas sob a cobertura do Banco Safra superando as estimativas por causa da melhoria das tendências. O banco informa que após o resultados tem uma visão mais construtiva do varejo do que no início do período, que enfrentou um cenário macroeconômico fraco e eventos exógenos como uma estação de inverno mais quente.

Os principais destaques positivos do trimestre foram Mercado Livre (MELI), Grupo SBF, C&A, Lojas Renner e Grupo Mateus, que apresentaram resultados superiores ao esperado, bem como uma boa rentabilidade e geração de fluxo de caixa. Por outro lado, os destaques negativos foram:

  • (i) Carrefour, que aumentou o volume de vendas parceladas no trimestre (impactando a rentabilidade e o fluxo de caixa);
  • (ii) Alpargatas, devido ao desempenho pior do que esperado da unidade de negócios internacional, apesar das melhores tendências no Brasil; e
  • (iii) Natura &Co, cujos resultados evidenciaram o peso negativo da Avon em seus resultados e refletiram o preenchimento de API para o Chapter 11, apesar dos resultados melhores do que os esperados para a Natura Brasil.

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Varejo e farmácia apresentam boa perspectiva para o segundo semestre

O Safra acredita que as empresas que foram os destaques positivos desta temporada devem continuar a apresentar resultados sólidos, mas o banco também aponta que algumas delas deverão enfrentar uma base de competição mais suave no 2S24, sendo o principal Lojas Renner.

Para o setor de varejo de alimentos, o Safra também espera tendências mais positivas em função da maior inflação alimentar, que deve apoiar as tendências de Vendas de Mesmas Lojas mais saudáveis.

Os varejistas farmacêuticos apresentaram resultados positivos no trimestre, com um ritmo de crescimento decente de dois dígitos semelhante ao do 1T24, porém com uma já esperada pressão sobre a margem do EBITDA a/a devido ao menor ajuste de preços a/a, o que resultou em uma pressão na margem bruta que ofuscou a alavancagem operacional sobre as despesas gerais, administrativas e com vendas.

Do lado da indústria, HYPE teve um trimestre sem brilho (como esperado) devido à base de comparação difícil, no
entanto, a gestão reforçou sua expectativa de cumprir o guidance, que é muito possível na avaliação do Safra e indica um 2S24 positivo.

Quanto a Blau, a empresa apresentou um resultado melhor do que o esperado, mas o Safra continua cauteloso com relação ao nível de margem no médio/longo prazo. Em termos de perspectivas, o banco continua a esperar um crescimento saudável para o setor com melhoria da produtividade das lojas aliada à expansão da pegada e novos produtos.

Cenário macroeconômico afeta varejo físico e e-commerce

No e-commerce, as vendas no varejo físico e e-commerce próprio continuaram a ser negativamente impactadas pelo cenário macro difícil, enquanto o GMV do marketplace continuou a crescer, apesar de as empresas terem conseguido melhorar as margens e a geração de caixa num trimestre positivo.

A Mercado Livre (MELI) foi novamente o destaque positivo do 2T24, com crescimento de receita, combinado
com forte dinâmica de fluxo de caixa impulsionada pela expansão do comércio eletrônico em todas as regiões e um sólido
desempenho de seu segmento fintech.

A Magazine Luiza (MGLU) apresentou resultados trimestrais melhores do que o esperado, principalmente em EBITDA e resultado líquido, mas o destaque foi a geração de fluxo de caixa após Capex de R$ 726 milhões dos últimos 12 meses vs.
o consumo de R$ 712 milhões dos últimos 12 meses do 2T23, confirmando o ponto de virada nos lucros, com melhor rentabilidade e dinâmica de fluxo de caixa.

Em relação à Casas Bahia, o Safra destaca os frutos do processo de turnaround, com a empresa recuperando seu nível histórico de margem bruta, enquanto também registrava uma importante melhoria no caixa das operações devido às menores necessidades de capital de giro.

Em termos de perspectivas, a MELI deve continuar se beneficiando do crescimento em suas plataformas de e-commerce e fintech, enquanto acreditamos que o 2S24 deve ser melhor para a MGLU e a BHIA, devido às bases comparáveis mais fáceis, estrutura operacional mais enxuta e melhor dinâmica de fluxo de caixa.

