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Venda de alimento saudável bate R$ 100 bi na pandemia

Cifra é a mais alta desde 2006, quando a venda de produtos sem glúten, de baixo teor de sódio e orgânicos passou a ser monitorado

Alimentos saudáveis em cesta nas mãos de mulher

Crescimento no consumo de alimentos saudáveis foi de 3,5%, de 2019 para 2020 | Foto: Getty Images

O consumo da categoria “alimento saudável”, que já vinha ganhando força entre os brasileiros, foi acelerado pela pandemia.

Em 2020, as vendas desses produtos – que incluem de produtos sem glúten ou com menor teor de sódio a orgânicos certificados – atingiram R$ 100 bilhões no Brasil, segundo a Euromonitor Internacional.

Foi a maior cifra para a categoria “alimento saudável” desde 2006, quando esse segmento começou a ser monitorado pela consultoria. Em relação a 2019, o avanço foi de 3,5%.

Motivação para consumir alimento saudável

O movimento também foi constatado pela RG Nutri, especializada em nutrição e alimentação.

No final de 2020, em parceria com a Tech Fit, a consultoria foi a campo para avaliar como estava a alimentação do brasileiro na pandemia.

Ouviu cerca de mil pessoas e descobriu que 78% delas começaram a ficar mais atentas à alimentação e à saúde, e que 53% estavam buscando informação sobre a função dos alimentos.

“O consumidor começou a se preocupar muito mais com a sua saúde, de maneira holística, e com todo o sistema alimentar, de forma sustentável”, afirma Heloisa Guarita, CEO da consultoria que atende grandes indústrias do setor.

Essa mudança de comportamento do brasileiro, que está mais tempo em casa e experimentou novas possibilidades, diz Heloisa, obrigou grandes e tradicionais indústrias de alimentos a reverem o seu modo de produção.

A mudança na estratégia de operação incluiu a aproximação de startups. As linhas de produtos também foram reavaliadas.

Consumo consciente

No último ano, houve crescimento do chamado consumo consciente, com a criação de novos alimentos e bebidas focados na ética e na sustentabilidade.

Estes têm a preocupação de não afetar negativamente o meio ambiente, usar embalagens sustentáveis e menos ingredientes como açúcar, gordura e sódio, segundo Naira Sato, diretora de pesquisa da consultoria Mintel.

“Em comum entre todas as macro categorias, vemos que a pandemia provocou um aumento no lançamento de produtos que falam de mais naturalidade, funcionalidade e sustentabilidade.”

As novas demandas do consumidor por alimentos sustentáveis e o crescimento acelerado das startups do setor têm pressionado a indústria tradicional de alimentos a buscar caminhos mais rápidos para inovar.

Um dos setores em que esse movimento é nítido é na indústria de carnes e de produtos lácteos, que tem lançado itens à base de plantas (plantbased, no inglês), que imitam os de origem animal.

Nos últimos dois anos, diz Heloisa, as vendas de alimentos plantbased no varejo cresceram 29%.

Só entre dezembro e janeiro deste ano, 32 produtos com esse perfil chegaram ao mercado.

Startup do setor

Um deles é o hambúrguer vegetal Futuro Burger 2030, da startup Fazenda Futuro.

Feito a partir de uma nova matriz que imita a carne bovina, a empresa diz que o produto é mais sustentável, saudável e com sabor e textura ainda mais próximos da versão animal. Esse foi o terceiro lançamento da startup nos últimos 12 meses.

Segundo Marcos Leta, sócio-fundador, a venda dessa categoria cresce, em média, acima de 150% desde maio de 2019 no Extra e Pão de Açúcar, rede varejista parceria.

Na visão de Leta, a relação de consumo, principalmente de alimentos, será outra após a pandemia.

“O nosso propósito é produzir carne sem nada de origem animal e permitir que as pessoas continuem comendo o que gostam, mas sem fazer parte de uma cadeia de impactos ao meio ambiente.” (AE)

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