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Variante delta traz de volta isolamento em vários países

Disseminação rápida da variante delta surgida na Índia força diversos países a reintroduzir medidas de restrições e isolamento

Sydney

Um motorista de limusine em Sydney contaminou pelo menos 18 pessoas com a variante delta | Foto: Getty Images

A preocupação com a rápida disseminação da variante delta do novo coronavírus vem forçando um número crescente de países a reintroduzir medidas restritivas mais rigorosas.

A volta das restrições é uma tentativa de impedir que uma nova onda da covid-19 atrapalhe os esforços globais para conter a pandemia e garantir a retomada da normalidade na economia. A variante já tem casos registrados no Brasil e matou pelo menor uma pessoa – uma mulher grávida, cujo bebê sobreviveu e testou negativo para covid.

Apenas no final da semana passada, novas restrições a viagens e a atividades cotidianas foram anunciadas em países como Austrália, África do Sul e Alemanha.

Especialistas em saúde alertam que a variante delta – inicialmente identificada na Índia – está a caminho de se tornar a versão mais dominante do coronavírus em todo o mundo.

Além da Índia, países como Portugal, Reino Unido e Rússia enfrentam um novo avanço da pandemia, impulsionado pela cepa indiana – que, segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) na semana passada, já foi detectada em pelo menos 92 países.

Pelo avanço da nova cepa, a Austrália colocou em lockdown algumas das principais regiões do país. Nesta segunda-feira, 28, Sydney e Darwin, duas das principais cidades australianas, amanheceram fechadas – na primeira, o lockdown deve durar duas semanas.

Em Perth foi restabelecido o uso obrigatório de máscara e a população foi alertada sobre a possibilidade de um novo lockdown. Brisbane e Camberra também estão entre as cidades onde houve a reimposição das regras.

Motorista de limusine infectou 18 em Sydney

A maioria dos novos casos no país estão relacionados a um motorista de limusine de Sydney que testou positivo em 16 de junho para a variante delta. Ele não foi vacinado e, segundo relatos, não usava máscara. A suspeita é que ele tenha sido infectado enquanto transportava a tripulação de um voo estrangeiro do aeroporto. O estado de Nova Gales do Sul, onde fica a cidade, relatou 18 novos casos no último período de 24 horas.

O conselheiro de políticas de saúde Bill Bowtell, disse que o governo australiano precisava considerar apressar as vacinações, reduzindo o intervalo entre as doses dos imunizantes da AstraZeneca de 12 para 8 semanas. “Nós realmente enfrentamos a crise mais séria da pandemia da covid-19 desde os primeiros dias de fevereiro-março do ano passado”, disse.

Alemanha reforça controle

Na Alemanha, o Instituto Robert Koch, agência federal responsável pelos indicadores de covid-19, incluiu Portugal e Rússia entre os países da “zona com variante do vírus”, grupo sujeito a normas mais rígidas de controle, do qual também faz parte o Reino Unido.

Agora, os alemães estariam tentando banir viajantes britânicos da União Europeia, independentemente de estarem ou não vacinados contra o vírus, de acordo com publicação do jornal britânico The Times desta segunda.

De acordo com o jornal, o plano precisa ser discutido no comitê integrado de resposta à crise da UE, mas enfrentará resistência de países que costumam receber grande número de turistas britânicos no verão.

Variante delta prejudica turismo em Portugal

Em Portugal, um dos países dependentes do turismo de verão, a variante delta já é responsável por 51% dos casos de covid-19, de acordo com relatório divulgado no fim da semana passada. Um horário limite de funcionamento foi imposto a restaurantes nas regiões de Lisboa e do Algarve, onde se concentram, respectivamente, a maioria dos novos casos (71%) e o número de reprodução viral mais elevado. No fim de semana anterior, viagens com destino ou partida da região metropolitana de Lisboa já haviam sido proibidas.

O salto nas infecções no país ocorreu após a reabertura para visitantes da União Europeia e da Grã-Bretanha em meados de maio.

As medidas restritivas relacionadas a nova variante também afetaram o Brasil. Bangladesh e Taiwan incluíram o país em suas listas de “países de alto risco”. Oficialmente, só 11 casos foram confirmados em território brasileiro até o momento.

Apesar do lockdown, restrição de viagens e regras de distanciamento social serem os meios mais utilizados por autoridades de saúde ao redor do mundo para conter o avanço das infecções, alguns países impõem medidas próprias. Ao elevar o alerta da pandemia para o nível 4 – segundo mais rigoroso dentre os níveis previstos -, a África do Sul proibiu a venda de bebidas alcoólicas no país. De acordo com o presidente Cyril Ramaphosa, a proibição é necessária para aliviar a pressão sobre os hospitais trazida por incidentes de emergência relacionados ao álcool.

Além de proibir a venda de bebidas alcoólicas, a nova determinação sul-africana também impõe uma ampliação do toque de recolher e proibições de reuniões, refeições em locais fechados e algumas de viagens domésticas, pelo período de 14 dias.

Aposta na vacinação

Apesar de enfrentar um aumento de casos de covid-19 provocado pela variante delta, o governo de Israel decidiu, no domingo, não reimpor medidas mais rígidas de combate à proliferação do vírus. Israel já havia reimposto o uso obrigatório de máscaras há duas semanas, mas a principal aposta é que a alta taxa de vacinação proteja a população contra as novas variantes.

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Public Health England (PHE) mostrou que receber as duas doses da vacina – para o estudo foram considerados os imunizantes Pfizer/BioNTech e AstraZeneca/Oxford – protege efetivamente contra hospitalização pela covid-19 causada pela cepa indiana.

De acordo com o resultado apresentado, receber duas doses da Pfizer/BioNTech protege 96% contra as hospitalizações derivadas da cepa indiana, enquanto Oxford/AstraZeneca oferece uma eficácia de 92%. (AE)

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