O trimestre foi marcado pela desaceleração das Vendas de Mesmas Lojas, apesar da aceleração da inflação alimentar, que sugere um cenário competitivo mais difícil do que o esperado.

Além disso, vale a pena notar que as parcelas de vendas (até 3x) levaram a um melhor desempenho das Vendas de Mesmas Lojas do formato Atacarejo (C&C) de CRFB (Atacadão) +7% a/a vs. +3% para ASAI e +2% para GMAT (Mix Mateus – formato C&C) também resultou em um forte consumo de caixa e pressão sobre as despesas financeiras para CRFB.

Por outro lado, a expansão da pegada (novas lojas e/ou conversões de lojas) continuou a apoiar um forte crescimento de receita para GMAT e ASAI.

As margens de CRFB, em particular, continuaram a ser negativamente impactadas pela integração do Grupo BIG. Em termos de perspectivas, não esperamos grandes mudanças no cenário.

Safra destaca pontos a serem monitorados:

  • (i) a agenda de desalavancagem de ASAI (principalmente apoiada pelo crescimento do EBITDA);
  • (ii) quão rápido a margem de CRFB melhora devido às sinergias da integração da BIG;
  • (iii) evolução do turnaround de PCAR;
  • (iv) o impacto das parcelas nas vendas nas Vendas de Mesmas Lojas, lucro líquido e fluxo de caixa (vale ressaltar que apenas a Atacadão está atualmente oferecendo essas condições e ASAI e GMAT não pretendem oferecer essa condição de pagamento).

O relatório temático do Safra analisa os impactos das parcelas nas vendas no resultado das empresas. O banco também espera que o início do 2S24 seja positivo em termos de crescimento de Vendas de Mesmas Lojas, devido à maior inflação dos alimentos e, consequentemente, a preços mais altos as vendas de vestuário do mercado popular no 2T24 surpreenderam nossos números para o alto, apesar do cenário severo de temperaturas mais altas durante a temporada de inverno.

No segmento de vestuário, a C&A continuou a superar seus pares em termos de crescimento das vendas, com crescimento de 13% a/a em Vendas de Mesmas Lojas, seguido por Guararapes com 10% e Lojas Renner com 3% (mais exposição aos produtos e regiões de inverno).

Em termos de margens, o maior volume de vendas levou a menores descontos que impactaram positivamente no trimestre, levando a ganhos na margem do EBITDA para todas as empresas que foram capazes de manter suas despesas com SG&A sob controle.

Serviços financeiros

No lado dos serviços financeiros, a Midway superou os pares, com uma contração de portfólio no ano passado mas melhor dinâmica de preços combinada com provisões mais baixas, o que levou a bater em nossas estimativas.

A Realize apresentou uma melhoria sequencial em seu EBITDA, com mais gastos controlados e menores provisões, também superando nossos números.

Para o C&A Pay, parabenizamo-nos pelo aumento da penetração do portfólio nas vendas totais, com métricas de cobertura ainda saudáveis e inadimplência saudável em novas concessões, apesar da impressão negativa devido a pior sazonalidade.

Quanto à ALPA, o 2T24 apresentou tendências semelhantes ao 1T24, com crescimento de volume no Brasil e geração de caixa melhor do que o esperado.

No entanto, as operações internacionais continuaram a ter um impacto negativo nos resultados, com um EBITDA mais baixo devido ao desempenho fraco das vendas e aos maiores gastos de marketing.

O Safra acredita que o 2T24 mostrou que os estoques continuam a se normalizar, com as vendas de sell-out no Brasil
acelerando; embora ainda acredite que as operações internacionais continuarão a pesar nos números consolidados por um tempo.

Em relação a SBF, a empresa apresentou um trimestre sólido, com expansão da margem de EBITDA e superando nossos
números, já que a lucratividade continua a compensar o investimento, e geração de fluxo de caixa maior do que o esperado levou a uma dívida líquida/EBITDA sólida de 1,0x, uma redução adicional em comparação com o número visto no 1T24 de 1,3x.

O Safra espera que o terceiro trimestre de 2024, e também o segundo semestre, apresentam um cenário positivo para as vendas e crescimento do EBITDA para Lojas Renner (LREN) e Guararapes (GUAR), já que o 2S23 apresenta uma base de comparação suave e as empresas já indicaram que o 3T24 começou em boa tendência.

