Vendas do varejo caem 3,1%, a maior queda desde dezembro de 2020
Pressionado por artigos de uso pessoal, desempenho do comércio varejista recua em 24 Estados. No ano, porém, alta é de 5,1%
06/10/2021As vendas do varejo brasileiro recuaram 3,1% em agosto, na comparação com o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira, 6.
Esta é a maior queda para o comércio varejista do País desde dezembro de 2020, quando houve um tombo de 6,1%.
No ano, porém, o varejo acumula alta de 5,1%. Já nos últimos doze meses, o crescimento é de 5%.
Seis das oito atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram taxas negativas em agosto.
Nesse sentido, o destaque ruim foi para outros artigos de uso pessoal e doméstico (-16%).
Essa atividade é composta, por exemplo, pelas grandes lojas de departamento.
“Foi um setor que sofreu bastante no início da pandemia, mas se reinventou com a reformulação das suas estratégias de vendas pela internet. Isso culminou com crescimentos expressivos, principalmente em julho (19,1%) com o lançamento das plataformas de marketplace. Com muitos descontos, o consumidor antecipou o consumo em julho”, explica Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, em nota.
Também recuaram no período os seguintes setores:
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,7%)
- Combustíveis e lubrificantes (-2,4%)
- Móveis e eletrodomésticos (-1,3%)
- Livros, jornais, revistas e papelaria (-1%)
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,9%)
“Hiper e supermercados, assim como combustíveis e lubrificantes, vêm sendo impactados pela escalada da inflação nos últimos meses, o que diminui o ímpeto de consumo das famílias e empresas. A receita nominal de hiper e supermercados ficou perto de zero (0,3%) e a de combustíveis recuou 0,7%”, diz Santos.
As duas atividades que tiveram variação positiva no volume de vendas em agosto foram tecidos, vestuário e calçados (1,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,2%).
No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, o volume de vendas caiu 2,5% em agosto na comparação com julho.
A atividade de veículos, motos, partes e peças teve variação positiva de 0,7%, enquanto material de construção variou negativamente (-1,3%).
Vendas do varejo recuam em 24 unidades da federação
O comércio varejista teve resultados negativos em 24 das 27 unidades da federação em agosto frente ao mesmo mês do ano passado.
Assim, os Estados com as maiores quedas fora:
- Rondônia (-19,7%)
- Paraná (-11%)
- Mato Grosso (-10,9%)
- Acre (-10,2%)
- Santa Catarina (10,1%)
Por outro lado, os três Estados que registraram alta foram Ceará (2%), Maranhão (1%) e Roraima (0,3%).
Já no comércio varejista ampliado, a variação negativa foi seguida por 20 das 27 unidades da federação, sendo as principais
- Amapá (-9,2%)
- Paraná (-9%)
- Rondônia (-7,4%)
Na contramão, tiveram as maiores expansões o Pará (1,3%), Ceará (1,1%) e Sergipe (1,1%). O Alagoas ficou estável (0%).
Primeira taxa negativa interanual desde fevereiro
Em um ano, na comparação com agosto de 2020, o comércio varejista teve queda 4,1%, depois de cinco taxas positivas consecutivas.
Esse resultado veio dos recuos nos segmentos de móveis e eletrodomésticos (-19,8%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-9,1%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-4,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,7%).
Por outro lado, outras quatro atividades tiveram aumento no indicador interanual: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (6,5%), livros, jornais, revistas e papelaria (1,3%), tecidos, vestuário e calçados (1,0%) e combustíveis e lubrificantes (0,4%).
O comércio varejista ampliado ficou estável (0,0%), frente a agosto do ano passado, registrando alta de 16,8% na atividade de veículos e motos, partes e peças e queda de 7,1% no setor de material de construção.
“Essa é a primeira taxa interanual negativa desde fevereiro. As cinco taxas positivas anteriores refletiam a base muito baixa de comparação daquele momento de 2020”, diz Cristiano Santos.
“Apesar do recuo em agosto, o varejo está 2,2% acima do período pré-pandemia. Esse nível, porém, não é homogêneo entre os setores. Há atividades que ainda não recuperaram as perdas, como material para escritório, informática e comunicação; combustíveis e lubrificantes e tecidos; e vestuário e calçados”.