A C&A deverá ter um cenário mais desafiador, pois enfrentará uma concorrência mais difícil, mas continuamos otimistas quanto aos resultados gerais devido ao que foi visto no 2T24.

Quanto à Alpargatas (ALPA), acreditamos que o Brasil deve continuar a apresentar resultados positivos com as operações internacionais ponderando os resultados.

O 3T24 do Grupo SBF deve continuar a registrar crescimento do EBITDA no ano, já que os ganhos da margem bruta devem ser o principal fator de melhoria da lucratividade, à medida que a empresa continua reduzindo o nível de remarcações.

Vestuário de luxo acessível

Vestuário de luxo acessível apresentou uma aceleração em termos de crescimento das vendas no trimestre, mas ainda abaixo dos níveis históricos. Na avaliação do Safra, esta é uma combinação de uma base de concorrência difícil dos trimestres anteriores e um cenário em que a rentabilidade é o principal foco da Azzas.

A Vivara apresentou um conjunto de resultados mais positivos em comparação com a dinâmica do 1T24, com sólido crescimento das vendas brutas, que foi menos impactado pela redução dos benefícios fiscais no ano anterior em relação aos números do trimestre passado.

Quanto à Azzas (AZZA3), empresa resultante da união da Arezzo e do Grupo Soma, o Safra considera os resultados
neutros, com ambas as empresas (Arezzo e Grupo Soma) apresentando tendências de crescimento positivo (excluindo
Hering que continua a ter um desempenho fraco no ano), com queda da margem no ano para Arezzo, devido a uma base de
comparação elevada, e uma expansão da margem de EBITDA para Soma devido ganhos de margem bruta no ano, apesar da pressão sobre os gastos gerais e despesas.

O Safra continua a acreditar que os resultados operacionais da Azzas irão partilhar o palco com questões relativas aos méritos da fusão (sinergias e custos), que consideramos positivos para a entidade combinada.

Em termos de perspectivas, o Safra continua a ver tendências de crescimento próximas ou mesmo abaixo das dos principais players, como passos de crescimento para trazer mais espaço para ganhos de lucratividade.

Para o 3T24, o Safra espera um cenário de tendências de vendas semelhante ao do 2T24 com estabilidade de margem para Arezzo e Soma.

No que diz respeito ao desempenho da Vivara, o Safra espera uma nova aceleração na tendência de vendas, conforme sinalizado pela administração, com boas perspectivas de margem à medida que a empresa continua a reduzir os impactos dos impostos mais elevados sobre as vendas.

Smart Fit reporta resultados sólidos e consistentes

O destaque principal da Smart Fit continua sendo as safras de 2022 com margem bruta de 53%, com academias de 2023 já apresentando 45% de margem no 2T24. Apesar do elevado número de +270 academias abertas nos últimos 12 meses, a companhia conseguiu manter sua margem de EBITDA acima da marca de 32% e ficou apenas 48bps abaixo do número do Safra.

O banco continua a ter uma perspectiva positiva para 2024 na sequência das aberturas de academias (com a empresa no
caminho certo para entregar seu guidance), maturação e aumento de novos membros e tickets médios.

Em termos de resultados do 3T24, a SMFT deve posicionar margens próximas do que foi visto no 2T24, com números estáveis de membros por academia devido a efeitos sazonais.

Para a Natura, o Safra vê resultados negativos, apesar do EBITDA melhor que o esperado da Natura &Co Latam, na por
conta do desempenho da Natura Brasil.

A Avon Internacional continuou pressionando os resultados com uma nova deterioração do EBITDA t/t, com baixa alavancagem operacional devido à diminuição das vendas.

O preenchimento do Capítulo 11 da API foi o destaque negativo do trimestre, com a suspensão dos estudos referentes ao spin-off da Avon Int. O Safra considera isso como um risco adicional à tese, pois:

  • (i) ainda existe a possibilidade do tribunal dos EUA rejeitar o preenchimento;
  • (ii) incerteza sobre o prazo para a conclusão da reestruturação; e
  • (iii) reduzindo a possibilidade de dividendos extraordinários no curto prazo.

Para o terceiro trimestre de 2024, o Safra ainda espera resultados positivos da Natura & Co Latam e números pressionados da Avon Internacional.

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